17 de abril de 2010

McFerrin une a voz humana em VOCAbuLarieS

Resenha de CD
Título: VOCAbuLarieS
Artista: Bobby McFerrin
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * 1/2

Já virou clichê dizer que a voz múltipla de Bobby McFerrin engloba todos os sons de uma orquestra. Em seu primeiro álbum em oito anos, VOCAbuLarieS, o original artista explora ao máximo o potencial da voz humana. Mas não somente a sua. Sob a batuta do produtor Roger Treece, McFerrin recrutou mais de 50 cantores ao redor do mundo para combinar as vozes deles em sete temas de tom experimental que agregam cerca de 15 idiomas. Lançado neste mês de abril de 2010, VOCAbuLarieS exige atenção e concentração para que o ouvinte possa absorver as informações dadas em seus 63 minutos e 52 segundos. Juntos, os sete temas traduzem a versatilidade da obra de McFerrin com uma mistura de elementos de jazz, pop e do que se convencionou rotular de world music. Das sete peças, Baby é o destaque com seus vocais de acento africano. Outro destaque, Brief Eternity mais parece tema extraído da trilha sonora orquestral de um filme épico. Say Ladeo flerta, sem concessões, com o pop. No todo, VOCAbuLarieS soa tão complexo quanto harmonioso. Outros artistas já exploraram o potencial da voz humana - como, por exemplo, Björk em Medúlla (2004) - mas McFerrin parece ter ido mais fundo à procura de sotaque global que una vários povos.

Núñez expõe a presença celta nos sons do Brasil

Resenha de CD
Título: Alborada
do Brasil
Artista: Carlos Núñez
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * *

Alborada do Brasil - o CD que o galego Carlos Núñez lançou em 2009 e que a Sony Music editou no Brasil em março de 2010 - cumpre sua função de expor a presença e a influência da música celta na vasta cultura brasileira. Com faixas produzidas por Alê Siqueira, Mario Caldato e Fernando Conde (este em parceria com o próprio Núñez), o álbum se vale de ritmos brasileiros - como o choro (Vou Vivendo, de Pixinguinha e Benedito Lacerda), o samba (Alvorada, parceria de Cartola, Carlos Cachaça e Hermínio Bello de Carvalho - ouvida na voz de Wilson das Neves) e o xote (Xotes Universitários, título dado ao medley que agrega vários sucessos nordestinos) - para ressaltar afinidades entre o cancioneiro celta e a música produzida no Brasil. A gaita de fole é o instrumento que mais bem evidencia essa eventual irmandade. Não por acaso, a faixa que se ajusta com mais perfeição ao conceito do disco é Gaita, tema composto por Radamés Gnattali (1906 - 1988) a partir de poema de Augusto Meyer (1902 - 1970), historiador e folclorista de raiz modernista, vinculado ao mesmo Sul do Brasil que gerou Adriana Calcanhotto, intérprete da faixa. Alborada do Brasil mostra também que a música de Milton Nascimento e Fernando Brant - no caso, Ponta de Areia, tocada no disco pelo grupo The Chieftains - também pode evocar os sons da Irlanda. Da mesma forma que o baião de Luiz Gonzaga (1912 -1989) também pode ter algo de celta em sua formação. Até a Bahia põe seu baticum no caldeirão galego na faixa Padaria Elétrica da Barra, parceria de Brown (intérprete convidado do tema) com Alê Siqueira e Carlos Núñez. Enfim, Alborada do Brasil - que mistura rap e a voz de Fernanda Takai em Alborada de Rosalía, melodia tradicional musicada pela poetisa Rosalía de Castro (1837 - 1885) - é projeto original cujo conceito é esmiuçado no detalhado texto do encarte que situa cada uma das 13 faixas, provando que são reais as afinidades entre a cultura celta e a miscigenada música do Brasil. Deve ser ouvido!!

Hiperativo realça elo do Strike com padrão teen

Resenha de CD
Título: Hiperativo
Artista: Strike
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * 1/2

"Se eu bombar meu site na internet, você vai me amar / Vou tocar no teu rádio até você cansar", avisa, num tom de ameaça, o cantor do Strike, Marcelo Mancini Almeida, nos versos críticos de A Tendência, o apropriado primeiro single do segundo álbum do grupo formado em Juiz de Fora (MG) em 2003. Sim, por transitarem pelo pop rock sem descartar os códigos do emo, músicas como Pra Ser um Só, Dogtown Style e Te Descartar É o Vício têm mesmo potencial para tocar em algumas rádios até cansar o público teen a que elas - tanto as músicas como as rádios que tocam temas do gênero - se destinam. Hiperativo é CD moldado para a geração Malhação que se habituou a ouvir bandas como o NX Zero. A diferença deste segundo disco para o antecessor Desvio de Conduta (2007) é que a produção de Rick Bonadio ajusta o som do Strike ao formato que impera nas rádios e na filial brasileira da MTV. Com exceção da faixa No Veneno, pilotada por Rafael Ramos e pela dupla - Diogo M. e Tuta - que produziu o primeiro álbum da banda. Entre rocks e baladas, como Com ou Sem Você, o Strike faz o som que se espera dele e reforça o elo com o padrão MTV. Som raso, cheio de clichês instrumentais, só que - infelizmente - em sintonia com o público que mais consome pop rock atualmente no Brasil. É pena!!

Timóteo reitera passionalidade 'kitsch' em disco

Resenha de CD
Título: Obrigado São
Paulo Obrigado Brasil
Artista: Agnaldo Timóteo
Gravadora: Som Livre
Cotação: * *

Para festejar em 2010 seus 45 anos de carreira, iniciada com a edição do LP Surge um Astro (Odeon, 1965), Agnaldo Timóteo negociou com a Som Livre a distribuição do álbum que gravou em 2009 por conta própria. Artista e político de posições controvertidas, Timóteo volta ao disco com a passionalidade kitsch que caracteriza sua obra fonográfica. Já perceptível, aliás, no título populista Obrigado São Paulo Obrigado Brasil, extraído da inédita música Obrigado São Paulo, composta por Luiz Vieira para saudar a maior cidade brasileira, metrópole que abriga imigrantes com o mineiro Timóteo, natural de Caratinga. O CD soa coerente com a trajetória do cantor - e seria inútil esperar alguma mudança de rota à essa altura. A voz volumosa já perdeu o viço, mas ainda soa firme neste passeio kitsch por sucessos de Maysa (Meu Mundo Caiu) e Cauby Peixoto (Conceição). Não se trata de projeto retrospectivo, mas a dose de inéditas é mínima. Entre bons temas do cancioneiro popular como Porque Chora a Tarde? (sucesso de Antonio Marcos) e Que Queres Tu de mim? (uma das parcerias mais conhecidas de Jair Amorim e Evaldo Gouveia, compositores recorrentes na ficha técnica), Timóteo regrava Meu Grito, presente lhe dado em 1967 por Roberto Carlos, de cujo repertório romântico pesca esquecida balada, Nosso Amor (1977), parceria de Eduardo Ribeiro com Mauro Motta, recrutado por Timóteo para produzir o disco. Pontuados por vocais de tom over, os arranjos são convencionais como este álbum que traz Agnaldo Timóteo de volta ao mercado fonográfico.

16 de abril de 2010

Sony celebra Roberto por 100 milhões de discos

"Em 50 anos, este homem atravessou geração após geração e se reinventou com criatividade tanto como cantor quanto como compositor, chegando a 100 milhões de discos. Para nós da Sony Music, e para toda a indústria fonográfica mundial, é um sucesso fantástico". Com tais palavras, ditas na homenagem prestada pela Sony Music esta semana em Nova York (EUA) a Roberto Carlos por conta dos alegados 100 milhões de discos vendidos pelo Rei em suas cinco décadas de carreira, o presidente da Sony Music Entertainment International, Richard Sanders, tentou sintetizar a trajetória fenomenal do artista no Brasil e no mercado de música hispânica. Fenômeno ainda não explicado a contento por nenhum crítico musical. Talvez até porque não haja explicação plausível para o carisma de um cantor, a força do repertório de um bom compositor popular e a comunhão afetiva que se estabelece - sem critérios racionais - entre o público e o artista que possua tais atributos. Roberto Carlos sempre os teve, com fartura. Carisma, voz (extremamente afinada, de emissão perfeita) e um cancioneiro popular de ótimo nível - apesar da evidente queda de qualidade observada a partir da segunda metade dos anos 80 - são atributos valiosos que ajudam a entender os números superlativos que cercam a carreira de Roberto Carlos. Mas nem eles são suficientes para justificar a adoração do público pelo compositor. A comunhão entre o Rei e seus súditos passa pelo subconsciente e por uma afinidade de valores que extrapolam o campo puramente musical. De certa forma, o autor de Jesus Cristo e Como É Grande o meu Amor por Você sempre encarnou o bom moço. O rapaz bem-intencionado (e algo triste) que acredita no amor e em Deus. Que fala de sexo sem ultrapassar os limites impostos pela moral social. Mesmo na sua fase jovem, nas efervescentes tardes dominicais, Roberto já tinha esses românticos valores embutidos em sua figura e em sua música. Tanto que conseguiu fazer de forma perfeita a transição desse mundo jovem para a fase adulta. Lá se vão 51 anos de carreira. A acomodação já rege a trajetória de Roberto Carlos, hoje já a caminho dos 70 anos, mas nada lhe tira o mérito de ser a voz mais popular da música brasileira nestas cinco décadas. E os alegados 100 milhões de discos vendidos nada mais são do que a tradução em números de um reinado inabalável.

Stones lançam sobra de 'Exile' no 'Record Day'

Uma das músicas inéditas que sobraram das sessões de gravação do álbum duplo Exile on Main Street, editado pelos Rolling Stones em 1972, Plundered my Soul vai ser lançada pelo grupo num disco de vinil de tiragem limitada. A edição especial do vinil vai ser vendida apenas no Record Store Day, a ser festejado neste sábado, 17 de abril de 2010, no Reino Unido. Plundered my Soul é uma das dez faixas-bônus da reedição especial de Exile on Main Street que a Universal Music põe nas lojas a partir de 17 de maio.

Ozzy lança 10º álbum, 'Scream', em 14 de junho

Scream - e não Soul Sucker, como divulgado em dezembro de 2009 - é o título do 10º álbum solo de Ozzy Osbourne. Com músicas inéditas como Fearless, I Want It More, Let It Die, Crucify, Time e I Love You All, Scream tem lançamento agendado para 14 de junho de 2010. O primeiro single é Let me Hear You Scream, a faixa que inspirou o definitivo título do disco. Produzido por Ozzy com Kevin Churko, o sucessor de Black Rain (2007) é o primeiro CD gravado pelo ex-vocalista do grupo Black Sabbath com Gus G, novo guitarrista de sua banda.

Collins volta no tempo e regrava hits da Motown

Phil Collins revolve suas memórias afetivas em seu próximo álbum, Going Back. Trata-se de projeto de covers de sucessos de artistas lançados pela gravadora Motown, um dos berços do soul e do r & b gravados nos anos 60 e 70. Girl (Why You Wanna Make me Blue?) - hit do grupo The Temptations - e Standing in the Shadows of Love, do grupo Four Tops, estão entre as músicas revividas por Collins sem intenções modernosas. O cantor, compositor e baterista inglês recrutou três integrantes dos Funk Brothers - os músicos que atuavam nos estúdios da Motown, acompanhando vários artistas da gravadora - para reproduzir o som e o clima dos hits que, de acordo com Collins, foram a trilha de sua adolescência. Going Back vai ser lançado ainda em 2010.

Caixa embala todas as 75 gravações de Dolores

Lançada esta semana pela EMI Music, a (oportuna) caixa Os Anos Dourados de Dolores Duran embala, em seis CDs, todas as 75 gravações feitas por Dolores Duran (1930 - 1959) entre 1951 e 1959. Na caixa idealizada por Rodrigo Faour, há os quatro álbuns oficiais da compositora que era ótima cantora - Dolores Viaja (1955), Dolores Duran Canta para Você Dançar (1957), Dolores Duran Canta para Você Dançar 2 (1958) e Esse Norte É Minha Sorte (1959) - e duas coletâneas póstumas, Estrada da Saudade (1960) e A Noite de Dolores Duran (1960). Aos seis títulos, soma-se o CD duplo O Negócio É Amar, que reúne gravações - por vários intérpretes - das 28 músicas da obra autoral de Dolores que não chegaram a ser gravadas pela compositora. Dois registros foram feitos para o box.

15 de abril de 2010

'Fool's Day' marca retorno do Blur aos estúdios

Fool's Day é o nome da música que trouxe o grupo britânico Blur de volta aos estúdios com sua formação integral após hiato de sete anos. Feita no início de abril de 2010 para o Record Store Day (a ser celebrado no Reino Unido no próximo sábado, 17 de abril), a gravação é a primeira de estúdio feita por todos os integrantes da banda desde Battery in your Leg, faixa do álbum Think Tank, editado em 2003. Fool's Day vai ser editada num vinil de sete polegadas, de tiragem limitada a mil cópias. A venda do vinil vai ser feita na rede independente de lojas de discos do Reino Unido.

Prêmio de Música homenageia Ivone em 2010

Dona Ivone Lara é a homenageada da edição de 2010 do Prêmio da Música Brasileira. A cerimônia de entrega dos troféus está agendada para 11 de agosto em show-tributo no Theatro Municipal do Rio de Janeiro que vai celebrar a obra de Dona Ivone - vista à direita em foto de Mauro Ferreira - com a presença da compositora e de artistas convidados para dividir o palco com a autora de Sonho Meu e Alvorecer. Idealizador do evento, José Maurício Machline anunciou que o Prêmio da Música Brasileira vai contar em 2010 com o patrocínio da empresa Vale.

Eminem muda título de disco que sai em junho

Recovery é o novo título do álbum que Eminem vai lançar em 22 de junho de 2010. A ideia original era de que o disco se chamasse Relapse 2 por ter sido planejado como sequência de Relapse, o álbum que o rapper norte-americano lançou em 2009. "Ao trabalhar e gravar com outros produtores, a ideia de uma sequência de Relapse começou a fazer cada vez menos sentido para mim. A música de Recovery se tornou bem diferente da de Relapse - e eu achei que o disco merecia ter seu próprio nome", justificou Eminem, que gravou Recovery com produtores como DJ Khalil, Just Blaze, Jim Jonsin e Boi-1da, entre outros nomes da competitiva cena de hip hop dos Estados Unidos.

Em cena, Luiza exibe devoção aos ritos do palco

Resenha de Show
Título: Devoção
Artista: Luiza Dionizio (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 14 de abril de 2010
Cotação: * * * *

Em show (extremamente) bem amarrado, Luiza Dionizio mostrou que também é fiel devota dos ritos do palco. Sua luminosa única apresentação no Teatro Rival (RJ), na noite de 14 de abril de 2010, põe a cantora carioca no time das intérpretes que aliam boa voz a uma bela presença cênica. O show Devoção fez crescer o repertório do recém-lançado CD homônimo. Tal como a seleção do disco, o roteiro jamais patina na obviedade. Luiza resistiu à tentação de incluir sucessos batidos do samba para se comunicar com mais facilidade com a plateia. A linha afro costura o roteiro - aberto com a Prece a Oxum que remete ao envolvente samba Prece a Xangô (Nelson Rufino e Zé Luiz do Império) feita já no bloco final - que foi regido também pela participação realmente especial de Fátima Guedes em Santa Bárbara (com gestual e vocal fortes) e Lua Brasileira, músicas da lavra sensível da compositora.
Já em um dos números iniciais, Conceição da Praia (Luiz Carlos Máxima), Luiza rodopiou pelo palco do Rival e expôs sua vivaz presença cênica. Além de exaltar a verdadeira devoção ao samba, o link de Alma (Ratinho) com Pintura sem Arte (Candeia) revelou o perfeito encadeamento do roteiro. Que fez ressoar os tambores de Minas para linkar Reis e Rainhas do Maracatu (Novelli, Fran, Milton Nascimento e Nelson Ângelo) a Rainha Negra, o tema em que Moacyr Luz e Aldir Blanc celebram a figura ancestral de Clementina de Jesus (1901 - 1987), a mãe Quelé. Como o disco Devoção, o show reiterou a beleza do samba Tempos Depois (Wanderley Monteiro e Nelson Rufino), destaque do repertório. Já Pensando Bem (João de Aquino e Martinho da Vila) ganhou mais densidade no palco. Com as palmas da platéia, a cantora mergulho na cadência meio baiana de Mar de Jangada, parceria de Evandro Lima com o mesmo Toninho Nascimento que fez (com Romildo) Fuzuê, lado B do repertório de Clara Nunes (1942 - 1983) que ressurge imponente na voz de Luiza. Que, devota de Luiz Carlos da Vila (1949 - 2008), dedicou bloco ao um dos mais ilustre poetas do samba. A cantora recitou alguns versos de Além da Razão (Sombrinha, Sombra e Luiza Carlos da Vila), emocionou ao se emocionar com as cores poéticas de Arco-Íris (Luiz Carlos da Vila e Sombrinha), se envolveu nos Braços de Lã (Luiz Carlos da Vila) e saudou o bairro de ambos, a Vila da Penha, na romantizada Vila do meu Coração (em que os versos do saudoso Luiz e do xará Luiz Carlos Máximo superam muito a melodia). No fim, Festa da Gente (Wanderley Monteiro e Adalto Magalha) reiterou a comunhão que uniu artista, banda e público em torno da devoção ao bom samba.

14 de abril de 2010

Luiza Dionizio recebe Fátima Guedes em show

Compositora que foi se revelando uma intérprete cada vez mais expressiva ao longo de suas três décadas de carreira, Fátima Guedes - vista acima em fotos de Mauro Ferreira - foi a convidada do primoroso show Devoção, apresentado pela cantora carioca Luiza Dionizio no Teatro Rival, no Rio de Janeiro (RJ), na noite desta quarta-feira, 14 de abril de 2010. Fátima entrou em cena após a introdução impactante de Santa Bárbara, música de sua autoria lançada por Beth Carvalho em 1991 no álbum Intérprete. Com a força dos tambores e de seu gestual, Luiza apresentou a composição como evocação afro à santa, preparando a aparição de Fátima no palco do Rival. Tamanha foi a devoção com que as artistas saudaram Santa Bárbara que o número seguinte - o samba Lua Brasileira, lançado por Fátima em 1995 no disco Grande Tempo - não teve o mesmo impacto na plateia. Ainda assim, a participação de Fátima Guedes valorizou o show de Luiza Dionizio.

Lady Gaga lança em maio disco com 17 remixes

A cantora Lady Gaga vai lançar em 10 de maio de 2010 um CD com 17 remixes de músicas de seus álbuns The Fame (2008) e The Fame Monster (2009). Intitulado The Remix, o disco conta com a participação de Marylin Manson numa das novas versões da música Love Game. O duo Pet Shop Boys e o produtor Stuart Price estão entre os nomes que assinam remixes dos hits de Gaga (há seis músicas com dois remixes). Eis as 17 faixas do disco:
1. Just Dance - Richard Vission Remix
2. Pokerface - LLG vs GLG Radio Mix Remix
3. Love Game - Chew Fu Remix (com Marilyn Manson)
4. Eh Eh - Frankmuzik Remix
5. Paparazzi - Stuart Price Remix
6. Boys Boys Boys - Manhatten Clique Remix
7. The Fame - Glam As You Remix
8. Bad Romance - Starsmith Remix
9. Telephone - Passion Pit Remix
10. Alejandro - Sound of Arrows Remix
11. Dance in the Dark - Monarchy Remix
12. Just Dance - Deewaan Remix
13. Love Game - Robot to Mars Remix
14. Eh Eh - Pet Shop Boys Remix
15. Pokerface - Live from the Cherrytree House
16. Bad Romance - Grum Remix
17. Telephone - Alphabeat Remix

'Cantos e Contos' evidencia a pluralidade de Zizi

Resenha de DVDs
Título: Cantos & Contos 1 e 2
Artista: Zizi Possi
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

Em 2008, Zizi Possi celebrou seus 30 anos de carreira - tomando como ponto de partida a gravação, em 1978, de seu primeiro LP, Flor do Mal - com o requinte que caracteriza sua discografia do álbum Sobre Todas as Coisas (1991) em diante. De 11 de março a 27 de maio daquele ano de 2008, a cantora apresentou uma série de 12 shows na íntima casa Tom Jazz, em São Paulo (SP). Em que pesem algumas interseções nos roteiros das 12 apresentações, os shows Cantos & Contos - dirigidos por José Possi Neto, irmão de Zizi - tiveram conceitos, repertórios e convidados diferentes. Uma forma de escapar do retrospecto corriqueiramente feito por artistas para festejar efemérides do gênero. Para quem não pôde ver os shows, a festa das três décadas de carreira de Zizi se estende nos dois DVDs ora lançados pela gravadora Biscoito Fino - à venda de forma avulsa - com 36 números que resumem o espírito de confraternização e a emoção reinantes nos 12 shows. E que, sobre todas as coisas, evidenciam a pluralidade do canto de Zizi Possi, irretocável nesse passeio chique por cancioneiro de vários ritmos e latitudes. Maestria já evidenciada na abertura do Cantos & Contos 1, feita com Vira Moenda (Elza Soares Mendes), tema do folclore maranhense que Zizi entoa num registro quase a capella.
Cantos & Contos 1 reúne duetos com Alceu Valença, Alcione, Edu Lobo, João Bosco e Roberto Menescal. São encontros em que Zizi mergulha no universo dos convidados, sem a preocupação de cantar uma espécie de greatest hits dos 30 anos de carreira. Com Alceu, ela voa na altura de Sabiá (Luiz Gonzaga e Zé Dantas) e encara os lamentos mais densos de Na Primeira Manhã (Alceu Valença), mostrando que a técnica exemplar de seu canto não empana a emoção, latente também em Pra Dizer Adeus, primeiro dos três números feitos na presença embevecida de Edu Lobo. Único convidado com o qual Zizi já vinha dividindo os palcos nos últimos anos, Lobo expressa a admiração sincera pela cantora, que encara a complexidade de Lábia (Edu Lobo e Chico Buarque) com a mesma naturalidade e leveza com que deita e rola no ritmo ágil de Upa Neguinho (Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri). Ao brilho da voz metálica, alia-se o suingue que abunda também em Nega do Cabelo Duro (Rubens Soares e David Nasser), número solo em que Zizi dá banho na divisão. No mesmo clima suingante, Gostoso Veneno (Wilson Moreira e Nei Lopes) é o ápice do encontro com Alcione, intérprete original do samba lançado em 1979. Com a Marrom, a cantora evoca também - com passione - a porção italiana de sua obra em Grande, Grande, Grande (no volume 2, há Senza Fine). Sozinha, Zizi celebra Alcione à sua moda, dando tom cool a Sufoco (Chico da Silva e Antonio José) - grande sucesso da Marrom em 1978 - sem deixar de expressar toda a melancolia contida nos versos do tema. Entre velha bossa (Dindi e O Barquinho - com a guitarra de Roberto Menescal, o produtor que lhe abriu as portas da gravadora Philips em 1978) e os sambas de João Bosco (Bala com Bala e Incompatibilidade de Gênios - com a voz e o violão do parceiro de Aldir Blanc neste dois clássicos dos anos 70), Zizi canta Cartola (As Rosas Não Falam) e Dorival Caymmi (Milagre, com João Bosco) em um amplo leque estilístico que abre - sempre - harmonioso no Cantos e Contos 1.

Ligeiramente menos sedutor do que o primeiro volume, Cantos & Contos 2 abre com a valsa Luiza (Tom Jobim), pretexto para o encontro emocionado de Zizi com Luiza Possi. Mãe e filha - esta uma cantora em nítida evolução - se enternecem mutuamente no clima lúdico de João e Maria (Sivuca e Chico Buarque). Na sequência do dueto, Tudo a Ver (Jorge Vercillo) se mostra a música menos inspirada do fino cancioneiro. Que inclui Sentado à Beira do Caminho (Roberto e Erasmo Carlos), Caminhos do Sol (Herman Torres e Salgado Maranhão) - um raro hit radiofônico da Zizi dos anos 80 incluído na seleção que, talvez por isso mesmo, logo ganhe o coro espontâneo da plateia - e Nada pra mim (John Ulhoa). Três números individuais que se destacam entre as 18 faixas, em especial a balada do Pato Fu que fez sucesso na voz de Ana Carolina. Aliás, quanto aos convidados, a própria Ana Carolina é presença luminosa no samba Bom Dia (Swami Jr. e Paulo Freire) - em que canta e toca seu pandeiro todo particular - e mostra que é sempre uma grande cantora quando usa sua voz potente na medida certa, como no medley que une Carvão (Ana Carolina) e Quem É Você (Lyle Mays e Luiz Avellar). Já a participação de Ivan Lins deixa a sensação de que poderia ter sido mais bem compilada no DVD. Ivan toca seu piano enquanto Zizi mergulha no universo denso de Alfonsina y el Mar (Ariel Ramirez e Félix Luna) e relê com a anfitriã seu Bilhete (Ivan Lins e Vítor Martins) - dueto já criado em gravação ao vivo feita por Ivan em 2005. Mais surpreendente é a participação de Eduardo Dussek, compositor recorrente na fase inicial da discografia de Zizi Possi. Foi na voz de Zizi que Eu Velejava em Você se tornou conhecida e, não por acaso, a música é revivida em Cantos & Contos. Com Dussek tocando seu piano blueseiro, a intérprete entoa Cantando no Chuveiro. E leva o compositor, alegre, a brincar com os versos de Desafinado (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça). No todo, a seleção eclética de convidados e músicas é unificada pela voz de Zizi. E tudo faz sentido neste Cantos & Contos, como mostram os dois bons documentários exibidos nos extras. É luxo!!

Dominguinhos no retrato de Menotti & Fabiano

Nas lojas via Universal Music a partir de 27 de junho de 2010, o quinto álbum da dupla César Menotti & Fabiano, Retrato - Ao Vivo no Estúdio, conta com adesão de Dominguinhos na faixa Kid Lampião. Puxado pelo single Labirinto, o disco inclui entre suas 16 músicas a regravação da bela Esperando Aviões, uma das mais tristes canções de Vander Lee, conterrâneo da dupla criada em Minas Gerais. Retrato foi gravado ao vivo - com a presença de 40 fãs de Menotti & Fabiano - nos estúdios dos grupos Jota Quest (Minério de Ferro, BH) e Skank (Máquina, BH). Imigrante, O Vento, Admita e Deixa o Sol Entrar são faixas do CD.

Scissor Sisters lança CD 'Night Work' em junho

Terceiro disco do grupo norte-americano Scissor Sisters, Night Work tem lançamento agendado para 28 de junho de 2010. Um pouco antes, em 20 de junho, a banda apresenta o single Fire with Fire. Por ora, outro single - Invisible Light - pode ser ouvido no site oficial do grupo. O sucessor de Ta-Dah (2006) tem co-produção de Stuart Price, piloto do penúltimo CD de estúdio de Madonna, Confessions on an Dance Flor (2005). Eis as faixas do álbum:
1. Night Work
2. Whole New Way
3. Fire with Fire
4. Any Which Way
5. Harder You Get
6. Running Out
7. Something Like This
8. Skin This Cat
9. Skin Tight
10. Sex and Violence
11. Night Life
12. Invisible Light

João Sabiá finaliza o álbum 'My Black, my Nega'

Cantor e ator carioca projetado em 2004 na terceira edição do programa Fama (o reality show musical exibido pela Rede Globo entre 2002 e 2005), João Sabiá finaliza seu segundo disco solo, My Black, My Nega. O sucessor de Pisando de Leve (2006) contabiliza 12 faixas inéditas e autorais. Sabiá - visto acima no estúdio em foto de Fabiane Pereira - assina a produção e direção do CD em parceria com o baixista Léo Guimarães. A intenção do artista é evocar os grooves dos anos 70 em repertório que passeia por samba-rock, funk e soul. A faixa Samba de Leve já está em rotação em algumas rádios. Gravado com os músicos do grupo 5 no Brinco, o álbum tem lançamento agendado para maio de 2010.

13 de abril de 2010

A capa e as faixas do primeiro CD solo de Sandy

Esta é a capa de Manuscrito, o primeiro disco solo de Sandy, nas lojas a partir de 7 de maio de 2010 no formato de CD e em edição dupla que traz um DVD com o documentário Tempo, dirigido por Fernando Andrade. Os designers Samuel Leite e Leandro Jorge assinam o projeto gráfico, que inclui fotos de Paschoal Rodriguez. A capa foi divulgada pela gravadora Universal Music nesta terça-feira, 13 de abril. Eis as 13 músicas autorais do CD solo de Sandy:
1. Pés Cansados
2. Quem Eu Sou
3. Tempo
4. Ela / Ele
5. Dedilhada
6. Sem Jeito
7. Duras Pedras
8. O Que Faltou Ser
9. Perdida e Salva
10. Dias Iguais - com Nerina Pallot
11. Mais um Rosto
12. Tão Comum
13. Esconderijo

Vidal produz terceiro CD de Kessous para Sony

Cantora e compositora carioca em ascensão na cena musical, Monique Kessous finaliza seu terceiro CD no Rio de Janeiro (RJ) com produção de Rodrigo Vidal. O álbum vai ser editado pela gravadora Sony Music neste ano de 2010. Kessous debutou no mercado fonográfico em 2007 com Liverpool Bossa, disco produzido por Roberto Menescal em que cantava sucessos dos Beatles em ritmo de bossa nova. Mas foi com o segundo CD, Com Essa Cor (2008), que Kessous conseguiu alguma projeção na mídia. A faixa-título entrou na trilha sonora da novela Ciranda de Pedra (2008) antes mesmo do lançamento do CD. Em 2009, a toada Pitangueira foi escutada na trilha sonora da novela Paraíso.

Ivete confirma Morrison e Jorge no DVD de NY

Depois de Juanes, astro do pop colombiano, foi a vez de James Morrison confirmar presença na gravação do DVD de Ivete Sangalo no Madison Square Garden, em Nova York (EUA), em 4 de setembro de 2010. Morrison é o cantor britânico que despontou em 2006 com You Give me Something, o primeiro single de seu álbum Undiscovered (2006). Detalhe: tanto Morrison quanto Juanes pertencem ao elenco da gravadora de Ivete, a Universal Music. Outro convidado do show da cantora - vista em foto de Cacau Mangabeira - é Seu Jorge, brasileiro de visibilidade global por conta de sua participação como ator em filmes como Cidade de Deus. Os ingressos para a gravação já estão à venda pela internet.

Paulão produz o terceiro CD de estúdio de Cozza

O terceiro álbum de estúdio da paulista Fabiana Cozza vai ser pilotado pelo carioca Paulão Sete Cordas, produtor que vem trabalhando com nomes como Ivone Lara e Teresa Cristina. A ideia do produtor é aproveitar na gravação os músicos da banda de Cozza e juntá-los a alguns bambas do Rio de Janeiro (RJ). Ainda em fase de pré-produção, o CD de Cozza vai ser lançado até o fim de 2010.

'Rebirth' prende Wayne à mistura de rock e rap

Resenha de CD
Título: Rebirth
Artista: Lil' Wayne
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * 1/2

Previsto para ter sido lançado em abril de 2009, o álbum roqueiro do rapper Lil Wayne, Rebirth, foi efetivamente editado - após sucessivos adiamentos - em fevereiro de 2010. Sem as alardeadas presenças de Lenny Kravitz e do grupo Fall Out Boy. Mas com a prometida fusão de rock e rap - mistura que, embora já batida, volta e meia funciona se os ingredientes forem bem combinados. No caso de Rebirth, a batida soa até envolvente em uma ou outra faixa, como Da Da Da, mas, no todo, o sétimo álbum de estúdio de Lil Wayne soa aquém do histórico do rapper, que já lançou CDs mais aclamados como o anterior Tha Carter III (2008). Guitarras pontuam temas como American Star, uma das três faixas em que figura a cantora Shanell Aka Snl (as outras são Runnin e Prom Queen, o single lançado em janeiro de 2009). Sintomaticamente, a faixa de maior peso em Rebirth, Drop the World, conta com os versos de Eminem - este, sim, com maior propensão ao posto de rockstar. Wayne - enjaulado desde 8 de março de 2010 em cadeia de Nova Orleans (EUA) para cumprir sentença de um ano por porte de arma - se prende à fusão de rap e rock com clichês. Houve muita pretensão e pouca inventividade...

Sai no Brasil gravação de West no 'Storytellers'

Em 28 de fevereiro de 2009, o canal de TV VH1 transmitiu a gravação ao vivo de Kanye West no tradicional programa Storytellers. O registro foi lançado quase um ano depois, em 5 de janeiro de 2010, em edição dupla que agrega CD e DVD. Ora lançado no mercado brasileiro via Universal Music, no formato duplo, Kanye West VH1 Storytellers apresenta nove números no CD e 13 no DVD. O áudio, contudo, é 2.0. No roteiro, o rapper norte-americano passeia pelo repertório de seus quatro álbuns. O registro ao vivo serve como aperitivo enquanto não chega o quinto álbum de West, supostamente intitulado Good Ass Job e em fase final de produção no estúdio do astro no Havaí.

12 de abril de 2010

Supergrass revela que vai se dissolver em junho

Formado em 1993 e projetado na mesma onda de BritPop que elevou Blur e Oasis às paradas, ao longo dos anos 90, o grupo inglês Supergrass anunciou seu fim. A dissolução da banda foi revelada nesta segunda-feira, 12 de abril de 2010, em comunicado oficial no qual os músicos afirmam que continuam se amando, creditando a separação amistosa às "diferenças musicais". A saída de cena está programada para junho, depois dos quatro shows agendados na Inglaterra e na França. Em 17 anos de carreira, o Supergrass gravou seis álbuns de estúdio. Um sétimo CD chegou a ser preparado, mas, por ora, o grupo não revela se o sucessor de Diamond Hoo Ha (2008) chegou a ser efetivamente gravado e se vai ser lançado em algum momento, antes ou depois do seu fim.

Dudu vai gravar inéditas sob produção de Rildo

Dudu Nobre vai entrar em estúdio no segundo semestre de 2010 para gravar álbum de inéditas. A produção vai estar a cargo de Rildo Hora. O último excelente disco de inéditas do sambista, Festa em meu Coração, foi lançado em 2005 pela gravadora Sony Music e não obteve a repercussão a que fazia jus. Logo na sequência, Dudu migrou para a Universal Music - companhia em que editou dois projetos especiais, um com regravações de sambas-enredo (já o outro foi o seu segundo DVD e CD ao vivo).

'Chico Violão' rebobina cancioneiro de Buarque

Após revisitar o repertório de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) no CD Jobim Violão, Arthur Nestrovski se volta para o cancioneiro de Chico Buarque em Chico Violão, disco editado pela gravadora Biscoito Fino neste mês de abril de 2010. As 15 músicas foram formatadas em arranjos para violão solo. Com obras-primas como Tatuagem (1973), Beatriz (1983) e Futuros Amantes (1993), a seleção de Nestrovski abrange período que vai de 1972 (Soneto) a 2005 (Embebedado e Porque Era Ela, Porque Era Eu - tema feito pelo compositor para a trilha sonora do filme A Máquina que foi lançado em disco na coletânea Chico no Cinema). Os arranjos ouvidos em Chico Violão são baseados nas partituras do livro Cancioneiro Chico Buarque, editado em 2008 pela Jobim Music. CD já está à venda.

Pato Fu grava 10º álbum como 'projeto especial'

Após três anos dedicados à gravação e divulgação de seu primeiro CD solo, Onde Brilhem os Olhos seus (2007), Fernanda Takai retomou seu trabalho com o Pato Fu. O grupo grava seu décimo álbum no estúdio de Takai e John Ulhoa em Belo Horizonte (MG). Trata-se - na definição da banda - de um "projeto especial", cujo conceito vem sendo mantido em sigilo pelos músicos do Pato Fu.

Roberta canta com Nando em 'Varrendo a Lua'

Puxado pela faixa O Mundo Inteiro, o segundo álbum de Roberta Campos - Varrendo a Lua, produzido por Rafael Ramos para a Deckdisc - chega às lojas neste mês de abril de 2010 nos formatos de CD, vinil e em edição digital. A música De Janeiro a Janeiro - inédita de autoria da cantora que tem o mesmo nome do hit do grupo de forró Limão com Mel - conta com a participação de Nando Reis (visto com Roberta em estúdio na foto de Otávio Souza). Mineira radicada em São Paulo (SP), a artista apresenta repertório autoral que entrelaça inéditas com uma ou outra regravação de temas de seu primeiro independente álbum, Para Aquelas Perguntas Tortas (2008). A exceção é Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor, a canção dos irmãos Lô Borges e Márcio Borges que Milton Nascimento gravou, em 2002, no álbum Pietá.

11 de abril de 2010

Maria Rita fecha ciclo luminoso de 'Samba Meu'

Resenha de Show - Segunda Visão
Título: Samba Meu
Artista: Maria Rita (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Citibank Hall (RJ)
Data: 10 de abril de 2010
Cotação: * * * * 1/2

Há shows que desmontam e/ou perdem o viço ao longo de turnê. Samba Meu - o terceiro grande show de Maria Rita - continua inteiro, com a mesma vibração da estreia nacional, ocorrida aos primeiros minutos de 1º de dezembro de 2007, na Fundição Progresso, na mesma cidade do Rio de Janeiro (RJ) para onde o show retornou na noite de ontem, sábado, 10 de abril de 2010. A apresentação no Citibank Hall carioca marca o início do fim da turnê nacional de Samba Meu, que se despede de São Paulo (em 24 de abril, no Citibank Hall), volta a Porto Alegre (em 30 de abril) e parte em maio para a Europa. Desde sua estreia, o show se revelou vibrante, ensolarado - caloroso, para usar um adjetivo usado pela própria Maria Rita em cena para descrever este ponto luminoso de sua carreira nos palcos. Se o CD Samba Meu (2007) não justificou toda a expectativa da crítica, o show mostrou que tal expectativa é que pode ter sido injusta ou equivocada por fazer supor que Maria Rita cairia no samba com a formalidade que deu o tom senhoril do primeiro (estupendo) CD da cantora. Pois a filha de Elis Regina (1945 - 1982) rompeu de vez o cordão umbilical e foi à cata de um samba jovem como ela. Sem a preocupação de gravar os maiores bambas, Maria Rita cantou o seu samba. Com isso, conquistou de vez o seu público. E foi esse público, animado e majoritariamente jovem, que fez com que Samba Meu se transformasse num dos shows de maior sucesso dos últimos anos, com casas (grandes) invariavelmente lotadas Brasil afora. Na noite de ontem, já senhora desse público, mas com a mesma jovialidade da estreia, Rita reinou em cena. Cantora de extrema segurança, ela deitou e rolou em números como Maria do Socorro (Edu Krieger), Corpitcho (Ronaldo Barcelos e Luis Cláudio Picolé), Pagú (Rita Lee e Zélia Duncan) e Cara Valente (Marcelo Camelo). Caras, bocas e uma voz desde sempre excepcional ratificaram o domínio total do palco. O corpo - ora bem delineado - ajuda a cantora a fazer charme e a dar o recado do seu samba. Com leveza, sem prejuízo da potência vocal. Aliás, quando é preciso contar apenas com o gogó, como na boa versão a capella de Santa Chuva (Marcelo Camelo), improvisada no bis para atender os pedidos feitos pelos fãs via twitter, Maria Rita se confirma grande cantora - a melhor de sua geração no quesito técnica. Enfim, Samba Meu já começa a se despedir dos palcos, após consagradora turnê já perpetuada em DVD editado em setembro de 2008. Resta torcer para que, quaisquer que sejam o conceito e o repertório de seu quarto esperado álbum (ainda sem previsão de lançamento), Maria Rita saiba se manter conectada com o público que, agora, já é todo seu.

Simone canta Ben em DVD gravado em Olinda

Simone conclui neste domingo, 11 de abril de 2010, a gravação do DVD do show Em Boa Companhia. O registro ao vivo teve início na noite de sábado, 10 de abril, em apresentação no Teatro Guararapes, situado no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda (PE). As novidades do roteiro do show - que estreou no Rio de Janeiro (RJ) em 18 de setembro de 2009 - foram Fullgás (Marina Lima e Antônio Cícero), Nada por Mim (Herbert Vianna e Paula Toller) e Ive Brussel (Jorge Ben Jor). Dirigido por José Possi Neto, o show Em Boa Companhia é inspirado no CD Na Veia, editado em 2009 pela Biscoito Fino, a gravadora que vai distribuir o DVD (previsto para ser lançado no segundo semestre de 2010).
A gravação de Simone em Pernambuco confirma a tendência de se agendar registros ao vivo fora do eixo Rio-São Paulo. Na última quarta-feira, 7 de abril, Alcione gravou o DVD Acesa em uma apresentação no Maranhão. Já a mineira Ana Carolina pretende filmar seu atual show, N9ve, em Belo Horizonte, em Minas Gerais.

Yassir leva viola para o mar e para outras terras

Resenha de CD
Título: A Viola e o Mar
Artista: Yassir Chediak
Gravadora: Sala de Som
Records
Cotação: * * * 1/2

Yassir Chediak é um cantor, compositor e violeiro carioca - criado em Minas Gerais - que cultiva os sons do interior do Brasil sem entrar na onda perigosa do sertanejo universitário. Segundo disco solo de Yassir, A Viola e o Mar tira a viola do sertão e a leva para a diversificada praia rítmica brasileira. Acima de conceitos, contudo, o CD seduz o ouvinte pela boa qualidade do repertório autoral, que destaca o xote Chora Morena - gravado em dueto com Geraldo Azevedo - e o samba de roda Ela Deixa, entre outras temas como o maracatu Leva Eu Morena, parceria de Yassir com Jorge Mautner. Dentro da proposta do disco, uma das faixas mais interessantes é A Lenda do Mar. Nesta faixa, que cita Aquarela do Brasil (Ary Barroso), a viola é inserida em universo praieiro - com o auxílio luxuoso do berimbau de Mestre Camisa - que remete inevitavelmente à obra seminal de Dorival Caymmi (1914 - 2008). Obra formatada na Bahia que gerou o ijexá, ritmo presente na composição de Dandá ao lado do ilú (um gênero de origem africana). Mesmo quando transita por ritmos sertanejos, como na moda de viola Flor da Noite (de Yassir e Braz Chediak), o artista paira acima da média atual do estilo. Além disso, registros bacanas de Anunciação (Alceu Valença) e Correnteza (Tom Jobim e Luiz Bonfá) - tema recriado no tom de toada mineira - ratificam o acerto da inusitada incursão marítima da viola de Yassir Chediak.

'Sopa de Concha' se alimenta (bem) do passado

Resenha de CD
Título: Sopa de Concha
Artista: Geraldo Leite
e os amigos do Rumo
Participação: Ná Ozzetti
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

Quase ninguém sabe, mas Assis Valente (1911 - 1958) foi parceiro bissexto de Luiz Gonzaga (1912 - 1989). Em 1946, eles compuseram Pão-Duro, marcha militar cantada pelo futuro Rei do Baião. O tema é um dos achados do projeto Sopa de Concha, projeto capitaneado por Geraldo Leite. Em pesquisa no Instituto Moreira Sales, Leite - integrante da formação original do Grupo Rumo - encontrou gravações obscuras dos anos 30 e 40. São registros de (esquecidas) músicas compostas por alguns dos maiores compositores da fase pré-Bossa Nova. Diante do vasto material, o artista teve a ideia de convocar os companheiros do exinto Rumo - Ná Ozzetti, Akira Bueno, Luiz Tatit, Hélio Ziskind, Gal Oppido, Zécarlos Ribeiro, Pedro Mourão - para irem ao estúdio regravar essas pérolas raras. O resultado pode ser ouvido no CD Sopa de Concha, cuja faixa-título, de 1941, é delicioso samba de Alcyr Pires Vermelho (1906 - 1994) e Pedro Caetano (1911 - 1992). O álbum é coerente com o espírito do Grupo Rumo, que debutou no mercado fonográfico em 1981 com dois álbuns, sendo que um, Rumo aos Antigos, tinha conceito similar ao de Sopa de Concha. E o fato é que as porções de passado postas na sopa são bem nutritivas. A marcha Gosto Mais do Outro Lado - composta por Assis Valente em 1934 e gravada pelo Bando da Lua - está à altura da obra famosa de Valente. Da mesma forma que Meu Amor Não me Deixou (1938) honra o legado de Ary Barroso (1903 - 1964). O solo vocal da faixa é de Ná Ozzetti, que lapida também o samba Fale Mal... mas Fale de mim (Ataulfo Alves e Marino Pinto, 1939). A supremacia vocal de Ná Ozzetti é evidente, sobretudo na faixa dividida com o piano preciso de André Mehmari (Honrando um Nome de Mulher, Gadê e Valfrido Silva, 1936), mas os outros solistas - que se revezam na interpretação das 15 faixas - se ajustam bem ao espírito do disco. Assim como os arranjos evocam o clima da época sem procurar reproduzi-lo com excessiva fidelidade. Tanto que a histórica composição de Assis Valente com Luiz Gonzava, Pão-Duro, era uma marcha militar e reaparece rearranjada por Swami Jr. em tom forrozeiro coerente com a obra de Lua. E o fato é que, à maestria já conhecida do Rumo, soma-se a excelência do repertório colhido por Geraldo Leite. Basta ouvir Menina das Lojas (1937), no dueto vocal de Paulo Tatit e Hélio Ziskind, para comprovar que se trata de uma das melhores marchas de Lamartine Babo (1904 - 1963). Como esse repertório já tinha caído em completo esquecimento, com exceção de um ou outro tema (caso do samba Não Resta a Menor Dúvida, composto por Noel Rosa com Hervê Cordovil em 1935), o projeto adquire inestimável valor documental. Enfim, Sopa de Concha se alimenta bem da musicalidade e do cancioneiro do passado. Geraldo Leite está no rumo certo. Sua sopa é saborosa!!!!

'Berlim, Texas' situa Pethit em cabaré pop indie

Ator que se transformou num cantor, Thiago Pethit estreou em disco em 2008 com o EP Em Outro Lugar. Dois anos depois, o artista apresenta seu primeiro bom álbum, Berlim, Texas. Produzido por Yury Kalil, integrante do incensado grupo Cidadão Instigado, o CD situa o paulistano Pethit em cabaré pop indie de delicado tom romântico e melancólico. O autoral repertório trilíngue alterna músicas em português (Não se Vá, Mapa-Múndi, Outra Canção Tristonha), em inglês (Birdhouse, White Hat, Don't Go Away, Sweet Funny Melody) e em francês (Voix de Ville). Cantor do grupo paulista Vanguart, Hélio Flanders é parceiro e artista convidado de Forasteiro, destaque do álbum.