7 de março de 2009

Em vibrante forma, Hucknall revive hits no Rio

Resenha de Show
Título: Simply Red 25 - The Greatest Hits Tour
Artista: Simply Red
Local: Citibank Hal (RJ)
Data: 6 de março de 2009
Cotação: * * * *
Foto: Divulgação Media Mania / Marcelo Rossi

Não foi um Simply Red decadente que subiu ao palco do Citibank Hall na noite de sexta-feira, 6 de março de 2009, para fazer para seus fãs cariocas o show da The Greatest Hits Tour. Por conta da excelente forma vocal de Mick Hucknall, que reproduziu ao vivo os tons alcançados nos discos gravados pela banda ao longo de seus 25 anos de carreira, o que se viu foi um grande show. Nem parecia uma turnê de despedida que anuncia o fim do Simply Red para que Hucknall possa se dedicar à carreira solo. Durante uma hora e meia, o vocalista empilhou hits de seu grupo com frescor e ânimo. "Vocês foram realmente incríveis esta noite. Obrigado pela noite! Maravilhoso!", saudou Hucknall ao fim do segundo bis, dado com a balada If You Don't Know me by Now, cantada em vibrante coro pelo público que encheu a pista e os camarotes da casa. Dez!!

Mich Hucknall não estava fazendo média. O público - quarentão, em sua maioria - fez sua parte e ajudou a dar o tom entusiasmado do show. Desde o primeiro dos 21 números, It's Only Love, ficou claro que seria fácil para o Simply Red ganhar o jogo e a platéia. "Obrigado", já disse cantor, em português, ao perceber já nessa primeira música a recepção calorosa. Compositor subestimado na cena mundial, Hucknall mostrou, ao recordar hits como A New Flame, que domina bem o idioma pop. Sua música é sedutora, não abre mão de um refrão e flerta com o soul e o r & b na medida certa para não afugentar seu público habituado a ouvir um pop de tonalidade branca. Feliz, esse público ouviu músicas como Never Never Love e Your Mirror. Os hits, claro, dominaram o roteiro. Posicionada logo na primeira metade do show, uma seqüência matadora com For your Babies (com arranjo idêntico ao da gravação original), Holding Back the Years (com direito a breve solo do saxofone de Ian Kirkham e floreios vocais de Hucknall no fim) e You Make me Feel Brand New (a setentista balada-baba do repertório do grupo The Stylistics, revivida pelo Simply Red em 2003) eletrizou os fãs, que acompanharam as músicas em alto e bom som. Surpreendido pelo calor da público, Hucknall até virou o microfone para os seus fãs a fim de incentivar o coro popular (coisa rara nas formais platéias européias). E o fato é que, com ou sem coro, Hucknall em nenhum momento baixou o tom. No citado sucesso do Stylistics, alternou timbres graves e agudos, provando que a sua artilharia vocal é a mesma dos tempos áureos da banda.

Sim, é fato que o melhor repertório do Simply Red se concentra no período 1985-1991. Ao longo dos anos 90, a banda entrou em processo de decadência que - verdade seja dita - não é perceptível no show. O roteiro é bem enxuto e mescla diversos climas. A primeira mudança vem com o reggae Night Nurse, da seara da dupla jamaicana Sly and Robbie. Na seqüência, The Air that I Breathe - música do conterrâneo The Hollies, saudado em cena por Hucknall como "a primeira grande banda de Manchester" - mostrou que, ao vivo ou no estúdio, o Simply Red sabe se apropriar bem de material alheio. Um terceiro número - o de Go Now, tema da banda britânica The Moody Blues, regravado pelo Simply Red em 2008 para a coletânea dupla The Greatest Hits, recém-lançada no Brasil via Som Livre - fechou o bloco de covers.

Sim, é fato também que, em músicas como Fake e Thrill me, a apresentação carioca da The Greatest Hits Tour deu ligeira caída para retomar logo o pique com Stars (número de efeito quase catártico), Come to my Aid e The Right Thing, música em que Hucknall ensaiou alguns trejeitos e passos mais erotizados. Na seqüência, vieram Sunrise e Something Got me Started, outro número em que a temperatura subiu no palco e na platéia. Um primeiro bis aquém do pique do show - com Fairground e Money's Too Tight (to Mention) - sugeriu um anticlímax. Até que Hucknall e Cia. voltaram à cena para fechar com chave de ouro (isto é, com o hit You Don't Know me by Now) um grande show de uma banda eficiente que - ao contrário do que pode fazer supor seu atual momento revisionista, típico do anunciado fim de carreira - não se portou em cena de maneira anêmica, burocrática ou melancólica.

CD de 'Milionário' sai no Brasil na cola do Oscar

No embalo da consagração do filme Quem Quer Ser um Milionário? na 81ª edição do Oscar, a gravadora Universal Music já lança no Brasil o CD com a trilha sonora do filme de Danny Boyle - em cartaz nos cinemas brasileiros desde 6 de março de 2009 (depois de duas semanas de sessões diárias que foram divulgadas como pré-estréias). Composta por A.R. Rahman, a trilha sonora do filme Slumdog Millionarie faturou duas estatuetas no 81º Oscar, ganhando os prêmios de Trilha Sonora e de Canção Original (Jai Ho!). A trilha mistura ritmos indianos com beats eletrônicos e gêneros da música ocidental como o rap. O CD, de 13 faixas, tem a adesão da artista M.IA. em músicas como O...Saya e Paper Planes.

Daniel Lopes tenta pôr 'refrões' na parada pop

Resenha de CD
Título: Mais e
Mais Refrões
Artista: Daniel Lopes
Gravadora: Sem
indicação
Cotação: * * 1/2

No título de seu primeiro CD solo, Mais e Mais Refrões, Daniel Lopes chega a ignorar de propósito a norma gramatical - o certo seria refrãos ou refrães - para anunciar sua intenção de fazer um disco pop, sem grandes conceitos ou pretensões estilísticas. Certamente bem influenciado pelos seis anos que atuou como guitarrista de Leoni, um dos mestres brasileiros do gênero, o cantor e compositor carioca - egresso do grupo Reverse - mostra alguma intimidade com o idioma da canção pop em faixas como Homem Verde, Invenções e Ampulhetas (dona da melhor letra). Laiá Laiá - samba seco, meio torto - e a balada usada para batizar o disco também se destacam no repertório inteiramente autoral. Como cantor, Daniel Lopes soa menos interessante do que como compositor. A voz, trivial, dá conta do recado sem um brilho especial. Mas no universo pop - tangenciado também pela canção Interior, composta e gravada por Daniel Lopes com seu mestre Leoni - uma voz comum nem sempre é impedimento para um artista emplacar seus refrões na parada. Se vencer as limitações da cena indie, o artista pode ser bem-sucedido na sua intenção com disco de produção simples e eficiente (assinada por ele mesmo). Como requer uma canção pop.

Letras e músicas de Dylan por Caetano e Mallu

Inédita em CD, a (re)gravação de Ain't me Babe por Mallu Magalhães - até então lançada somente no primeiro DVD da cantora - é uma das 14 faixas do CD dedicado a Bob Dylan na boa série Letra & Música, produzida por Marcelo Fróes para seu selo Discobertas. Nas lojas a partir de 15 de março de 2009, com distribuição da gravadora Coqueiro Verde, a compilação revive gravações de Caetano Veloso (Jokerman, no registro ao vivo feito em 1992 para o CD Circuladô Vivo), Gal Costa (Negro Amor, a versão de It's All over Now, Baby Blue - criada por Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti para a cantora incluir em seu disco Caras e Bocas, de 1977), Renato Russo (If You See Him, Say Hello - na abordagem gay feita pelo cantor para seu primeiro CD solo, The Stonewall Celebration Concert), Vitor Ramil (Joquim, versão de Joey, gravada por Ramil em 1987 no LP Tango) e Evandro Mesquita (Knockin' on Heaven's Door). A coletânea traz gravações inéditas de artistas da cena indie como Daniel Lopes, Profiterolis e Twiggy.

Dá no Coro exalta o negro em CD de cores vivas

Resenha de CD
Título: Negro Cor
Artista: Dá no Coro
Gravadora: Fina Flor
Cotação: * * * * 1/2

Formado em 1995, no Rio de Janeiro (RJ), o grupo Dá no Coro chegou à cena carioca com apresentações de natureza performática. Negro Cor é seu primeiro excelente CD, gravado em estúdio e editado neste mês de março de 2009 pela gravadora indie carioca Fina Flor. Trata-se de um grupo que entrelaça vozes e percussão com criatividade para exaltar a negritude em repertório de múltiplas tonalidades e latitudes. Às vezes, o orgulho negro aparece de forma explícita como no funk Olhos Coloridos - marco do cancioneiro black nacional, lançado por Sandra de Sá em 1981 - e no reggae que dá nome ao disco. Em outras vezes, a negritude se manifesta através do reforço do elo com a África, matriz da música negra que dá o tom em grande parte do mundo. Essa raiz afro é desenvacada em faixas como Sougnou Société (belo tema tradicional do Senegal, adaptado por Sérgio Sansão, um dos arranjadores do grupo), Navio Negreiro / Escravos (Toni Vargas) - medley em que o Dá no Coro costura música e poesia, recitada por Marcello Caldeira - e Milagres do Povo (Caetano Veloso, 1985). A música composta pelo compositor baiano para a trilha sonora da minissérie Tenda dos Milagres é cantada a capella de início. A percussão entra a partir do refrão. Aliás, a interação das vozes sempre bem timbradas - mérito de Sérgio Sansão, produtor do CD e diretor do grupo - é o que dá um colorido todo especial ao disco do Dá no Coro. Com exceção de Relampiano (Lenine e Moska, 1997), cantada em tons mais trivais, todas as músicas de Negro Cor são valorizadas pelas vozes harmonizadas do grupo. Louva-a-Deus (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1997), Jorge de Capadócia (Jorge Ben Jor, 1975) e Milagreiro (Djavan, 2001 - com o violão do convidado Raphael Gemal evocando o sotaque cigano do registro original do autor) ganham cores vivas por conta dos estupendos arranjos vocais. Já na primeira faixa - Angilalanga, tema tradicional da África do Sul, entoado em xosa, dialeto banto falado pelo povo xosa - as vozes do Dá no Coro até emocionam. Quando o álbum chega ao fim, com a bem-sacada lembrança do samba Coisa de Pele (Jorge Aragão e Acyr Marques, 1986), fica a certeza de que Negro Cor é um grande disco que reafirma a força arrepiante dos tambores e das vozes que sempre se fizeram ouvir, em todas as épocas e lugares, na luta em favor da igualdade racial.

6 de março de 2009

Ao vivo de Arlindo na MTV traz Beth, D2 e Zeca


Com seu primeiro single (Chegamos ao Fim) já enviado às rádios, o MTV ao Vivo de Arlindo Cruz tem lançamento agendado para 17 de abril de 2009, data em que a MTV exibe o programa gravado em 2008. Na seqüência imediata, a gravadora Deckdisc põe nas lojas o CD duplo e o DVD com o registro do show que tem intervenções de Beth Carvalho (em Saudade Louca), Marcelo D2 (em Mão Fina) e Zeca Pagodinho (Vê se Não Demora). O filho do sambista, Arlindo Neto, faz uma participação afetiva nos sambas-enredos Aquarela Brasileira (1964) e O Império do Divino (2006), da escola de samba Império Serrano. Arlindo é autor do segundo. As fotos do sambista com Beth e D2 são de Kelly Fuzaro (da MTV).

Falta só azeite na saborosa farofa black de Elza

Resenha de Show
Título: Compulsivos e a Perigosa
Artista: Elza Soares e Farofa Carioca (em fotos de Mauro
Ferreira)
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 5 de março de 2009
Cotação: * * * 1/2

Na noite de quinta-feira, 5 de março de 2009, o show que junta Elza Soares ao grupo Farofa Carioca estreou em alto e bom som, temperado na pressão. Contudo, as falhas técnicas da estréia - sobretudo na projeção de vídeos - e as gordurinhas do roteiro sinalizaram que o espetáculo ainda deverá ficar mais azeitado ao longo de sua provável turnê nacional. Musicalmente, a mistura está quase no ponto e seduz, por mais que o sabor nem seja mais original. Seguindo a lição de mestres como Tim Maia (1942 - 1998), não por acaso saudado pela cantora ao fim de W Brasil como "o maior dos síndicos", Elza e Farofa conectam o suingue brasileiro - em especial, o do samba - ao balanço do funk e do soul. Nessa linha Black Rio, o grupo mostrou toda a potência de seu som e Elza, festejada por sua bossa negra, quase sempre entrou no tom. No bloco inicial, em que figuram músicas como Manguetown (da Nação Zumbi) e Brasil (o samba-rock de Cazuza, arranjado com pulsação que tende mais para o rock do que para o samba), até parecia que a cantora seria conduzida em cena pelo elétrico Mario Broder, o (excelente) cantor que substituiu Seu Jorge no posto de vocalista do Farofa Carioca. Contudo, ao voltar ao palco para segundo bloco com a banda, Elza tomou as rédeas do show com arrasadora abordagem de A Carne. Na seqüência, a cantora pôs todo seu suingue e sua verve numa releitura do ótimo samba-enredo Alô, Alô, Taí Carmen Miranda! (Império Serrano, 1972), mostrando que ela, Elza, era o tempero especial da Farofa Carioca.

A pressão do som da Farofa estava alta, sobretudo por conta do trio de metais que evocava a sonoridade da banda de Tim Maia, a Vitória Régia. Do repertório do Síndico, a propósito, Elza e Mario Broder reviveram o samba-soul Réu Confesso com arranjo clonado da gravação original de Tim, feita em 1973. O número figura no melhor bloco do show, quando os cantores entoam Timbó - música de Ramon Russo gravada pelo Farofa Carioca em seu primeiro CD, Moro no Brasil (1998), e turbinada no show com afro-beats - e Mas que Nada. O primeiro sucesso de Jorge Ben Jor, de 1963, ganha tons lânguidos, num clima de bossa negra.

Sem Elza, o Farofa Carioca segura a onda com as músicas de seu segundo álbum, Tubo de Ensaio (2008). O grupo saúda o funk em Som Mil, tira do baú uma balada-soul de Carlos Dafé (Pra que Vou Recordar o que Chorei?) e cai no suingue em temas como Minissaia (Valmir Ribeiro, Carlos Moura e Gabriel Moura), típicos da discografia de Seu Jorge. Além da voz potente, que lembra eventualmente o timbre viril de Sandra de Sá, Mario Broder tem excelente presença de palco. O que falta a ele e a Elza no show em alguns momentos é timing. Ambos se excedem nos improvisos finais de W Brasil e, na segunda metade do show, engatam diálogos longos e chatos. Contudo, o show oferece boas surpresas até o fim. A melhor delas é a transposição de um dos maiores sucessos de Bezerra da Silva, Malandragem Dá um Tempo, para o universo rítmico da música cubana. Com verve, Elza sustenta interpretação em portunhol e, espirituosa, termina o número com a saudação (Azúcar!) que se tornou a marca registrada da rainha da salsa, Celia Cruz (1923 - 2003), nos palcos. Boa sacada também foi a lembrança de O Campeão (Meu Time), samba feliz e carioquíssimo de Neguinho da Beija-Flor, entoado somente com as vozes e a batucada que também sustentam Vou Festejar, sucesso de Beth Carvalho em 1978. Entre um samba e outro, a turma celebra o batidão carioca com Diretoria, pérola do baú do funk. Enfim, Compulsivos e a Perigosa é farofa de tempero black que vai ficar ainda mais saborosa quando ganhar um pouco mais de azeite.

Tim, Ben, Science e Neguinho na farofa de Elza

Parceria de Chico Science (1966 - 1997) com Dengue e Lucio Maia, gravada pela banda Nação Zumbi no CD Afrociberdelia (1996), Manguetown foi uma das surpresas do roteiro do show que une Elza Soares ao grupo Farofa Carioca. Caracterizado pela fusão do suingue brasileiro com o balanço black, o miscigenado repertório do show Compulsivos e a Perigosa - que estreou na noite de quinta-feira, 5 de março de 2009, no Teatro Rival (RJ), onde fica em cartaz apenas até sábado, 7 de março - entrelaça músicas de compositores como Tim Maia (1942 - 1998) e Jorge Ben com os temas do segundo CD do Farofa Carioca, Tubo de Ensaio. Eis o roteiro que costura ritmos como samba, funk, soul e samba-rock:
Elza Soares e Farofa Carioca
1. África (Sandro Márcio)
2. Manguetown (Chico Science, Dengue e Lucio Maia)
3. Brasil (Cazuza, George Israel e Nilo Romero)
Farofa Carioca
4. Feira de Acari (DJ Marlboro e DJ Pirata)
5. Pra que Vou Recordar o que Chorei? (Carlos Dafé)
6. Rio Batucada (Valmir Ribeiro e Gabriel Moura)
7. Pare e Pense (Mario Broder, Sergio Granha, Valmir Ribeiro, Carlos Moura e Alexandre Carolla)
Elza Soares e Farofa Carioca
8. A Carne (Seu Jorge, Marcelo Yuka e Wilson Cappellette)
9. Alô, Alô, Taí Carmen Miranda! (Heitor Achiles, Wilson Diabo e Maneco)
10. Réu Confesso (Tim Maia)
11. Timbó (Ramon Russo)
12. Mas que Nada (Jorge Ben Jor)
Farofa Carioca
13. São Gonça (Seu Jorge)
14. Som Mil (Farofa Carioca, Gabriel Moura e Jovi Joviniano)
15. Samba Rock (Gabriel Moura e Jovi Joviniano)
Elza Soares e Farofa Carioca
16. W Brasil (Jorge Ben Jor)
17. O Vendedor de Bananas (Jorge Ben Jor)
18. Malandragem Dá um Tempo (Popular P, Adezonilton e Moacyr Bombeiro)
Farofa Carioca
19. Minissaia (Valmir Ribeiro, Gabriel Moura e Carlos Moura)
20. Moro no Brasil (Seu Jorge, Wallace Jefferson, Gabriel Moura e Jovi Joviniano)
Elza Soares e Farofa Carioca
21. Yes, my Brother (Gabriel Moura,Sandro Márcio,Valmir Ribeiro e Jovi Joviniano)
22. O Campeão (Meu Time) (Neguinho da Beija-Flor)
23. Diretoria (MC Duda do Marapé e MC Primo)
24. Vou Festejar (Jorge Aragão, Neoci Dias e Dida)
25. Salve a Mocidade (Luiz Reis)
26. África (Sandro Márcio)
Bis:
27. Espumas ao Vento (Flávio José) - Elza Soares (a capella)
28. O Vendedor de Bananas (Jorge Ben Jor) - Elza Soares e Farofa Carioca

Disco psicodélico de Joyce, de 1976, é lançado

Enquanto aguarda a possibilidade de lançar no Brasil neste ano de 2009 o CD instrumental Samba-Jazz & Outras Bossas, já finalizado com o baterista Tutty Moreno, Joyce Moreno - que a partir de agora inclui seu sobrenome no nome artístico - tem editado na Inglaterra inédito álbum de tom psicodélico gravado pela artista em Paris, em 1976, ao lado do percussionista Naná Vasconcelos e de Maurício Maestro. Visions of Dawn - a capa vista acima já parece traduzir o espírito com que o disco teria sido gravado - tem lançamento agendado para a próxima sexta-feira, 13 de março. Na seqüência, as lojas européias também devem ser abastecidas com outro projeto de Joyce, Celebrating Jobim, registro ao vivo do show feito pela artista com a alemã WDR Big-Band para festejar a obra de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994).

Roberta Campos faz segundo CD pela Deckdisc

Já com a música Varrendo a Lua em rotação em algumas rádios, a cantora e compositora Roberta Campos assinou contrato com a gravadora Deckdisc. A artista mineira - radicada em São Paulo (SP) - entra em estúdio no segundo semestre de 2009 para gravar o primeiro CD pela Deck e o segundo título de sua discografia, iniciada em 2008 de maneira independente com o álbum Para Aquelas Perguntas Tortas. A artista canta repertório autoral.

5 de março de 2009

Dylan lança álbum com dez inéditas já em abril

Bob Dylan deverá lançar um álbum de inéditas em abril de 2009. Produzido pelo próprio Dylan sob seu recorrente pseudônimo de Jack Frost, o CD vai apresentar 10 músicas novas da lavra do compositor. O sucessor do (ótimo) Modern Times (2006) ainda não tem divulgados o título e tampouco a data exata de seu lançamento oficial. Contudo, o disco já estaria finalizado.

Fundador da Black Rio, Barrosinho sai de cena

Um dos fundadores da Banda Black Rio, criada nos anos 70 com inovadora fusão do suingue da música brasileira com o balanço negro norte-americano, o trompetista José Carlos Barroso - o Barrosinho - saiu de cena nesta quinta-feira, 5 de março de 2009, em decorrência de falência múltipla dos órgãos. O músico (visto acima em foto de Christiana Miranda) tinha 65 anos e estava internado há 20 dias num hospital da Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ). Com seu trompete, instrumento que descobriu aos oito anos de idade, Barrosinho iniciou sua carreira profissional na efervescente cena carioca dos anos 60, período em que tocou nas orquestras de baile e gafieira comandadas por mestres como Severino Araújo, Maestro Cipó e Paulo Moura. Na década de 70, foi convidado por Oderdan Magalhães para integrar o grupo Abolição, um pioneiro do soul nacional. Foi com Oberdan que, dissolvido o Abolição, Barrosinho fundou a Black Rio, banda de aura lendária, muito cultuada atualmente na Europa pelo suingue personalíssimo. Em carreira solo desde 1988, Barrosinho vinha editando CDs pelo selo Kalimba. O último, Praça dos Músicos, foi lançado em 2008 - com repercussão restrita aos fãs do músico.

Jackson volta aos palcos para gravar CD e DVD

Michael Jackson volta aos palcos a partir de 8 de julho de 2009, na Inglaterra. O cantor vai fazer dez shows na London 02 Arena em série intitulada This Is It! e que vai ser gravada para gerar DVD e CD ao vivo. O Rei do Pop - como o próprio Jackson já se denomina - nunca lançou um registro de show em DVD. O anúncio oficial dos shows foi feito em entrevista coletiva agendada em Londres para esta quinta-feira, 5 de março de 2009. É imperdível!

Game dos Beatles vai ser lançado em setembro

The Beatles: Rock Band - o primeiro videogame que vai utilizar músicas dos Fab Four - vai ser lançado em 9 de setembro de 2009. A data foi anunciada nesta quinta-feira, 5 de março, em comunicado oficial assinado pelas três empresas responsáveis pela chegada do game ao mercado (Apple Corps, Harmonix e MTV Games). Ainda não foram divulgadas as músicas utilizadas no jogo. Por ora, sabe-se que o produto vai estar disponível para três consoles - Xbox 360, Playstation 3 e Nintendo Wii - e que uma série limitada de controles vai ser lançada na forma de miniaturas dos instrumentos tocados pelos Beatles. Trata-se do primeiro videogame dedicado a um único grupo dentro da série Rock Band.

Eminem planeja aprontar dois álbuns em 2009

Relapse - o álbum que Eminem grava desde 2008 com colaborações de Dr. Dre e 50 Cent - já tem data de lançamento oficial: 18 de maio de 2009. Ainda não anunciado, seu primeiro single vai ser editado em 7 de abril. A novidade é que o rapper norte-americano já trabalha numa seqüência do novo álbum, intitulada Relapse 2 e prevista para chegar às lojas até o fim de 2009. O repertório do volume 1 inclui Crack a Bottle, música lançada nas rádios dos Estados Unidos em janeiro. O último álbum de Eminem é de 2004.

Fina Flor estréia no segmento erudito com Bach

Gravadora do circuito indie do Rio de Janeiro (RJ), até então direcionada para o samba e a MPB, a Fina Flor diversifica seu catálogo e estréia na área erudita neste mês de março de 2009 com a edição em CD de Bach Sonatas. Na realidade, trata-se do relançamento do álbum editado originalmente em vinil com uma gravação ao vivo captada em concerto realizado em novembro de 1986 na Sala Martins Penna do Teatro Nacional de Brasília. No toque da flauta de Odette Ernest Dias, o disco reapresenta todas as oito sonatas compostas para flauta por Johann Sebastian Bach (1685 - 1750). A flautista é acompanhada pelo piano de Elza Kazuko Gushikem e pelo violão de Jaime Ernest Dias. O disco Bach Sonatas é duplo.

4 de março de 2009

Disney recruta Daft Punk para trilha de 'Sci-Fi'

Duo francês de música eletrônica que esconde sob trajes de robôs as identidades e caras de seus integrantes Guy-Manuel e Thomas Bangalter, o Daft Punk foi convidado pela Walt Disney Pictures para compor a trilha sonora de filme de ficção científica - Tron 2.0, remake de Tron, longa-metragem lançado pelo estúdio em 1982 - que já está em fase de produção e tem estréia prevista para 2011. Sem lançar um álbum de estúdio desde 2005, ano em que apresentou Human After All, a dupla aceitou o convite da Disney para nova incursão na área cinematográfica. Vale lembrar que Guy e Thomas já fizeram o filme Daft Punk's Electroma (2006), cujo tom futurista já aludia aos longas de ficção científica.

U2 revela título e single de seu outro novo disco

Songs of Ascent é o título do outro álbum que U2 vai lançar até o fim de 2009, na inesperada seqüência de No Line on the Horizon, CD recém-lançado pelo grupo irlandês. A revelação dos nomes do disco e de seu primeiro single - Every Breaking Wave - foi feita pela banda nesta quarta-feira, 4 de março de 2009. De acordo com Bono Vox, o álbum vai ter tom reflexivo - quase cool.

NX Zero é do selo Arsenal por mais quatro anos

Já em fase de finalização da turnê promocional de seu terceiro álbum, Agora (2008), o grupo paulista NX Zero renovou contrato com a empresa Arsenal Music e Eventos por mais quatro anos. A renovação dos vínculos do quinteto com a gravadora Arsenal Music já era previsível, pois foi pelas mãos do produtor Rick Bonadio - o diretor do selo, atualmente distribuído pela multinacional Universal Music - que a banda de emocore estourou nacionalmente em 2006 com a música Razões e Emoções, faixa de seu segundo álbum, NX Zero (2006) - aliás, considerado pelo grupo o primeiro, uma vez que, neste disco, Diego Ferrero e Cia. regravaram algumas músicas de seu (real) álbum de estréia, Diálogo? - editado sem projeção em 2004, pela Urubuz Records.

Moska faz 'Muito Pouco' e planeja CD de samba

Muito Pouco vai ser o título do álbum de repertório inédito que Moska - visto acima em autoretrato feito através da técnica do tijolo de vidro - está gravando para lançar em 2009. O CD conta com a participação do grupo argentino Bajofondo na faixa-título (já gravada por Maria Rita) e em Ainda. Paralelamente à feitura de Muito Pouco, o artista planeja a edição do disco que registra o show Tem Moska no Samba, que teve temporada de sucesso na Lapa (RJ) em 2008. O roteiro reúne sambas - como diz o título.

3 de março de 2009

Sony altera logo e elimina BMG da razão social

Tal como a Som Livre, que já divulga novo logotipo para comemorar seus 40 anos, a gravadora multinacional Sony também adota outra logomarca a partir deste mês de março de 2009. Mas a mudança não é por conta de comemoração de aniversário. É que o braço fonográfico do grupo Sony adquiriu os 50% que pertenciam à empresa Bertelsmann (BMG) - com quem se fundiu em 2004 - e aposentou o nome Sony BMG, voltando a se chamar Sony Music Entertainment. A rigor, a mudança não afeta o cast da companhia.

CD de Vander Lee, 'Faro' chega às lojas em abril

Faro é o título do sexto álbum de Vander Lee. Previsto inicialmente para chegar às lojas em março de 2009, o CD tem seu lançamento confirmado pela Deckdisc para o início de abril. No disco, Lee faz dueto com o compositor africano Lokua Kanza (em Bão), canta com Regina Souza em Baile dos Anjos, dá acento funk a um sucesso de Roberto Carlos na Jovem Guarda (Ninguém Vai Tirar Você de mim) e apresenta inéditas - dez, ao todo - como Desejo de Flor. Marcelo Sussekind pilota a produção.

Pop se inspira no jazz para criar 'Préliminaires'

Um dos precursores do rock punk - ao integrar, em fins da década de 60, o recentemente reativado grupo The Stooges - Iggy Pop se inspirou no jazz seminal de Nova Orleans (EUA) para compor as músicas de seu próximo álbum, Préliminaires, que já tem até lançamento agendado para 18 de maio de 2009. Com músicas inéditas como King of the Dogs, o CD é inspirado no livro A Possibilidade de uma Ilha, do escritor francês Michel Houellebecq. Aliás, uma das faixas - Les Feuilles Mortes - é cantada pelo artista em francês.

DVD sobre vida de Britney sai no Brasil em abril

No dia 30 de novembro de 2008, 48 horas antes da chegada às lojas do álbum (Circus) que consolidou a volta de Britney Spears à cena após período de forte turbulência emocional, a MTV fisgou 3,7 milhões de fãs da estrela ao exibir nos EUA um programa sobre o renascimento artístico de Britney. Tal documentário chega ao DVD - nas lojas a partir de 7 de abril de 2009 - com várias cenas adicionais, em edição bem mais pessoal de seu diretor Phil Griffin. E a novidade é que - graças a uma parceria recém-estabelecida com a empresa Freemantle Media, especializada no licenciamento de produtos ligados à música e à televisão - a gravadora Coqueiro Verde vai lançar o DVD Britney: for the Record no Brasil também em abril, na imediata seqüência do lançamento internacional do vídeo. Além do filme em si, no qual a própria Britney reflete sobre seus últimos atribulados anos, o DVD apresenta também seis remixes das músicas Womanizer e Circus.

2 de março de 2009

Muse ruma para rock sinfônico no quinto disco

O trio britânico Muse está no meio da gravação de um álbum de estúdio - o quinto da discografia do grupo - cujo lançamento está previsto para o segundo semestre de 2009. A novidade é o que o CD vai ter um clima de rock sinfônico. O sucessor de Black Holes and Revelations (2006) está sendo todo formatado com auxílio luxuoso de uma orquestra e vai ser - muito - diferente do anterior.

U2 revela plano de lançar outro álbum em 2009

O U2 - à esquerda em foto de Deirdre O' Callaghan - revelou nesta segunda-feira (2 de março de 2009, data em que o 12º álbum de estúdio do grupo, No Line on the Horizon, começa a chegar às lojas de todo o mundo com distribuição da gravadora Universal Music) seu plano de lançar um outro álbum até o fim do ano. De acordo com os músicos, o novo CD teria um repertório de tom mais meditativo do que o atual disco. Se o plano se concretizar, vai ser a primeira vez que o quarteto arremessa dois álbuns de estúdio num mesmo ano.

Nei Lopes chuta o balde em CD que tem até rap

Um dos mais finos estilistas do samba, Nei Lopes volta ao mercado fonográfico em abril de 2009 com o lançamento de um álbum de inéditas, Chutando o Balde, produzido e arranjado por Ruy Quaresma para a gravadora carioca Fina Flor. O repertório reúne 16 sambas autorais do compositor, criados com parceiros como Everson Pessoa e Magnu Sousá (do paulista Quinteto em Branco e Preto). Na faixa-título, iniciada com trecho falado à moda dos raps norte-americanos, Nei - visto acima clicado por Márcia Moreira durante a gravação do CD - reverencia o colega Aldir Blanc. Na letra de Deusas e Devassas, alude a verso de sucesso de Martinho da Vila, ("Eu também já tive mulheres", referência a Mulheres) antes de relacionar personagens femininas da literatura como a Iaiá de Machado de Assis (1839 - 1908), a Isaura de Bernardo Guimarães (1825 - 1884) e a Gabriela de Jorge Amado (1912 - 2001). Em Ondina, o tema é um triângulo amoroso bissexual à moda baiana. Já Pombajira Halloween ironiza a valorização da cultura norte-americana no Brasil enquanto Águia de Haia descreve a incorporação de um bebum pelo espírito do escritor Rui Barbosa (1849 - 1923). Eis, na ordem, as 16 faixas (e seus respectivos compositores) de Chutando o Balde, oitavo álbum de Nei Lopes (sexto solo), sucessor de Partido ao Cubo (2004):

1. Chutando Balde (Nei Lopes)
2. Samba de Fundamento (Magnu Sousá, Maurílio de Oliveira e Nei Lopes)
3. Dicionário (Everson Pessoa e Nei Lopes)
4. Saracuruna-Seropédica (Ruy Quaresma e Nei Lopes)
5. Pala pra Trás (Magnu Sousá e Nei Lopes)
6. Deusas e Devassas (Everson Pessoa e Nei Lopes)
7. Pombajira Halloween (Ruy Quaresma e Nei Lopes)
8. Bugre do Milênio (Everson Pessoa e Nei Lopes)
9. Tira-Gosto (Ruy Quaresma e Nei Lopes)
10. Águia de Haia (Luís Felipe de Lima e Nei Lopes)
11. Oló (Nei Lopes)
12. Ondina (Everson Pessoa e Nei Lopes)
13. Meia Cabeleira (Luiz Fernando e Nei Lopes)
14. Recordando Seu Libório (Cláudio Jorge e Nei Lopes)
15. Confraria (Dauro do Salgueiro e Nei Lopes)
16. Samba Emprestado (Nei Lopes)

Clarkson volta ao pop artificial no quarto álbum

Resenha de CD
Título: All I Ever Wanted
Artista: Kelly Clarkson
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * *

Ao gravar seu terceiro álbum, My December (2007), Kelly Clarkson ensaiou uma guinada autoral e priorizou no (chato) repertório um rock raivoso que fez a artista soar como um misto de Alanis Morissette e Amy Lee. Linear, o disco amargou vendas pífias - meras 782 mil cópias - nos EUA. O que fez a vencedora da primeira edição do programa American Idol retornar ao pop industrializado em seu quarto álbum, All I Ever Wanted, nas lojas a partir de 10 de março de 2009. Por mais que haja alguma energia pop roqueira em faixas como Impossible, Ready e If I Can't Have You, tal energia parece fabricada. Aliás, a pose artificial da artista na capa do CD traduz com perfeição o som ouvido no disco, já estourado nas paradas por conta de seu primeiro single, My Life Would Suck without You. Tudo parece calculado. Inclusive as duas incursões pelo repertório de Katy Perry, I Do Not Hook Up e Long Shot, sem que Clarkson tenha a verve da autora e intérprete do hit I Kissed a Girl. Entre baladas lacrimosas (Cry, Already Gone, If No One Will Listen) e faixas mais dançantes (I Want You), Clarkson põe sua voz volumosa a serviço da indústria da música. Por mais que a boa cantora tente se impor como compositora (assinando parte do repertório com o co-produtor de All I Ever Wanted, Ryan Tedder), fica a sensação de que ela não canta tudo o que sempre quis neste álbum vocacionado para as paradas e o esquecimento...

1 de março de 2009

Calypso dilui suingue em sentimentalismo brega

Resenha de CD
Título: Vol. 13
- Amor sem Fim
Artista: Banda Calypso
Gravadora: MD Music
Cotação: *

Destaque da cena tecnobrega do Norte do Brasil desde que foi criada em Belém do Pará, em 1999, a Banda Calypso já completa uma década de vida em 2009 e lança seu 13º álbum - subintitulado Amor sem fim, mas creditado como Vol. 13, à moda do mercado de música popularesca que movimenta as periferias brasileiras com CDs oficiais e oficiosos. É fato que, dentro da vasta cena nortista, a banda se impôs por um suingue todo próprio, oriundo da guitarra de Chimbinha e, em menor grau, do canto da vocalista Joelma Mendes (o casal figura sozinho na linha de frente da banda, a rigor uma dupla que agrega músicos contratados ao fazer shows e ao gravar discos). Este suingue, no entanto, está cada vez mais diluído nos álbuns do Calypso - o que pode explicar as vendas descendentes dos discos da banda. Em Vol. 13, o tal balanço é perceptível somente em algumas poucas faixas, em especial em Xonou Xonou, o tema que abre o CD. Há um excesso de sentimentalismo brega - sobretudo em músicas como Nossa História Acabou e Ardendo de Amor - que dilui o suingue da Calypso e apaga a identidade da banda. Inclusive porque o mix de ritmos está cada vez mais variado. Se Domingo a Domingo acena para os forrós por conta da sanfona que dá o tom do arranjo, Chama Guerreira celebra o boi amazonense - à moda da Calypso - com as adesões de dois cantores da região, David Assayag e Edilson Santana, saudados na faixa por Joelma como "as grandes vozes da Amazônia". Em outros temas, como Chá de Maracujá, o Calypso já soa como um clone de si mesmo. Por fim, ao término do disco, há as pregações evangélicas feitas nas faixas Luz de Deus - da qual participa Yasmin, filha de Chimbinha e Joelma - e Jesus me Abraçou. É preciso mesmo muita fé para que o Calypso reedite com Vol. 13 o auge comercial vivido pela banda em 2004 e 2005.

India.Arie põe fé no volume dois de 'Testimony'

Resenha de CD
Título: Testimony Vol. 2
- Love & Politics
Artista: India.Arie
Gravadora: Soulbird
Music
Cotação: * * * 1/2

Três anos após consolidar sua carreira fonográfica com seu terceiro álbum, Testimony Vol. 1 - Life & Relationship (2006), India.Arie apresenta a segunda inferior parte de seu testemunho fonográfico. Lançado no exterior em fevereiro de 2009, mas ainda inédito no mercado brasileiro, Testimony Vol. 2 - Love & Politics é CD de tom globalizado em que Aire expressa mais otimismo, detectável logo em faixas iniciais como Therapy. As letras exalam esperança mesmo quando tocam em temas trágicos como as guerras e a devastação do furacão Katrina, como no blues Better Way, no qual figura a guitarra de Keb'Mo', músico norte-americano voltado para o gênero. Em disco pontuado por convidados recrutados fora do mainstream, como o cantor turco Sezen Aksu, India.Arie dá testemunho de fé fiel ao neo-soul e ao r & b. Yellow, a propósito, remete ao som de Stevie Wonder. Contudo, há no quarto álbum da cantora uma maior dose de sensualidade, perceptível em faixas como He Heals me - baladão de espírito soul no qual Aire exalta as qualidades de seu homem - e Pearls. Neste cover da música de Sade, a artista divide o microfone com o cantor africano Dobet Gnahore em dueto harmonioso. É fato que nem sempre o disco mantém o pique ao longo das 16 faixas. A incursão pelo universo do hip hop em Psalms 23 soa trivial. Assim como os versos de Beautiful Day parecem extraídos de banal manual de auto-ajuda. Detalhes que, no todo, não minimizam a beleza deste testemunho fervoroso de India.Arie sobre o amor e as políticas da vida a dois.

Chega ao Brasil filme sobre improvisos no jazz

Resenha de DVD
Título: Improvisation
Artista: Charlie
Parker, Coleman
Hawkins, Lester
Young e outros
Direção: Norman
Granz & Gjon Mili
Gravadora: ST2
Cotação: * * * * *

Em 1944, o produtor Norman Granz (1918 - 2001) e o fotógrafo Gjon Mili (1904 - 1984) foram contemplados com uma indicação ao Oscar por conta do curta-metragem Jammin' The Blues, incursão inicial de ambos no cinema. Em 1950, Granz e Mili se reuniram para filmar o que deveria ser a seqüência do curta: um documentário sobre a improvisação no jazz. Contudo, tal filme não foi concluído e terminou esquecido. Até ser restaurado - com várias imagens adicionais captadas em anos posteriores, caso dos três números feitos pelo pianista Count Basie (1904 - 1984) no Montreux Jazz Festival em 1977 - para ser editado em DVD duplo que, lançado em 2007 no exterior, chega ao Brasil neste início de 2009 pela via gravadora ST2, que distribui no mercado nacional os títulos da Eagle Vision. Improvisation é biscoito finíssimo para amantes do jazz. O filme capta ícones do gênero, como os saxofonistas Charlie Parker (1920 - 1955) e Coleman Hawkins (1904 - 1969), numa sessão de estúdio filmada por Granz sob a fotografia de Mili. Na mesma histórica sessão, há aparições de outro saxofonista, Lester Young (1909 - 1959), e de Ella Fitzgerald (1917 - 1996), uma das cantoras mais hábeis na técnica do improviso. Mesmo inacabada, a filmagem de 1950 capta a essência sublime da Arte de grandes jazzistas. As seqüências adicionais - caso dos dois números que flagram Ella em 1979, Do Nothing Till You Hear from me e I Got It Bad and That Ain't Good - não tiram o foco do tema central do documentário: a improvisação, mola mestra do jazz. Nos extras, há exposição de 54 fotos inéditas - clicadas por Paul Nodler, assistente de Mili, na sessão de 1950 - e a exibição de Jammin' the Blues, o histórico curta que deu origem ao longa de caráter também antológico. Essencial na DVDteca do fã de jazz.

Moraes reconta mal 40 anos de história musical

Resenha de CD / DVD
Título: A História dos
Novos Baianos
e Outros Versos
Artista: Moraes
Moreira
Gravadora: Biscoito
Fino
Cotação: * *

Moraes Moreira completa em 2009 quatro décadas de carreira, iniciada em 1969 como integrante do já lendário grupo Novos Baianos. É justo, pois, que o compositor festeje essa data com projeto retrospectivo editado em DVD e CD ao vivo - até porque o único DVD de Moreira disponível até então no mercado fonográfico era um Acústico MTV transposto do VHS lançado em 1995. Infelizmente, a gravação captada em show feito em junho de 2008 na Feira de São Cristovão - tradicional e festeiro reduto de nordestinos radicados no Rio de Janeiro (RJ) - flagra o artista em momento ruim. Moreira está cantando mal. Sua voz soa fanhosa, por vezes, com emissão abaixo do padrão habitual do artista, que, mesmo sem nunca ter sido um majestoso cantor, sempre deu conta do recado ao interpretar suas músicas. Para piorar, a captação de imagens é protocolar, com movimentos lineares que pouco exploram o cenário de bolas e globos coloridos que remetem aos festejos juninos. Esses fatores fizeram com que o CD e DVD A História dos Novos Baianos e Outros Versos - gerados a partir do livro homônimo de 2007, escrito por Moreira com inspiração na literatura de cordel - sejam pálida amostra da obra vivaz do subestimado compositor, ainda não reconhecido na medida da qualidade de sua obra autoral, (ainda interessante, a julgar pelo ignorado CD De Repente, editado em 2005). É fato que as duas inéditas do roteiro, Oi e Spok Frevo Spok, também não se impõem dentro do vasto repertório do artista. A primeira é canção que busca nos versos uma sintonia com a modernidade hi-tech. "Essa é para tocar no seu celular", anuncia Moraes, antes de cantar Oi, cuja letra fala da comunicação entre apaixonados via telefonia móvel. A segunda - parceria de Moraes com o guitarrista Fernando Caneca - é mais interessante por celebrar o frevo e o maestro Spok, de Pernambuco. Aliás, o ritmo pernambucano dá o tom do bloco final do show dirigido por João Falcão. É o momento em que Moreira recorda hits como Festa do Interior e Bloco do Prazer, frevos lançados por Gal Costa com grande repercussão popular em 1981 e em 1982, respectivamente, na sua fase tropical.

Com a participação de Davi Moraes, que canta e toca sua guitarra em músicas como Colégio de Aplicação, Moreira reconta sua história a partir da vivência hippie no grupo Novos Baianos, desmistificada em cena ("Nenhum novo baiano tinha talento para administrar a vida prática", admite Moreira, acrescentando que as dificuldades econômicas o impulsionaram a deixar o grupo para seguir carreira solo). Nesta primeira parte, o compositor intercala as músicas com leituras de trechos do livro que emprestou seu título ao CD e DVD ora lançados pela Biscoito Fino. Preta Pretinha - referendada pelo forte coro popular - ressurge com progressiva pegada agalopada de pique carnavalesco. Um Bilhete para Didi, solo de Davi, mostra que o filho de Moreira também é herdeiro da maestria do tio Pepeu Gomes ao tocar sua guitarra suingante. De Pepeu, a propósito, Moreira revive mais tarde Eu Também Quero Beijar, hit das FMs nos anos 80. Entre reverências a Luiz Gonzaga (1913 - 1989), cujo baião Respeita Januário é emendado em medley com o Forró do ABC, o compositor reconta sua história solo através de sucessos como o samba Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira (1979), a balada Sintonia - hit radiofônico dos anos 80 recriado com toque nordestino - e a canção Meninas do Brasil, certamente incluída por conta da escolha da música para batizar o show que uniu Jussara Silveira, Rita Ribeiro e Teresa Cristina. Aliás, a interpretação atual do autor é tão desbotada face ao registro das cantoras que é exemplo perfeito do caráter insosso do DVD, em cujos extras, simpáticos, Moreira circula pela Feira de São Cristovão. O artista visita a barraca da Chiquita (feirante que em 2009 contabiliza 30 anos no local), tira fotos com fãs, come tapioca e aprecia as estátuas de Lampião (1897 - 1938) e Maria Bonita (1911 - 1938). Pena que, em cima do palco, comandando a massa, Moraes Moreira não tenha se mostrado tão sedutor como de costume. Seus 40 anos de coerente história mereciam registro mais refinado - à altura da importância desse compositor na MPB.

Som Livre altera logo para marcar seus 40 anos

A partir deste domingo, 1º de março, a Som Livre adota nova logomarca, criada a partir da anterior para remeter aos 40 anos da gravadora, festejados em 2009. A logomarca (foto) comemorativa das quatro décadas da empresa já poderá ser vista nos CDs que chegam às lojas a partir deste mês de março. Entre eles, a coletânea Djavan por Eles & por Elas - songbook duplo com 28 músicas do compositor alagoano cantadas por um time que vai de Ivete Sangalo (Tanta Saudade) a Maria Bethânia (Álibi), passando por Chico Buarque (A Ilha) e Ney Matogrosso (Nobreza) - e a trilha sonora indiana da novela Caminho das Índias. Em abril, a gravadora lança o primeiro disco da cantora paulista Maria Gadú, promessa de revelação para 2009 (e grande aposta da Som Livre).