13 de setembro de 2008

Biquini volta aos 80 para gravar ao vivo no Rio

Depois de lançar em 2007 um bom disco de inéditas (Só Quem Sonha Acordado Vê o Sol Nascer) que merecia maior repercussão, o grupo Biquini Cavadão adere novamente à onda revisionista da indústria fonográfica e grava em show no lendário Circo Voador (RJ) - agendado para 20 de setembro de 2008 - o DVD e CD ao vivo intitulados 80 Vol. 2. O título alude ao CD 80, lançado pelo quarteto carioca em 2001 com músicas de bandas projetadas na década que abriu as portas do mercado para o pop rock brasileiro. No repertório, o Biquini vai reviver músicas de nomes como Cazuza (1958 - 1990), Leo Jaime, Legião Urbana, Lobão, Os Paralamas do Sucesso, Titãs e Ultraje a Rigor, entre outros artistas e grupos que marcaram a música da década de 80.

Jota Quest sobe 'Ladeira' com a letra de Motta

Ladeira é o título da letra escrita por Nelson Motta a partir da melodia que recebeu do Jota Quest. A música foi gravada pelo grupo mineiro no álbum que chega às lojas no início de outubro, pela gravadora Sony BMG. Intitulado La Plata, nome também da primeira faixa eleita para promover o trabalho nas rádios e televisões, o disco foi produzido por Liminha - recrutado para a função inicialmente destinada a Mario Caldato e a Kassin, que, alegando problemas de agenda, propuseram em maio um inviável adiamento das gravações. Na foto acima, de Bárbara Dutra, Motta posa com Paulinho Fonseca (à esquerda), PJ e Rogério Flausino (à direita) na frente do estúdio inaugurado pelo quinteto em Belo Horizonte (MG) com a gravação de La Plata. O CD reúne inéditas.

Matança e perdão no CD de Margareth Menezes

Música de Jatobá, gravada por Xangai em 1982 no LP Qué qui Tu Tem Canário?, Matança é uma das curiosidades do disco que Margareth Menezes vai lançar no fim deste mês de setembro de 2008. No CD Naturalmente, produzido por Mazzola para a MZA Music, a cantora (à esquerda em foto de Washington Possato) grava também O Perdão, parceria de J. Veloso com Roberto Mendes. Distante do festivo universo da axé music, o fino repertório inclui músicas de Chico César (Por que Você Não Vem Morar Comigo?), Gilberto Gil (Mulher de Coronel, em dueto com o autor), Luiz Ramalho (Foi Deus Quem Vez Você) e Nando Reis (Os Cegos do Castelo, faixa escolhida para puxar o disco). Há inédita de Marisa Monte (Gente, com Arnaldo Antunes e Pepeu Gomes) e samba popularizado na voz de Jorge Aragão (Abuso de Poder, de Marquinhos PQD e Carlito Cavalcante). O álbum reúne 11 músicas.

Fábio Stella evoca seu velho amigo Tim em CD

Fábio Stella - cantor que agregou ao nome artístico o título de seu único grande sucesso - continua evocando a figura de seu amigo Tim Maia (1942 - 1998). Após editar o livro Até Parece que Foi Sonho, em que narra suas aventuras com o Síndico, o bom cantor lança o CD Meu Jovem Amigo. A faixa-título é um recado a Tim. Entre inusitado bolero, Inolvidable, o repertório inclui regravações de Risos (parceria de Fábio com Paulo Imperial, gravada por Tim Maia nos anos 70) e Preciso Urgentemente Falar com Cassiano, tema cujo título é um recado para o outro grande gênio temperamental da soul music nacional.

12 de setembro de 2008

'Rei' fala língua de seus súditos até em espanhol

Resenha de CD / DVD
Título: Roberto Carlos
en Vivo
Artista: Roberto Carlos
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * *

A edição do DVD Roberto Carlos en Vivo - com um conteúdo idêntico ao do CD lançado em fins de julho de 2008 - mostra que o Rei fala a língua de seus súditos em qualquer idioma. Neste registro de show, captado em Miami (EUA) em maio de 2007 durante duas apresentações do cantor na Ziff Opera House, o idioma é o espanhol. Mas as emociones são as mesmas. Talvez os fãs brasileiros estranhem a inclusão no roteiro de Un Gato en la Oscuridad - versão em castelhano (de 1972) da música italiana gravada por Roberto em dezembro de 1971 para o XII Festival de San Remo - e de El Dia que me Quieras, o tango de Carlos Gardel (1890 - 1935) e Alfredo Le Pera (1900 - 1935) que Roberto abolerou. Mas é só. No mais, as músicas são as mesmas. As falas são as mesmas. O roteiro, enfim, é quase o mesmo de seus shows brasileiros. Contudo, as lágrimas nos olhos de várias espectadoras - captadas pelo diretor do DVD, Mário Meirelles - sinalizam que a força da música de Roberto Carlos derruba fronteiras idiomáticas.

Intenso, Fito reergue sua ponte Argentina-Brasil

Resenha de show
Título: Fito Paez
Artista: Fito Paez (com Ana Cañas, Herbert Vianna,
Milton Nascimento e Vanessa da Mata)
Local: Canecão (RJ)
Data: 11 de setembro de 2008
Cotação: * * * *

Ao lado das obras de Charly García e do grupo Soda Stereo, o cancioneiro de Fito Paez é uma das mais perfeitas traduções do pop rock da Argentina. Projetado no início dos anos 80, Fito volta e meia atravessou a fronteira que separa a música argentina da MPB. Na noite de quinta-feira, 11 de setembro de 2008, o artista reergueu a ponte que liga os dois países em show no Canecão (RJ) que contou com intervenções de Ana Cañas, Herbert Vianna, Milton Nascimento e Vanessa da Mata. A sós com seu piano, Fito desfiou durante duas horas canções e rocks que expuseram sua veia poética - ora ácida, ora lírica. Saiu de cena ovacionado e tendo seu nome gritado pela platéia que conhecia bem os versos de composições como Un Vestido y un Amor e, claro, Mariposa Tecknicolor, um de seus maiores hits - pedido aos berros pelos fãs.

Logo no começo, uma versão bilingüe de Vaca Profana (Caetano Veloso, 1984) mostrou a razoável intimidade do cantor com o português. Mas o publico estava ali para ouvir o cancioneiro do próprio Fito. E ele não decepcionou seus fãs, apresentando roteiro turbinado com sucessos antigos, muitos da década de 80, caso de 11 y 6, carro-chefe de seu álbum Giros (1985). Ainda que um dos grandes momentos da noite tenha sido a balada El Cuarto de al Lado, extraída de seu álbum mais recente, Rodolfo (2007). A letra sensível da canção foi exposta no telão, em belo efeito visual.

Após cantar Cable a Tierra, Fito chamou ao palco do Canecão o primeiro convidado da noite, Herbert Vianna, com o qual já dialoga musicalmente desde os anos 90 através do grupo Paralamas do Sucesso. Com Herbert munido de sua guitarra, Fito engatou dueto bilingüe em Trac Trac (faixa do álbum Os Grãos, de 1991) e, com mais peso, uma parceria de ambos, El Vampiro Bajo el Sol, do disco Severino (1994). Mas peso mesmo teve no registro heavy de Ciudad de Pobres Corazones, quando Herbert voltou ao palco e Fito saiu do piano para tocar guitarra, já no fim do show, então já impregnado de uma atmosfera roqueira por conta de números afiados como A Rodar mi Vida, trunfo do autor.

Depois de Fito apresentar Ambar Violeta, Un Vestido y un Amor (com coro espontâneo da platéia) e o estilizado tango Tumbas de la Gloria, foi a vez de Vanessa da Mata entrar em cena. Dividindo o banco do piano com o embevecido anfitrião, ela cantou a balada Amado (com Fito ao piano e, no final, arriscando uns vocais) e mostrou evolução como intérprete ao entoar Tres Agujas (número que terminou de pé, vocalizando com suingue latino) e Desde que o Samba É Samba, o hit (deslocado) de Caetano Veloso.

Na seqüência, Al Lado del Camino, Detrás del Muro de los Lamentos e a roqueira La rueda Mágica esquentaram o público e o prepararam para a entrada de Ana Cañas, que, na contramão da intensidade imprimida por Fito ao roteiro desde o início do show, arriscou seu registro cool de Coração Vagabundo, a música do recorrente Caetano que gravou em seu primeiro CD. Cañas errou a mão no figurino, na maquiagem e no estilo norte-americano de canto que deslocou do eixo latino seus dois próximos números, Fue Amor e A Rodar mi Vida, outro tema de tom roqueiro. No bis, uma entrada majestosa de Milton Nascimento, em Yo Vengo a Ofrecer mi Corazón, preparou o gran finale (com Brillante sobre el Mic e Mariposa Tecknicolor) de uma noite memorável que teve imagens captadas por Fito para inclusão em DVD a ser editado até o final de 2008. O pop rock argentino e a MPB reestreitaram laços.

Guns N' Roses domina a autobiografia de Slash

É sintomático que boa parte das 464 páginas da autobiografia de Slash - escrita pelo guitarrista com o auxílio do jornalista musical Anthony Bozza - seja ocupada com suas aventuras na estrada com o Guns N' Roses, o grupo norte-americano que o projetou nos anos 80. Slash, o livro recém-lançado no Brasil pela Ediouro, vai contentar quem espera ler histórias na linha sexo, drogas e rock'n'roll. O britânico Saul Hudson - conhecido somente como Slash, atualmente no grupo Velvet Revolver - narra na primeira pessoa uma vida pouco convencional que tem enredos de sobra para garantir uma sedutora leitura. Como está estampado na capa do livro, "parece exagerado, mas não significa que não aconteceu".

A coletânea para crianças que mira os adultos

Resenha de CD
Título: Dr. Sabe-Tudo
Artista: Vários
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * 1/2

Com a proximidade do Dia das Crianças, em 12 de outubro, as gravadoras já começam a pôr nas lojas produtos infantis. É o caso da compilação Dr. Sabe Tudo. Embora a seleção de repertório (a cargo do jornalista Rodrigo Faour) seja bem irregular, a coletânea procura escapar dos clichês do gênero. A começar pela faixa-título, uma parceria de Rubinho Jacobina com Jonas Sá, (mal) cantada por Jacobina. Entre hits inevitáveis como Superfantástico e Lindo Balão Azul (nas respectivas gravações originais), há boas sacadas como Loadeando - o bate-papo rapeado de Marcelo D2 com seu filho, Stephan - e Tatibitati, da fase tecnopop de Rita Lee. São músicas dirigidas aos adultos que também podem ser enquadradas no universo infantil. Pena que algumas músicas - em especial, A Casa (ouvida no toque pop do Capital Inicial) e Sou uma Criança, Não Entendo Nada (na gravação de Oswaldo Montenegro, inferior ao registro do autor Erasmo Carlos) - não tenham sido selecionadas com suas ótimas gravações originais. Pena também que não haja informações no magro encarte sobre a origem dos 15 fonogramas. O ouvinte fica sem saber, por exemplo, que o registro esquisito de Hollywood com o grupo Los Hermanos foi feito para outro projeto infantil da gravadora Som Livre, Superfantástico. Entre erros e acertos, a coletânea deixa a sensação de ser mais um caça-níquel que, mais do que as crianças, mira os cofres da gravadora...

11 de setembro de 2008

Cheia de bossa, Paula canta o samba pré-Bossa

Resenha de CD
Título: Telecoteco
Um Sambinha
Cheio de Bossa...
Artista: Paula
Morelenbaum
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * *

Revelada no começo dos anos 80, no grupo vocal Céu da Boca, Paula Morelenbaum é correta cantora que não tem voz ou timbre especialmente marcante. Foi vocalista de discos de Tom Jobim (1927 - 1994) e iniciou carreira solo em 1992 com o CD Paula Morelenbaum (Cameratti). Telecoteco é o melhor título de sua obra fonográfica, escorada em regravações de standards da música popular brasileira com sonoridades contemporâneas. A idéia é bacana: reunir alguns sambas que já continham um balanço cheio de bossa, um pouco distante do suingue tradicional do gênero. "Quando eu canto meu sambinha batucada / A turma fica abismada com a bossa que eu faço (...) / Não tenho veia poética / Mas canto com muita tática", gaba-se a cantora nos versos de O Que Vier Eu Traço (1945), parceria de Alvaiade e Zé Maria que resume na letra o espírito do disco, incrementado com programações espertas de Beto Villares, Marcos Cunha e Marcelinho da Lua. A extensa lista de convidados dá charme e tons especiais ao CD. Se o piano caribenho de João Donato impregna Love Is Here to Stay (George & Ira Gershwin, 1938) de latinidade, o grupo argentino Bajofondo injeta seu suingue eletrônico em O Samba e o Tango (Amado Régis, 1937) numa grande sacada da artista. Pena que a voz opaca de Beto Villares tire um pouco do brilho do registro do samba-canção Você Não Sabe Amar (Dorival Caymmi, Carlos Guinle e Hugo Lima, 1950). Aliás, Marcos Valle também não se mostra na melhor das formas vocais no dueto feito com Paula em Ilusão à Toa (Johnny Alf, 1961). Com capa que remete à estética dos LPs da década de 50, Telecoteco fica mais delicioso quando Paula se afasta dos temas mais românticos e investe na bossa suingante de sambas como Sei Lá se Tá (Alcyr Pires Vermelho e Walfrido Silva, 1940) e Luar e Batucada (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1957), um tema pouco ouvido do Maestro Soberano - o compositor que rege (toda) a discografia de Paula Morelenbaum.

Livro relaciona mar de Caymmi à onda da bossa

Resenha de livro
Título: Caymmi e a
Bossa Nova
Autor: Stella Caymmi
Editora: Ibis Libris
Cotação: * * * *

Neta de Dorival Caymmi (1914 - 2008), a jornalista Stella Caymmi já tinha reconstituído a trajetória do avô na biografia Caymmi - O Mar e o Tempo (Editora 34, 2001). Neste segundo livro sobre a obra do compositor, Stella dá boa contribuição à bibliografia do artista ao defender a tese interessante de que a obra de Caymmi foi bem recebida de imediato pelos bossa-novistas pelo fato de já antecipar a modernidade e as conquistas harmônicas que seriam oficializadas na música brasileira a partir de 1958 com a gravação de Chega de Saudade por João Gilberto. Caymmi e a Bossa Nova, a propósito, é livro baseado na dissertação O Portador Inesperado - A Obra de Dorival Caymmi (1938 - 1958), defendida pela autora em 2006. A abordagem é original e interessante, ainda que - para o público em geral - o livro tenha páginas de difícil assimilação, já que nem sempre a autora consegue se livrar da linguagem acadêmica. Sobretudo quando apresenta os cânones da Estética da Recepção, teoria literária surgida na Alemanha em 1967. É através dessa Estética da Recepção que Stella mostra como a percepção da obra de Caymmi foi alterada a partir do surgimento da Bossa Nova. Antes, no período que vai de 1938 a 1958, os críticos tendiam a enquadrar o cancioneiro de Caymmi em rótulos regionais e, não raro, a carimbavam com a pecha de folclórica. A partir de 1958, com as conquistas advindas com a bossa hoje cinqüentenária, esse mesmo cancioneiro é (mais bem) compreendido em toda sua antecipadora modernidade e intuitiva sofisticação. Moral da tese defendida pela autora: a onda da Bossa Nova também se ergueu no mar de Dorival Caymmi. Por isso, ele foi bem recebido pela turma que renegou outros compositores projetados nos anos 30 - como Noel Rosa (1910 - 1937). Enfim, um olhar com bossa sobre uma obra que vai sobreviver ao tempo e às ondas da música brasileira.

Reis guia seu coração estradeiro pelos interiores

Resenha de CD
Título: Coração
Estradeiro
Artista: Sérgio Reis
Gravadora: Atração
Fonográfica
Cotação: * * *

"Já fiz de tudo, hoje sigo minha estrada", já confidencia Sérgio Reis em verso de Meu Legado, uma das 16 músicas deste seu 54º disco. Coração Estradeiro guia este ídolo efêmero da Jovem Guarda pelo(s) interior(es) do Brasil - rota que Reis seguiu desde os anos 70 quando seu sucesso juvenil, Coração de Papel, já havia amarelado. Neste álbum, aliás, o intérprete de O Menino da Porteira transita com mais elegância pelos temas caipiras mais tradicionais do que pelos ritmos animados dirigidos aos arrasta-pés, alvos de faixas como Tá Sobrando Muié e Bando de Vagabundo, de tom mais rasteiro. Dentro da estrada do bom gosto, Reis saúda os caminhoneiros na bonita faixa-título, festeja a fartura do solo brasileiro em Terra Genuína (em emblemático dueto com Roberta Miranda) e celebra a religiosidade do povo interiorano em Oh... Viola Iluminada. Entre os convidados, Dominguinhos cruza o caminho de Reis na forrozeira Hoje Ninguém Fica Só. Já a dupla Durval e David, tradicional no gênero, assume a direção na pungente moda de viola Herói sem Medalha. As modas violeiras, aliás, são uma das especialidades de Reis - como pode ser comprovado na reprise de Pantanal, novela em que ele encarna o peão Tibério. Na carona do sucesso da reexibição da trama pelo SBT, Reis regrava Comitiva Esperança, seu sucesso na trilha da novela - da qual o cantor também revive Triste Berrante, o lamento nostálgico de Adauto Santos (1940 - 1999), outra rota acertada deste Coração Estradeiro que seria um grande disco se tivesse se desviado dos temas mais vulgarizados dos arrasta-pés. Todavia, a estrada é boa.

Terceiro CD solo de Beyoncé sai em novembro

Ainda sem título divulgado, o terceiro álbum solo de Beyoncé Knowles já tem data para chegar às lojas dos Estados Unidos: 18 de novembro de 2008. Antes, em 7 de outubro, duas faixas, If I Were a Boy e Single Ladies, já poderão ser ouvidas nas rádios e nos novos canais digitais. Beyoncé está envolvida na produção ou na composição de todo o repertório, inédito e de suposto tom mais reflexivo. Justin Timberlake é um dos convidados do CD, que vai ter distribuição mundial da gravadora Sony BMG e chega ao Brasil.

10 de setembro de 2008

CD ao vivo expõe momento raro da moça Clara

Resenha de CD
Título: Poeta, Moça e Violão
Artista: Clara Nunes, Toquinho & Vinicius de Moraes
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

O CD Poeta, Moça e Violão - ora lançado pela Biscoito Fino com o registro ao vivo do show feito em 1973 por Clara Nunes (1942 - 1983) com a dupla Toquinho & Vinicius de Moraes (1913 - 1980) - não reproduz com exatidão a gravação editada em 1991 em LP triplo pela gravadora Collector's. Há trechos do LP, mas a matriz principal deste CD de alto valor documental são fitas cassetes guardadas há 35 anos pelo viúvo de Clara, o compositor Paulo César Pinheiro. De posse das fitas cedidas por Pinheiro, o produtor José Milton criou novo roteiro que junta 17 números captados tanto no Teatro Castro Alves, em Salvador (BA), como na boate Sucata, no Rio de Janeiro (RJ). Como as fitas passaram por cuidadoso processo de digitalização e restauração, em processo coordenado pelo técnico Carlos de Andrade (da Visom Digital), a qualidade técnica é satisfatória se levados em conta a limitação da época e, sobretudo, o caráter descompromissado da gravação - feita sem o intuito de editar o show em disco. Mas eis que Poeta, Moça e Violão surge pela primeira vez em CD, dando a oportunidade de fãs novos e antigos de Clara conhecerem um momento raro da Guerreira. Em 1973, a cantora já estava em ascensão no mundo do samba, mas ainda não tinha estourado de forma definitiva - o que viria a ocorrer no ano seguinte, em 1974, com o sucesso de Conto de Areia, carro-chefe do LP Alvorecer. Por isso mesmo, é um grande privilégio poder ouvir a cantora interpretar, com sua voz luminosa, músicas como Serenata do Adeus (em dueto com Toquinho), Rancho das Flores, Lamento, Mundo Melhor, Samba em Prelúdio e Marcha da Quarta-Feira de Cinzas. São clássicos da MPB que não faziam parte do repertório habitual de Clara - e nem viriam a fazer, uma vez encerrada a temporada do histórico show enfim eternizado em formato digital.

Roberta, Gil, Djavan e Diogo no Grammy Latino

Djavan, Gilberto Gil, Roberta Sá (em foto de Paulo Vainer) e Diogo Nogueira se destacam na lista de indicações ao 9º Grammy Latino - anunciada em Los Angeles (EUA) nesta quarta-feira, 10 de setembro de 2008. Os quatro estão entre os poucos artistas brasileiros que concorrem nas categorias fortes do prêmio, que vai ser entregue em 13 de novembro. Roberta e Diogo disputam o troféu de Revelação, concorrendo com Kany Garcia (roqueira de Porto Rico e possível vencedora), Monica Giraldo e com Ximena Sariñana. Mas é pouco provável que ganhem, já que o Brasil tem pouco peso nas fundamentais categorias do Grammy Latino. Djavan e Gilberto Gil também estão bem na lista. Ambos disputam o troféu de Álbum de Cantor Compositor por Matizes e Banda Larga Cordel, respectivamente, e têm como concorrentes Fito Paez, Pablo Milanés e Tommy Torres. Djavan e Gil têm boa chance.
A julgar pela relação de indicados, quem sai na frente é o grupo mexicano de rock Café Tacvba, que domina a lista com seis importantes nomeações, seguido pelo cantor colombiano Juanes e pelo produtor argentino Gustavo Santaolalla - cada um com quatro indicações. Dentro das categorias específicas de MPB, Maria Bethânia sobressai ao concorrer com dois discos - Dentro do Mar Tem Rio ao Vivo e Maria Bethânia e Omara Portuondo - ao prêmio de Álbum de Música Popular Brasileira.

Rolling Stone investiga as lendas do LP 'Paêbirû'

Um dos LPs mais lendários da história da música brasileira, atualmente avaliado em R$ 4 mil nos raros sebos, Paêbirú - Caminho da Montanha do Sol tem sua gênese detalhada na edição da revista Rolling Stone que chega às bancas neste mês de setembro de 2008, com Amy Winehouse na capa. Uma decidida equipe da revista viajou até o município de Ingá de Bacamarte, na Paraíba, para desvendar os mistérios da gravação (realizada em 1974) deste álbum duplo conceitual que seria o primeiro título das discografias de Zé Ramalho e Lula Côrtes se sua tiragem de 1,3 mil cópias - fabricada no início de 1975 - não tivesse sido quase inteiramente destruída numa enchente que levou por água abaixo as ambições de Ramalho e Côrtes de se lançarem no mercado fonográfico. Item de colecionador, já que sobraram apenas 300 cópias da mítica tiragem inicial, Paêbirú permanece inédito no formato digital - o que engrandece a reportagem da Rolling Stone.

Bethânia canta história nobre ao ganhar prêmio

Sim, sei bem
Que nunca serei alguém
Sei, de sobra
Que nunca terei uma obra
Sei, enfim
Que nunca saberei de mim
Mas agora
Enquanto dura esta hora
Esse luar, esses ramos
Essa paz em que estamos
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser
Sim, Sei Bem (Sueli Costa - Fernando Pessoa)

Como a lembrar sutil e poeticamente que todas as glórias são transitórias, Maria Bethânia abriu o show idealizado para a cerimônia de entrega do Prêmio Shell de Música 2008 com Sim, Sei Bem - poema de Fernando Pessoa, musicado por Sueli Costa e gravado por Bethânia no último CD da compositora, Amor Blue (2006). Mas, sim, Bethânia tem uma obra. E na noite de terça-feira, 9 de setembro de 2008, na casa carioca Vivo Rio, a hora era de homenagens a essa obra tão autoral que fez com que, pela primeira vez, o Prêmio Shell de Música laureasse uma voz, uma intérprete, e não um compositor como, até então, mandava o regulamento do Shell - criado em 1981, com tributo a Pixinguinha.
Em seu discurso de agradecimento, a cantora (em foto de Rodrigo Amaral durante o show) lembrou nomes importantes na sua trajetória majestosa - como Nara Leão (1942 - 1989), que, ao precisar deixar o elenco do musical Opinião em 1965, indicou Bethânia para ocupar seu lugar no espetáculo - marco inicial de carreira pautada pela extrema coerência e devoção aos seus credos e origens. A Bahia estava feliz, sinalizou Bethânia ao agradecer seu Prêmio Shell, e não foi por acaso. "Sou de Keto", sentenciou em verso do inédito samba Feita na Bahia, composto por Roque Ferreira e apresentado em primeira mão no show. De Keto, e de guetos, Bethânia cantou sua história e sua terra sem nunca deixar de ser quem sempre foi. Recitou poemas, desafinou, encantou, esqueceu letra (a de Vila do Adeus) e, como sempre, saiu de cena consagrada, Abelha Rainha, enternecida pelo mel e pelas flores dos súditos que puderam ver o show para convidados.
Sem forçar um caráter retrospectivo no roteiro, Bethânia costurou no inédito show músicas de vários discos e espetáculos. Houve surpresas, como O Canto do Pajé e Não Identificado, e até algumas músicas inéditas. Entre outras músicas que identificam o canto intenso de Bethânia no imaginário popular, passaram pelo filtro de sua voz - nessa noite de festa - Yayá Massemba, O Nome da Cidade, Lamento Sertanejo, Viramundo, O Quereres, Drama, Explode Coração, Bela Mocidade, Iluminada, Lágrima, Olhos nos Olhos, Volta por Cima, Doce Mistério da Vida, Beira-Mar, Debaixo d'Água / Agora, O Canto do Pajé, Sonho Impossível, Reconvexo e, claro, Rosa dos Ventos, tema do show emblemático de 1971 - a matriz dos espetáculos teatrais da luminosa intérprete.
Também uma matriz forte da obra de Maria Bethânia, a figura de Dorival Caymmi (1914 - 2008) foi elegantemente reverenciada com João Valentão - número ao qual se seguiu o delicioso Doce, tema de Roque Ferreira que Bethânia lançou neste ano de 2007 no show feito com a cantora cubana Omara Portuondo. Doce reverencia a baianidade nagô de Caymmi. E Maria Bethânia, vale sempre lembrar, é da Bahia, é de Santo Amaro da Purificação. Simbolicamente, tanto Motriz como Céu de Santo Amaro foram estrategicamente posicionadas ao fim do roteiro - entremeadas com Chão de Estrelas - para evidenciar que, por mais voltas que dê pelo mundo, a obra majestosa de Maria Bethânia ainda gravita em torno de sua terra. Matriz, motriz - na verve do mano Caetano.

9 de setembro de 2008

Mineira Aline Calixto é contratada pela Warner

Cantora carioca (criada em Minas Gerais...) que já vem ganhando projeção no circuito de samba do Rio de Janeiro (RJ), tendo feito temporada de três meses numa das mais badaladas casas da Lapa, Carioca da Gema, Aline Calixto assinou contrato com a gravadora multinacional Warner Music. A intérprete prepara seu álbum de estréia para o início de 2009. No repertório, haverá inéditas de Edu Krieger, Roque Ferreira, Mauro Diniz, Monarco - que, fã já ardoroso da cantora, deu três sambas para ela - e Wilson Moreira, entre sambas de autores de Minas. Aline vai assinar alguns temas!!

Volta do Soda Stereo é registrada em CD e DVD


Tradicional power trio formado na Argentina, no início dos anos 80, o grupo Soda Stereo tinha se dissolvido em 1997. Mas voltou à cena em 2007. O registro da turnê que reagrupou o trio está sendo lançado em dois CDs - vendidos separadamente - e em DVD duplo. A edição de Me Verás Volver - Gira 2007 tem chamado a atenção no mercado fonográfico argentino. É destaque nas lojas.

Artista plástico do Paraná faz a capa do Skank

Rafael Silveira - um artista plástico do Paraná influenciado pela estética da publicidade das décadas de 40 e 50, bem como pelo movimento pop surrealista e por quadrinistas alternativos como Robert Crumb e Chris Ware - assina a capa e o material gráfico do novo álbum do Skank, Estandarte, nas lojas no fim de setembro. O primeiro single do disco produzido por Dudu Marote, Ainda Gosto Dela, tem participação de Negra Li e chega às rádios nesta terça-feira, 9 de setembro de 2008. Estandarte agrega no seu inédito repertório parcerias do vocalista Samuel Rosa com nomes como Nando Reis, César Maurício e o já recorrente Chico Amaral.

Tango embalado para turistas em traje de gala

Resenha de show
Título: Gala Tango
Artista: Vários
Local: La Ventana (Buenos Aires, Argentina)
Data: 8 de setembro de 2008
Cotação: * * *

Assim como existem shows de samba com mulatas direcionados aos turistas do Rio de Janeiro e como existem espetáculos de fado em Lisboa, Buenos Aires tem várias casas que oferecem diariamente shows de tango para seus visitantes. La Ventana é uma delas. Seu show Gala Tango apresenta o mais tradicional dos ritmos argentinos com pompa e circunstância. É o tango - como o nome do show já anuncia - em traje de gala, embalado para turistas que, na maioria das vezes, têm interesse apenas circunstancial pelo gênero. Que, no caso, compreende música e dança. Casais de dançarinos evoluem com desenvoltura pelo salão no ritmo da música que pode ser instrumental ou cantada por dois intérpretes que acentuam na voz o caráter passional do tango. Mas nem tudo é tango. Na casa La Ventana, os espetáculos também agregam temas folclóricos do Noroeste argentino. Temas carregados de um sentimento talvez até mais genuíno do que o percebido no toque padronizado dos tangos. É tudo muito correto e bem executado. Mas, se sobra gala, parece faltar alma. Mas o espetáculo tem lá seu valor para turistas - sobretudo para aqueles a fim de travar um primeiro contato com o gênero. Pena que tudo acabe de forma over, com cantores, músicos e bailarinos no palco para cantar Don't Cry for me, Argentina e reviver Evita, mito argentino que, como o tango, ainda está no centro do marketing turístico que movimenta Buenos Aires. Com ou sem traje de gala...

8 de setembro de 2008

Caixa com a obra solo de Cazuza chega às lojas

Programada inicialmente para ser lançada em fins de julho de 2008, a nova caixa idealizada pela gravadora Universal Music para embalar a discografia solo de Cazuza (1958 - 1990) vai chegar - enfim - às lojas na primeira quinzena deste mês de setembro. Em relação à caixa anterior que agregava os mesmos seis CDs do artista, lançados entre 1985 e 1991, o único atrativo deste box intitulado Cazuza é o DVD Pra Sempre, embora tal DVD já tenha sido editado de forma avulsa pela Universal Music em julho.

DJ Marlboro entra no Tubo de Ensaio do Farofa

Grupo revelado em 1998, responsável pela projeção de Seu Jorge no cenário musical, Farofa Carioca completa 10 anos de carreira às voltas com o lançamento de um novo álbum, Tubo de Ensaio, nas lojas ainda neste mês de setembro de 2008. Entre as músicas do repertório inédito, há Rio Batucada e Trem Mais um Dia. DJ Marlboro é parceiro do grupo na faixa A Feira. CD é independente.

Zoli grava DVD para festejar 25 anos de carreira

Descendente da linhagem soul aberta no Brasil em 1970 com Tim Maia (1942 - 1998) e Cassiano, Cláudio Zoli celebra 25 anos de carreira - tomando-se como ponto de partida o lançamento, em 1983, do primeiro álbum do efêmero grupo Brylho, que emplacou o hit Noite do Prazer - com a gravação de um DVD. O registro ao vivo vai ser feito nesta segunda-feira, 8 de setembro de 2008, em show na casa Ásia 70, em São Paulo (SP). No roteiro, há a inédita Diamantes, tema de Zoli com Alexandre Lima, da banda Manimal.

Vinda de Aznavour ao Brasil gera outro 'best of'

Ainda no rastro da vinda de Charles Aznavour ao Brasil, em abril de 2008, chega às lojas nacionais outra coletânea do compositor e cantor francês, de repertório semelhante ao selecionado para a compilação recém-lançada pela gravadora Som Livre na série Classic. Editada pela Atração, Forever (capa acima) reúne 14 fonogramas registrados por Aznavour para o selo francês Barclay na década de 70. Entre as faixas, há a versão em inglês de She - apresentada no (raro) original em francês no best of da Som Livre.

7 de setembro de 2008

Até bossa nueva é ouvida na feira de San Telmo

O cantor da foto se chama Santiago Delgado e é argentino. Entre orquestras típicas que tocam tangos e temas do folclore portenho, Delgado chama atenção por cantar sucessos da Bossa Nova com seu violão - em improvisado banquinho - na feira de antiguidades que acontece aos domingos, ao redor da Plaza Dorrego, em San Telmo, um dos bairros mais tradicionais de Buenos Aires. Neste domingo, 7 de setembro de 2008, Delgado se fazia ouvir na feira entoando em português clássicos bossa-novistas como Corcovado e Garota de Ipanema enquanto tentava vender seu CD que se chamava... Bossa Nova. Até Sampa entrou no roteiro do artista.

Versão de hit de trio alemão puxa o CD de Kelly

Esta é a capa do disco de inéditas que Kelly Key vai lançar ainda neste mês de setembro de 2008 pela gravadora Som Livre. A música de trabalho do álbum é Parou para Nós Dois, versão de Strictly Physical, sucesso do trio alemão Monrose. O repertório inclui a balada de Fernanda Abreu Você pra mim - lançada pela autora em seu primeiro disco solo, Sla Radical Dance Disco Club (1990) - e recriada por Kelly Key com aval da compositora.

Carlos Colla dá voz ao seu cancioneiro popular

Advogado que se tornou compositor de sucesso popular, tendo sido gravado por Roberto Carlos (Falando Sério, Sonho Lindo, Passatempo) e por cantoras como Sandra de Sá (Solidão, Bye Bye Tristeza) e Fafá de Belém (Meu Disfarce), Carlos Colla decidiu dar a própria voz ao seu cancioneiro sentimental. O compositor vai registrar seu repertório autoral em CD e DVD que serão gravados ao vivo em show agendado para 24 de setembro de 2008, na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ). Alcione - intérprete de músicas de Colla como Meu Vicío É Você - vai participar do espetáculo, intitulado 50 Anos de Música. A direção é de Luiz Carlos Miéle.

Brown apresenta clipe do xote 'Garoa' na MTV

Estréia na segunda-feira, 8 de setembro de 2008, no programa MTV Lab, da MTV Brasil, o videoclipe de Garoa, música lançada por Carlinhos Brown em seu último álbum, A Gente Ainda Não Sonhou. Trata-se da primeira faixa do CD a ganhar um clipe. Dirigido por Gualter Pupo, o vídeo foi gravado em Salvador (BA), com locações no Museu du Ritmo, casa de espetáculos aberta por Brown no bairro do Comércio. Além do clipe, Garoa deve ganhar também uma versão remixada - programada para tocar no verão.