26 de julho de 2008

Ná canta Carmen com inusitados balangandãs

Resenha de show
Título: Ná Ozzetti Canta Carmen Miranda
Artista: Ná Ozzetti
Local: Teatro de Arena da Caixa (RJ)
Data: 25 de julho de 2008
Cotação: * * * *
Em cartaz : Rio de Janeiro (Teatro de Arena da Caixa, 25 e 26 de
julho), Brasília (Teatro da Caixa, de 1º a 3 de agosto) e São Paulo
(Teatro Fecap, de 21 a 31 de agosto, de quinta-feira a domingo)

Difícil associar logo de imediato o canto cool de Ná Ozzetti ao cancioneiro repleto de vivacidade de rítmica gravado por Carmen Miranda (1909 - 1955) no Brasil entre 1929 e 1940, primeiro na RCA Victor e, a partir de 1935, na Odeon. Contudo, a cantora estuda a obra da Pequena Notável desde que integrava o grupo paulista Rumo nos anos 80. "Carmen foi e continua sendo uma das principais referências e influências do meu canto", enfatiza Ná em cena, no meio do show em que aborda o repertório da intérprete de Ao Voltar do Samba (Sinval Silva, 1934), uma das pérolas do roteiro. Depois de estrear em Curitiba (PR), em 17 de julho, o show Ná Ozzetti Canta Carmen Miranda chegou ao Rio de Janeiro na noite de 25 de julho de 2008 para duas apresentações no Teatro de Arena de Caixa. Difícil não se render às duas artistas.

Ná Ozzetti canta Carmen com outros balangandãs, expondo a modernidade do repertório de sua antecessora e evitando os clichês relacionados ao canto da artista portuguesa, vinda para o Brasil antes de completar dois anos. O drible na obviedade já se revela no número de abertura, Imperador do Samba (Waldemar Silva, 1937). A despeito de uma certa linearidade nos números iniciais, casos de Recenseamento (Assis Valente, 1940) e Camisa Listrada (Assis Valente, 1937), o show vai crescendo aos poucos e envolve o espectador em atmosfera de progressiva sedução. No bis, dado com Ta-hí (Pra Você Gostar de mim) (Joubert de Carvalho, 1930), a platéia, já embevecida, se permite até acompanhar Ná e os músicos nos versos dessa marcha que ajudou a popularizar a voz ágil de Carmen no Brasil, no Carnaval de 1930.

O quarteto que divide o palco com Ná - Dante Ozetti (violão), Mário Manga (violoncelo, guitarra e violão), Sérgio Reze (bateria e percussão) e Zé Alexandre Carvalho (baixo acústico) - é também responsável pelo acerto do show, gestado de forma coletiva, como enfatiza a cantora em cena. A inventividade dos arranjos - perceptível nas inusitadas quebradas da supra-citada Camisa Listrada e na marcação do baixo que introduz ...E o Mundo Não se Acabou (Assis Valente, 1938), por exemplo - salta aos ouvidos do início ao fim do roteiro, cujas músicas ganharam, em sua maioria, passagens instrumentais. Mas seria injusto não ressaltar que é a segurança do canto raro de Ná que faz toda a diferença. Seja procurando um tom menos dramático para Na Batucada da Vida (Ary Barroso e Luiz Peixoto, 1934), seja esboçando fina ironia ao (re)fazer o desabafo exposto na letra de Disseram que Voltei Americanizada (Vicente Paiva e Luiz Peixoto, 1940), buscando o histrionismo para valorizar a teatralidade de Boneca de Pixe (Ary Barroso e Luiz Iglesias, 1938) ou exibindo a vivacidade rítmica típica de Carmen em O Samba e o Tango (Amado Regis 1937) e Tic Tac do meu Coração (Alcyr Pires Vermelho e Walfrido Silva, 1935), Ná mostra (total) domínio de sua voz privilegiada e afinada.

Na parte final, mais especificamente a partir de Diz que Tem... (Vicente Paiva e Aníbal Cruz, 1940), os músicos passam a interagir como cantores com Ná em graciosos arranjos vocais. O que dá sabor todo especial a números como A Preta do Acarajé (Dorival Caymmi, 1939), Touradas em Madrid (João de Barro e Alberto Ribeiro, 1938) e a maliciosa Fon Fon (João de Barro e Alberto Ribeiro, 1937). Pena que a iluminação, simplória, não realce o colorido do canto de Ná, que brinca deliciosamente com a voz em Chattanooga Choo Choo (Warren e Gordon, 1942). Ao se despedir dizendo velozmente os versos lépidos do choro Tico-Tico no Fubá (Zequinha de Abreu, 1945), Ná Ozzetti deixa a certeza de que o repertório de Carmen Miranda resiste esplendidamente ao tempo e brilha sempre que é abordado com criatividade e sem os clichês.

Último álbum de Henri ganha edição brasileira

Último título da discografia de Henri Salvador (1917 - 2008), cantor e compositor morto em fevereiro deste ano, o álbum Révérence vai ganhar edição brasileira via Universal Music, nas lojas a partir de 19 de agosto. Lançado em 2006, o CD foi parcialmente gravado e finalizado no Brasil. Conta com arranjos de Jaques Morelenbaum e a participação de músicos como o pianista João Donato e o baixista Jorge Helder. Caetano Veloso faz dueto com Henri em Cherche la Rose. Já Gilberto Gil participa de Tu Sais Je Vais t'Aimer, versão em francês de Georges Moustaki para Eu Sei que Vou te Amar, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Trata-se da única das 13 músicas do CD não assinada por Henri, que saiu de cena aos 90 anos, vítima de um aneurisma.

Mallu Magalhães canta no disco solo de Camelo

Cantora e compositora paulista de 15 anos, revelada na internet no início de 2008 ao pôr suas músicas de tom folk no portal MySpace, Mallu Magalhães faz parte do time de convidados do disco solo de Marcelo Camelo. Amiga do hermano desde que ele viu um show da garota na casa Cinemathèque Jam Club (RJ), Mallu pôs voz e tocou seu violão na música Janta, de autoria de Camelo. Com lançamento agendado para setembro, o CD solo do compositor tem adesões de Dominguinhos, Clara Sverner e de Domenico Lancelotti. O disco vai ser promovido com a turnê nacional que estréia em setembro.

Paula Toller grava primeiro DVD solo em teatro

Programada inicialmente para 5 de agosto, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro (RJ), a gravação do primeiro DVD solo de Paula Toller (à direita numa foto de Christian Gaul) mudou de data e endereço. O registro ao vivo do show SóNós - inspirado no homônimo segundo álbum solo da cantora - vai ser feito em 12 de agosto no recém-reinaugurado e belo Teatro Oi Casa Grande (RJ). Estão previstas participações especiais na gravação. O guitarrista Dado Villa-Lobos será um dos prováveis convidados.

25 de julho de 2008

Cansei de Ser Sexy se aprimora no CD 'Donkey'

Resenha de CD
Título: Donkey
Artista: Cansei de
Ser Sexy
Gravadora: Sub Pop
/ Trama
Cotação: * * * 1/2

Disponibilizado no farto portal Trama Virtual para download gratuito a partir desta sexta-feira, 25 de julho de 2008, o segundo álbum do Cansei de Ser Sexy flagra o grupo paulista em nítida evolução. Em vez do exotismo amador que norteava CSS (2005), álbum de acabamento tosco, Donkey tem mais som e menos pose. É mais orgânico - como se percebe logo no baixo bem marcado que adorna a faixa de abertura, Jager Yoga - e bem menos eletrônico. Nesse som de ambiência mais roqueira, as guitarras adquirem peso em temas como Rat Is Dead (Rage) e I Fly. Mas Donkey - lançado em escala mundial pelo selo Sub Pop na última terça-feira, 22 de julho, e já com edição nacional programada para os próximos dias pela gravadora Trama - não rompe de maneira radical com o passado do Cansei de Ser Sexy (hoje reduzido a um quinteto por conta da saída da baixista Iracema Trevisan, integrante da formação original do grupo nascido em 2003 como um octeto). Músicas como Left Behind, Beautiful Song e a deliciosa Air Painter são pop dance de excelente nível que, além de tudo, evidenciam os progressos do canto da vocalista Lovefoxx. Resta saber se, sem sua aura exótica, diluída em Donkey, o CSS vai se manter em evidência no exterior. Seja como for, seu segundo álbum é bacana.

Bio de Lyra dá visão (superficial) sobre a bossa

Resenha de livro
Título: Eu & e a Bossa
- Uma História da
Bossa Nova
Autor: Carlos Lyra
Editora: Casa da Palavra
Cotação: * *

Carlos Lyra tem autoridade para (re)contar a História e as várias histórias da Bossa Nova. Afinal, compôs numerosos clássicos do gênero e freqüentou todos os cantinhos em que floresceu a velha bossa na segunda metade dos anos 50. Contudo, no livro Eu & a Bossa, Lyra optou por dar mergulho raso no mar de histórias que revolveram as tradições da música brasileira. Em narrativa superficial e episódica, o livro - mais do que oferecer uma visão da Bossa Nova - passa em revista a vida e obra do autor, em texto escrito na primeira pessoa. Há mais fotos do que fatos. Lyra relata alguns causos, revela uma ou outra particularidade de seus principais parceiros (Ronaldo Bôscoli, Vinicius de Moraes, Geraldo Vandré, Gianfrancesco Guarnieri) e historia brevemente sua trajetória no mercado fonográfico. Pela fartura de fotos raras (o maior mérito do livro) e pela estrutura cronológica da narrativa, Eu & a Bossa se parece mais com um almanaque do que com uma biografia substancial, coerente com o currículo do autor. Os dois CDs que vem encartados no livro - anunciado como CDBook - reúnem 48 gravações da obra de Lyra e fornecem o bem-vindo complemento auditivo para compreender uma trajetória importante, contada sem a menor bossa pelo autor.

Marília dá voz a espetáculo musical de bonecos

Magistral atriz que sempre desempenhou bem o papel de cantora, tendo gravado alguns discos e encarnado as principais intérpretes do Brasil no musical Elas por Ela, Marília Pêra dá voz à Sra. Caramujo em Uma Família Feliz, espetáculo de bonecos que estréia em 2 de agosto no Teatro da Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema (RJ). Baseado em conto infantil do escritor Hans Christian Andersen, o musical do grupo Nóis do Vento conta com composições inéditas de Chico Adnet. Marília (no estúdio, em foto de Leo Ladeira) canta o Samba dos Caramujos em dueto com o ator Ney Latorraca, que empresta voz ao Sr. Caramujo. Já Zezé Motta - outra intérprete que sempre transitou entre a dramaturgia e a música - canta o tema de Dona Minhoca, Ouvi Falar. Vale ver!!!

'Donato Tropical' joga boa luz sobre arranjador

Já nas lojas, Donato Tropical é mais uma boa coletânea da série Tropique Samba Lounge - editada pela gravadora Dubas Música - que joga luz sobre o trabalho de João Donato como arranjador e pianista. A rigor, apenas três dos 14 fonogramas foram extraídos da fina discografia de Donato. Os demais são oriundos de discos de intérpretes que convocaram o músico para a ficha técnica. Como de praxe em compilações da Dubas, o encarte reproduz as letras das músicas e oferece informações sobre a procedência de cada uma das 13 gravações, feitas ao longo de 20 anos, abrangendo um período que vai de 1963 a 1983, com faixas raras. Esta é a seleção:

1. Ê Menina - João Donato (1975)
2. A Rã - Gal Costa (1974)
3. Batendo a Porta - Emilio Santiago (1975)
4. Drume Neguinha - Caetano Veloso (1975)
5. O Que É que a Baiana Tem? - Clara Nunes (1974)
6. Nanaê, Naná, Naiana - Sidney da Conceição (1974)
7. Cala a Boca, Menino - João Donato (1973)
8. Onde Anda o meu Amor? - Orlandivo (1977)
9. Amazonas - Nara Leão (1977)
10. Sorri pra Bahia - Luiz Melodia (1983)
11. Café com Pão (Jodel) - Nana Caymmi (1981)
12. Deixa a Menina Sambar - Os Tincoãs (1977)
13. Homenagem a João Gilberto (De Conversa em Conversa / Tim Tim por Tim Tim / Eu Quero um Samba) - Leny Andrade (1979)
14. Outra Vez - João Donato e seu Trio (1963)

24 de julho de 2008

Sai de cena Zezé Gonzaga, voz perfeita do rádio

Calou-se uma das últimas vozes da era de ouro do rádio brasileiro. Aos 81 anos, Zezé Gonzaga saiu de cena na madrugada desta quinta-feira, 24 de julho de 2008, vítima de falência múltipla dos órgãos. Com sua emissão e respiração perfeitas, Zezé foi uma das cantoras brasileiras de maior técnica. Nos áureos tempos da Rádio Nacional, na qual ingressou em 1948, esses atributos a levaram a ser a cantora preferida de Radamés Gnattali (1906 - 1988). Mas Zezé sempre teve o mérito de não esconder sua emoção atrás da técnica rara e privilegiada. Basta ouvir seu sublime registro de Senhorinha (Guinga e Paulo César Pinheiro) - captado ao vivo, em 2002, quando a cantora já contava 75 anos - para apreciar a arte do canto de Zezé. A gravação de Senhorinha foi editada no recente álbum Entre Cordas, lançado neste ano de 2008 pela Biscoito Fino. Foi o último título de uma discografia espaçada, iniciada em 1956 e interrompida em 1971, ano em que Zezé se desiludiu com os rumos do mercado fonográfico. Foi Hermínio Bello de Carvalho - produtor e idealizador de seus últimos CDs - quem a trouxe de volta à cena, em 1979. Foi quando a cantora, nascida na cidade mineira de Manhuaçu, retomou para valer a carreira que iniciara aos 12 anos na terra natal. Uma carreira que não lhe deu a projeção a que ela fazia jus pela extrema afinação. Zezé Gonzaga foi dona de um dos timbres mais belos da música brasileira. No cotidiano, sua voz também exalou doçura fora dos microfones. Ao sair de cena, quase aos 82 anos (iria completá-los em 3 de setembro), Zezé Gonzaga deixa saudades e a constatação de que o Brasil precisa tratar com mais dignidade e zelo suas vozes de ouro.

Coletânea dá novo vôo rasante na obra do 14 Bis

Compilações do grupo mineiro 14 Bis existem aos montes. A recém-editada pela Som Livre na trivial série Sempre nada acrescenta às (rotineiramente) produzidas pela EMI Music, a gravadora que detém o acervo áureo da banda, gravado com a voz e a liderança de Flávio Venturini. A atual compilação é indicada somente para quem desconhece os registros originais de músicas como Planeta Sonho, Todo Azul do Mar, Linda Juventude e Uma Velha Canção Rock'n'Roll. Na virada dos anos 70 para os 80, época do surgimento do 14 Bis, essas músicas sinalizaram - ao lado das gravações do grupo A Cor do Som - um frescor pop que até então era rarefeito na música brasileira daquele período. Rita Lee e Raul Seixas à parte. Contudo, a coletânea dedicada ao 14 Bis na série Sempre dá o mesmo vôo rasante na obra do grupo, se limitando aos hits mais óbvios. O único fonograma mais surpreendente é Dona de mim, música de Moacyr Luz e Aldir Blanc que o grupo gravou na extinta gravadora RGE. Não há dados sobre as 14 faixas.

'The Unseen Beatles' é para os beatlemaníacos

Resenha de DVD
Título: The Unseen Beatles
Artista: The Beatles
Gravadora: Coqueiro Verde
Cotação: * *

The Unseen Beatles é um (insosso) documentário produzido pela BBC e lançado em DVD, ora editado no Brasil pela gravadora carioca Coqueiro Verde. Pouco ou nada acrescenta para quem já viu os vídeos da série Anthology. O foco do filme está na vida atribulada dos Beatles na estrada, mais especificamente nos Estados Unidos. Os Fab Four fizeram turnês somente entre 1963 e 1966. Após conturbada apresentação no Candlestick Park, em San Francisco (EUA), o grupo decidiu parar com as turnês para se dedicar somente às gravações de álbuns. Em 50 minutos, The Unseen Beatles entrevista jornalistas e artistas que conviveram com o quarteto em plena efervescência da Beatlemania. Mas são depoimentos que em nada alteram fatos já conhecidos e até detalhados pelos próprios Beatles ou por seus biógrafos mais sérios (o livro editado em 2007 por Bob Spitz é especialmente recomendável). E as imagens raras, apregoadas na capa, são takes sem movimento. Fotografias, em bom português. Enfim, é mais um lançamento para faturar em cima dos Beatles. E sempre haverá mais um beatlemaníaco disposto a pagar para ver. Literalmente...

Melodia grava especial na MTV que gera DVD

Luiz Melodia grava sábado e domingo, 26 e 27 de julho de 2008, um especial na MTV que ira gerar CD e DVD, programados para outubro. A gravação vai ser pilotada pela emissora no Estúdio S, em São Paulo (SP). No repertório do Especial MTV Luiz Melodia, há sucessos do compositor e músicas de outros autores. O último álbum do artista, Estação Melodia, foi editado pela Biscoito Fino há um ano, em julho de 2007, com 14 sambas dos anos 30 aos 50.

23 de julho de 2008

Amado e Djavan na 'madrugada' de Mart'nália

Madrugada, o CD de estúdio que Mart'nália vai lançar em agosto pela Biscoito Fino, tem produção dividida entre o baixista Arhtur Maia e Celso Fonseca. O disco é inspirado no show Sambacharme, em que a cantora mistura samba com soul. No repertório, há músicas de Djavan (Alívio, parceria com Arthur Maia), Moska (Sem Dizer Adeus), Dori Caymmi - Alegre Menina, feita por Dori a partir de letra do escritor Jorge Amado (1912 - 2001) - e João Nogueira (Batendo a Porta, a parceria com Paulo César Pinheiro).

Engenheiros em recesso por tempo determinado

Humberto Gessinger anunciou na última quinta-feira, 17 de julho de 2008, o recesso por tempo determinado do grupo Engenheiros do Hawaii. O anúncio foi feito em breve comunicado postado no site oficial da banda gaúcha. Nesse hiato, Gessinger vai se dedicar à nova dupla Pouca Vogal, recém-formada pelo artista com Duca Leindecker, guitarrista e vocalista do grupo Cidadão Quem. Eis o breve comunicado de Gessinger (em foto de Washington Possato):

"Os Engenheiros do Hawaii vão sair da estrada por um tempo. Quanto tempo? Não sei. Talvez voltemos para comemorar os 25 anos, dia 11 de janeiro de 2010... talvez um pouco antes ou muito depois. Sempre fomos uma banda silenciosa. Estou curioso pra ver e ouvir como vão soar as músicas e discos com este silêncio radicalizado. Novidades, neste site. Cuidem-se! Tu-di-bom!!!!!!!".

Yahoo volta para festejar 20 anos em CD e DVD

Em 1988, com o virtuoso guitarrista Robertinho de Recife na sua formação, o grupo Yahoo liderou as paradas radiofônicas com Mordida de Amor, versão de Love Bites, sucesso do grupo Def Leppard. Era a faixa que puxava o fraco primeiro álbum da banda, Yahoo. Sem nunca mais bisar tal êxito, o grupo - já com Sérgio Knust no lugar de Recife - ainda insistiu por mais quatro álbuns até que seus bons músicos passaram basicamente a atuar como produtores de artistas como Xuxa, Felipe Dylon, LS Jack, Tânia Mara e Wanessa Camargo. Vinte anos depois, o grupo tenta voltar ao mercado fonográfico e revisa sua trajetória em CD e DVD Yahoo XX ao Vivo, gravados ao vivo na casa Garden Hall, no Rio de Janeiro (RJ). Como parou de gravar discos em 1998 para se dedicar à produção de CDs alheios, a banda recorre no roteiro a hits de alguns artistas com quem trabalhou. Tânia Mara se junta ao grupo em Se Quiser. Felipe Dylon é o convidado de Musa do Verão. Já Marcus Menna recicla sua Carla. A música que puxa a gravação ao vivo é Dona do Mundo, cujo clipe pode ser visto no DVD, distribuído pela gravadora Atração Fonográfica.

Reedição dupla de 'Diesel and Dust' inclui DVD

Lançado com êxito em 1987, o trabalho mais incendiário do grupo (da Austrália) Midnight Oil, Diesel and Dust, está de volta ao catálogo em reedição dupla que acaba de chegar ao Brasil via Sony BMG. Além do explosivo repertório do álbum original, todo remasterizado e acrescido da faixa Gunsbarrel Highway, proibida nos Estados Unidos por conta da letra considerada ofensiva, há um DVD com os vídeos de duas músicas marcantes do disco - Beds Are Burning e The Dead Heart - e com o documentário Blackfella/Whitefella, filmado em 1986 em turnê do grupo por tribos aborígenes da Austrália. Vale a pena reouvir!!

22 de julho de 2008

Filme de 1985 sobre Beach Boys chega ao DVD

A trajetória do grupo The Beach Boys é tão boa que já rendeu alguns filmes. Ora lançado em DVD no mercado brasileiro pela Coqueiro Verde Records, The Beach Boys - An American Band é uma produção de 1985 que documenta a saga dos garotos da praia com ajuda de farto material de arquivo. São rebobinados números de shows e de aparições do grupo na TV norte-americana. Porém, a rigor, o DVD é indicado somente para quem não viu Endless Harmony, um posterior documentário sobre os Beach Boys - com narrativa igualmente avalizada (e conduzida) pelos integrantes do sexteto. Endless Harmony também já foi editado em DVD, disponibilizado no mercado brasileiro pela gravadora paulista ST2. Ou um ou outro...

Weezer recupera a pegada no 'álbum vermelho'

Resenha de CD
Título: Weezer
Artista: Weezer
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Em que pese certa desconexão entre suas 11 faixas, o sexto disco de estúdio do Weezer - já apelidado de Red Album por conta da capa e em alusão ao Blue Album (1994) e ao Green Album (2001), todos três oficialmente intitulados apenas Weezer - traz de volta a pegada azeitada deste grupo norte-americano de rock alternativo. Estão no álbum as melhores qualidades do som do quarteto: as guitarras cruas (em faixas como Automatic) e o apelo pop (visível em temas como Troublemaker). O primeiro single do álbum, Pork and Beans, também se impõe em repertório coeso. Mas seria injusto tirar o mérito dos produtores Jacknife Lee e Rick Rubin, recrutados para pilotar Weezer ao lado da própria banda. Eles parecem ter recolocado o grupo nos trilhos. Entre rocks crus como Cold Dark World e baladas (Heart Songs e The Angel and the One), o Álbum Vermelho deixa uma boa impressão do Weezer.

Bonde do Rolê derrapa na vulgaridade excessiva

Resenha de CD
Título: With Lasers
Artista: Bonde do Rolê
Gravadora: Domino
/ EMI Music
Cotação: *

Para quem não pegou o Bonde do Rolê, o trio curitibano faz sucesso nos circuitos indies da Europa e dos Estados Unidos com seu funk turbinado com batidas de electro e eventuais elementos de rock. É funk à moda carioca - com o batidão dos bailes da pesada. Mas com um teor de vulgaridade tão alto que, no quesito baixaria, o Bonde do Rolê consegue passar por cima dos funkeiros cariocas. With Lasers - o primeiro álbum do grupo formado pelo DJ Rodrigo Gorky (responsável pelas bases de electro) e pelos MC's Marina Vello e Pedro D'Eyrot - foi lançado no exterior em 2007 e chega ao Brasil neste mês de julho de 2008, com distribuição da major EMI Music e 12 músicas recheadas de palavrões e pretensão. Sem moralismos, o humor escrachado e eventualmente espirituoso do trio - perceptível já nos títulos de músicas como James Bonde, Tieta, Office-Boy e Marina do Bairro - poderia soar (até) sedutor se o Bonde do Rolê transitasse por linha menos vulgar. É uma pena que o excesso de palavrões acabe por jogar em segundo plano o pancadão antenado do trio, cujo funk consegue até soar pop em Quero te Amar. Funk por funk, palavrão por palavrão, o bonde carioca já trafega em linha similar.

O primeiro álbum do Roupa Nova chega ao CD

Até então inédito em CD, o bom primeiro álbum do sexteto Roupa Nova - lançado em 1981 com as gravações originais de Sapato Velho, de Canção de Verão e da música de Milton Nascimento e Fernando Brant que batizou o grupo carioca - chega ao formato digital pela Universal Music. No embalo da reedição de Roupa Nova, a gravadora repõe também em catálogo o terceiro álbum do grupo, também intitulado Roupa Nova e lançado originalmente em 1983. Emplacou o hit Anjo. Trata-se dos dois únicos títulos da discografia do grupo que nunca haviam ganhado reedições em CD. Já o segundo álbum do sexteto - lançado em 1982 com o sucesso Clarear - está fora de catálogo, mas foi reeditado em CD, em 1996.

21 de julho de 2008

Belchior tem 13 hits reunidos na série 'Sempre'

Em grande evidência ao longo da década de 70, Belchior tem 13 sucessos de seu período áureo reunidos em coletânea da série Sempre, editada pela Som Livre. Como de praxe, a qualidade da masterização é boa. Como de hábito também, não há qualquer informação sobre a data e a procedência das gravações. Mas a maioria das 14 faixas - seis, a rigor - são de seu segundo álbum, Alucinação, editado em 1976. Outros cinco fonogramas foram extraídos do disco ao vivo Um Concerto Bárbaro, lançado em 1995 e fora de catálogo já há vários anos. Além dos 13 sucessos autorais, a compilação inclui o dueto com Zé Ramalho em Garoto de Aluguel (Taxy Boy), gravado ao vivo para o terceiro volume do projeto O Grande Encontro. Eis as 14 músicas da compilação:
1. Coração Selvagem
2. Todo Sujo de Batom
3. Fotografia 3 x 4
4. Galos, Noites e Quintais - Ao vivo
5. Alucinação
6. Como Nossos Pais
7. Apenas um Rapaz Latino-Americano
8. Medo de Avião - Ao Vivo
9. Paralelas - Ao Vivo
10. A Palo Seco
11. Velha Roupa Colorida
12. Divina Comédia Humana - Ao Vivo
13. Tudo Outra Vez - Ao Vivo
14. Garoto de Aluguel (Taxi Boy) - Ao Vivo - Com Zé Ramalho

Garrido regrava música de Tornado em CD solo

Parceria de Toni Tornado com Frankye, gravada pelo intérprete de BR-3 em seu primeiro LP, Toni Tornado (1971), Me Libertei ganha releitura de Toni Garrido. O ex-vocalista do Cidade Negra está no estúdio Blue, na Barra da Tijuca (RJ), gravando seu primeiro disco solo com a banda Flecha Black. A mixagem do CD vai ser feita pelo produtor Liminha. O lançamento está previsto para setembro em edição da Tora Produções – selo que reúne as empresas Pilastra, CD Promo e TG Produção. A conferir.

'Samba Social Clube' vai virar DVD e CD ao vivo

Uma das obras-primas da parceria de João Bosco com Aldir Blanc, definitivamente associada a Elis Regina (1945 - 1982), O Bêbado e a Equilibrista vai ganhar a voz de Beth Carvalho na gravação ao vivo de CD e do DVD inspirados no programa de rádio Samba Social Clube. A gravação vai ser realizada em dois shows na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro (RJ), agendados para 28 e 29 de julho. Integrante do elenco do segundo dia de gravação, Arlindo Cruz compôs samba inédito, Samba Social Clube, para o projeto que vai chegar às lojas ainda em 2008 pela gravadora EMI Music. Eis os nomes dos dois dias de gravação - aberta ao público:

Segunda-feira, 28 de julho de 2008
* Anna Costa, Anna Luiza, Moacyr Luz e Nilze Carvalho
* Beth Carvalho
* Casuarina
* Fundo de Quintal
* Jorge Aragão
* Leci Brandão
* Lenine
* Monarco & Nelson Sargento

* Sandra de Sá
* Serjão Loroza
* Sururu na Roda
* Teresa Cristina & Grupo Semente
* Zeca Pagodinho

Terça-feira, 29 de julho de 2008
* Alcione
* Almir Guineto
* Arlindo Cruz
* Diogo Nogueira
* Dudu Nobre
* Elza Soares
* Fernanda Abreu
* João Bosco
* Luiz Melodia
* Moinho
* Moyseis Marques
* Roberta Sá

Ovídio homenageia Martinho com Sandra e Ana

Virtuose da cuíca, o percussionista Ovídio estréia como cantor em disco intitulado Viajando com Martinho. Produzido por Ana Costa (à esquerda na foto de Cícero Cunha) para a gravadora Zambo Discos, o álbum é inteiramente dedicado ao repertório de Martinho da Vila, o artista com quem Ovídio mais tocou em shows. O tributo conta com adesões de Almir Guineto, Analimar, Arlindo Cruz, Mart'nália, Sandra de Sá - na foto, em momento descontraído no estúdio quando foi pôr voz em Cidadã Brasileira, samba de Martinho que deu título ao álbum lançado por Leci Brandão em 1990 - Toque de Prima e de Zeca Pagodinho. O CD Viajando com Martinho tem lançamento programado para setembro, a tempo de festejar os 50 anos do novato cantor Ovídio.

20 de julho de 2008

'Macao' expõe profundezas do canto de Macalé

Resenha de CD
Título: Macao
Artista: Jards Macalé
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Décimo disco solo da espaçada obra fonográfica de Macalé, Macao - o nome do álbum se refere ao apelido do artista - não chega a ser um CD de inéditas. Há somente três novas músicas autorais entre as 11 faixas. O Engenho de Dentro é samba letrado por Abel Silva. Parceria com Xico Chaves, Se Você Quiser impõe ao disco a vivacidade típica do maxixe. Já Balada, colaboração de Macalé com Ana de Hollanda, tem atmosfera etérea, sincopada, distante do clima intenso das baladas. E é justamente por transitar em linhas nada óbvias que Macao é um legítimo disco de carreira de Macalé, situado entre os melhores da obra coerente do artista.
Em sintonia com seu passado, o compositor aborda músicas gravadas nos anos 70. Com arranjo urdido com quatro violões superpostos, todos tocados pelo próprio Macalé, Farinha do Desprezo abre Macao da mesma forma que abria o primeiro álbum do artista, Jards Macalé (1973). Na seqüência, Boneca Semiótica - o tema que fechava Aprender a Nadar (1975) - reaparece de forma inventiva com as experimentações do grupo Laptop&Violão com samples da orquestração original de Wagner Tiso inseridos no arranjo de tom contemporâneo. Mais adiante, The Archaic Lonely Star Blues - música lançada por Gal Costa em seu disco Le-Gal (1970), produzido por Macalé - ganha adorno próximo da ambiência do samba-canção, embora a intenção inicial tenha sido evocar a Bossa Nova nos 50 anos do movimento.
A propósito, a velha bossa é lembrada com Corcovado. O tema de Tom Jobim (1927 - 1994) é entoado por Macalé somente na companhia de seu violão. É quando floresce o grande intérprete. Macao é disco que seduz ao expor as profundezas do canto de Macalé. Basta ouvir Ne me Quitte Pas - com o piano e o arranjo de Cristóvão Bastos, que assina a direção musical de Macao com a mesma excelência com que desempenhou a tarefa nos álbuns O Q Faço É Música (1998) e Real Grandeza (2005) - para atestar a capacidade de Macalé de mergulhar fundo em praias alheias. Cantando em francês com insuspeita desenvoltura, o artista atinge todas as intenções dos versos suplicantes e desesperados do belga Jacques Brel sem esboçar arroubos vocais. Da mesma forma, ao cantar magistralmente Um Favor, Macalé se confirma como um dos grandes tradutores do universo amargurado de Lupicínio Rodrigues (1914 - 1974), compositor que Macalé já abordara no belo álbum 4 Batutas & 1 Coringa (1987). Fechando o disco, há leitura pungente de Ronda (única faixa não inédita, extraída de CD produzido por Moacyr Luz em 2003 em tributo a São Paulo) e Só Assumo Só, tema de Luiz Melodia, outro compositor jogado na vala dos malditos dos anos 70 assim como Jards Macalé, o Macao.

Leci seduz ao tomar partido do samba mais alto

Resenha de CD
Título: Eu e o Samba
Artista: Leci Brandão
Gravadora: LGK Music
/ Som Livre
Cotação: * * *

Leci Brandão sempre tomou partido do lado mais fraco. A raiz politizada do samba da artista a levou a ser encarada como espécie de porta-voz das comunidades carentes. Eu e o Samba, o álbum de inéditas que marca a estréia de Leci na gravadora LGK Music, é um dos títulos menos politizados da discografia da sambista. E, sintomaticamente, o melhor momento do álbum é a única regravação do repertório, Tributo a Martin Luther King, pioneiro manifesto de orgulho negro, gravado por Wilson Simonal (1938 - 2000) em 1967 e reciclado por Leci na companhia do filho do cantor, Simoninha. A música de Simonal e Ronaldo Bôscoli (1927 - 1994) caiu muito bem na voz de Leci, que, neste disco, adota tom (bem) mais suave nas suas interpretações.
Lamentavelmente editado sem as letras das músicas no magro encarte, o que incentiva a compra de cópias piratas, Eu e o Samba apresenta 15 faixas. A primeira metade, de caráter mais sentimental, é menos sedutora. Sambas como Desperta pra Felicidade, Difícil Acreditar e Sei que Não Valeu te Amar (gravado em dueto com Mário Sérgio, cantor do Fundo de Quintal) rebobinam o romantismo e o chororô dos pagodes mais banais. Como compositora e intérprete, Leci se mostra mais inspirada ao alertar sem rodeios, em O Bagulho do Amante, as mulheres que arruinam suas vidas ao se deixar envolver e usar por homens que traficam drogas. É quando (re)aparece a cidadã brasileira Leci Brandão da Silva, que sempre deu a cara a tapa, comprometida na incansável militância com seus ideais de dignidade e justiça social.
Fora da esfera social, Sem Perceber - parceria de Jorge Aragão com Flávio Cardoso - se impõe no repertório por manter a cadência envolvente da obra de Aragão. O bom samba está na segunda metade do disco, na qual Leci toma partido do samba mais contagiante. Dona Maria Segura é exemplo de partido de alto quilate. O Criador também empolga - inclusive por ter sido gravado por Leci em dueto com Mart'nália, filha de seu compadre Martinho da Vila. Antes de fechar com a Saudação a Ogum, mantendo a tradição de Leci de reverenciar um orixá a cada trabalho, o disco também cresce em faixas como O Destino do Pescador e Só Não Pode Sem Amor, tema que é um tributo ao samba, ao qual Leci Bradão - entre altos e baixos - se mantém fiel.

NX Zero segue receita com razão e sem emoção

Resenha de CD
Título: Agora
Artista: NX Zero
Gravadora: Arsenal
/ Universal Music
Cotação: * *

Diz Dinho Ouro Preto no texto que escreveu para apresentar o terceiro álbum do NX Zero que todas as 15 músicas de Agora parecem hits. Não está errado. O grupo paulista segue à risca a receita do produtor Rick Bonadio. Até porque há muito em risco. Para o bem ou para o mal, o NX Zero é atualmente a banda mais popular entre a juventude que consome pop rock made in Brazil. Em 2007, o estouro da música Razões e Emoções ampliou e sedimentou a projeção que a banda começou a obter em 2006 com a edição de seu segundo álbum, que emplacou de cara o hit Além de mim. Agora não arrisca. Basta ouvir músicas como Cedo ou Tarde - já um sucesso radiofônico - e Daqui pra Frente para constatar a padronização do pop rock do NX Zero. Entre hardcore quase deslocado (Segunda Chance) e balada melosa (Cartas pra Você), Agora abre espaço para a voz do rapper Túlio Dek, co-autor e convidado das faixas Bem ou Mal e Além das Palavras. Dek - em evidência por conta da inclusão de sua música Tudo Passa na trilha sonora da novela A Favorita - também joga no time de Bonadio, que assina a produção do terceiro álbum do NX Zero ao lado de Rodrigo Castanho. Encerrada a audição do álbum, que fecha com cover burocrático de Apenas Mais uma de Amor, uma das mais belas canções de Lulu Santos, paira no ar a sensação de que houve muita razão na confecção de Agora. A emoção, se existe, parece calculada para preservar a popularidade da banda...

Sá, Rodrix & Guarabyra gravam CD de inéditas

Formado e projetado na primeira metade dos anos 70, quando emplacou hits como Mestre Jonas, o trio Sá, Rodrix & Guarabyra prepara nova volta ao mercado fonográfico. Fiel ao rock rural que caracteriza sua obra, o trio grava em São Paulo (SP) um álbum de músicas inéditas que deverá ser lançado até o fim de 2008. Entre as faixas, O Dia do Rio e Amanhece um Outro Dia, tema que tem presença garantida na trilha sonora da próxima novela do SBT, Revelação, trama ainda sem uma data prevista para entrar no ar.