3 de maio de 2008

'Zoombido' de Moska vira CD via Biscoito Fino

Zoombido - o bom programa apresentado por Moska no Canal Brasil, da Net - vai virar disco. A gravadora Biscoito Fino vai editar CD e DVD com os encontros do artista com nomes da MPB captados para a atração da TV. Por conta de Zoombido, Moska registrou duetos com Lenine, Gilberto Gil, Chico César, Zé Renato, Joyce, Mart'nália, Pedro Luís e Zélia Duncan, entre outros colegas. O lançamento do CD e do DVD está previsto para meados de 2008.

Gavin seleciona somente cantoras para 'Chill 5'

Nas lojas a partir de 12 de maio, o quinto volume da coleção Chill: Brazil - a série produzida pela Warner Music desde 2002 com coletâneas duplas dirigidas para o mercado estrangeiro - tem como curiosidade o fato inédito de apresentar apenas fonogramas de cantoras da nova geração nas 32 faixas, selecionadas por Charles Gavin, o baterista do grupo Os Titãs que também vem atuando como pesquisador e produtor musical nos últimos anos. Entre as 32 cantoras, há nomes ainda desconhecidos no Brasil. Casos de Andreia Dias, Sabrina Malheiros, Jana Costa e Rafaella. Eis as 32 músicas e intérpretes recrutadas por Gavin para Chill: Brazil 5:

CD 1
1. Madrugada - Andreia Dias
2. Samba É Tudo - Clara Moreno
3. Giramundo - Fernanda Porto
4. Maracuteira - Sabrinha Malheiros
5. O Samba me Cantou - Luciana Mello
6. Candomblé - Mariana Aydar
7. Malemolência - Céu
8. Tá Começando - Vanessa Bumagny
9. Viajei - Katia B
10. Abrigo - Cecília Spyer
11. Belo Estranho Dia de Amanhã - Roberta Sá
12. Novos Alvos - Paula Lima
13. Não Sei o que Dá - Ana Costa
14. Beco - Mart'nália
15. Ta-Hi - Marina de la Riva
16. Gema - Teresa Cristina

CD 2
1. Tomara - Paula Morelenbaum
2. Canoeiro - Cris Delanno
3. Os Grilos - Marcela Mangabeira
4. Sua Decisão - Rafaella
5. Esplendor - Cibelle
6. Super Luxo - Nina Becker
7. Passarinho Pintadinho - Déa Trancoso
8. Menina Amanhã de Manhã - Mônica Salmaso
9. À Contraluz - Jussara Silveira
10. Vivo Sonhando - Mariana de Moraes
11. Tranqüilo - Thalma de Freitas
12. Zumbi - Mariana Baltar
13. Nela Lagoa - Mylene
14. É com Esse que Eu Vou - Karla Sabah
15. Tamanco no Samba - Valéria Sattamini
16. Mundo Melhor - Marissa

DJ Cleston debuta solo com um disco de lounge

DJ baseado no Rio de Janeiro, onde já criou sons para o rapper Gabriel O Pensador e o quinteto carioca Detonautas Roque Clube, entre outros nomes, DJ Cleston estréia solo no mercado fonográfico com o CD Lounge Vol. 1, editado via Coqueiro Verde Records. Neste trabalho, o DJ apresenta alguns temas de inspiração oriental - casos de Temple of China e de Buddha of Compassion, composição que abre o disco e que rendeu também faixa interativa com o clipe da música. Cleston assina todos os temas, sendo dois (Sweet Salvation e Lost Paradise) em parceria com Renato Rocha e outros dois (Soul Vibration e DJ House #11) com Fabrízio Iorio. A produção do CD Lounge Vol. 1 é do próprio DJ.

Arismar e Amuedo entram na onda de Ivan Lins

Resenha de CD
Título: Essa Maré
Artista: Arismar do
Espírito Santo e
Leonardo Amuedo
Gravadora: Rob
Digital
Cotação: * * * *

Valorizada por jazzistas do mundo inteiro, em especial pelos dos Estados Unidos, a obra de Ivan Lins ganha novos contornos harmônicos em Essa Maré, CD que une o multiinstrumentista brasileiro Arismar do Espírito Santo ao guitarrista uruguaio Leonardo Amuedo, integrante da banda de Ivan. Com a liberdade de criação garantida aos jazzistas, os músicos entram na onda do compositor com espírito renovar. Pouco importa o fato de muitos dos 11 temas selecionados para o álbum serem standards já bem explorados do cancioneiro de Ivan (Daquilo que Eu Sei, Madalena, Somos Todos Iguais nessa Noite, Bilhete, Desesperar Jamais e Dinorah, Dinorah, entre outros), pois o duo navega em águas próprias. Arismar pilota o violão de 7 cordas, mas assume a guitarra em Madalena e o baixo elétrico em Bilhete. Amuedo toca a tradicional guitarra, mas em Aos Nossos Filhos escolhe a guitarra portuguesa para transmitir a melancolia da música, obviamente rebobinada em Essa Maré sem os versos doídos de Vítor Martins. Nenhum registro é óbvio. Arismar e Amuedo exploram harmonias insuspeitas. Daí o valor deste disco que traz na faixa-título uma pouco conhecida parceria de Ivan com Ronaldo Monteiro de Souza. Outra surpresa do repertório é Antonio e Fernanda (Setembro). No entanto, como já dito, conhecidas ou esquecidas, as músicas soam novas no toque virtuoso de Arismar e Amuedo. A maré está cheia de criatividade.

2 de maio de 2008

Sutilezas valorizam encontro de Zélia e Simone

Resenha de CD
Título: Amigo É Casa - Ao Vivo
Artista: Simone & Zélia Duncan
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

Poucas vezes o encontro de vozes de gerações e universos distintos resultou tão bacana como a união de Simone e Zélia Duncan - captada ao vivo, em outubro de 2007, no Auditório Ibirapuera (SP), durante a terceira e quarta apresentações do show criado em 2006 para o projeto Tom Acústico, da casa Tom Brasil (SP). Mesmo sem exibir as imagens dos números que costuram o roteiro afetuoso, o CD ora editado pela Biscoito Fino - o DVD vai chegar às lojas em meados de maio com a adição de Amigo É Casa, o choro de Capiba letrado por Hermínio Bello de Carvalho que batiza a gravação, mas não entrou no CD - já revela as sutilezas, malícias e afinidades que valorizam o belo encontro de duas intérpretes que traçaram trajetórias separadas até 2005.
Nos 18 números reunidos no CD, há solos e duetos que costuram dois mundos musicais aparentemente díspares sem que um se imponha sobre o outro. Se Zélia visita a casa de Simone nos anos 70, em números como Petúnia Resedá (jóia de um Gonzaguinha de espírito estradeiro e roqueiro) e Tô Voltando (o samba que foi criado no contexto da Anistia, mas que pode ter leitura ampla, geral e irrestrita), Simone entra no terreno mais contemporâneo da colega ao dividir os vocais do blues Mãos Atadas, lançado por Zélia no renovador álbum Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band (2005).
A afetuosidade que permeia o registro pode ser sentida no CD já na versão quase a capella de Alguém Cantando (Caetano Veloso) que abre a gravação. Afetos à parte, a junção das vozes soa harmoniosa - como comprovam os duetos em Grávida (Marina Lima e Arnaldo Antunes), Idade do Céu (na mais bonita gravação da versão de Moska para a música de Jorge Drexler) e Meu Ego (um lado B de Roberto e Erasmo Carlos que tem a cara do Tremendão). Sozinha, Zélia experimenta tom mais melodioso para Cuide-se Bem - jóia da fase pop roqueira de Guilherme Arantes nos anos 70 - e revisita a obra de Itamar Assumpção (1949 - 2003) em música, Na Próxima Encarnação, que adquire novo sentido por abordar na letra a fábula da formiga e da cigarra, abrindo a brecha para a citação de trecho de Cigarra, música emblemática da Simone da década de 70. Evocada também na parte solo de Simone, quando ela revive, em suaves tons elegantes, músicas como Medo de Amar nº 2 e Diga Lá, Coração (erroneamente grafada no encarte e na contracapa como Diga Lá, meu Coração).
Na parte final, a malícia entra em cena sem perda da elegância. Seja no canto das Gatas Extraordinárias (cantada com referência a Cássia Eller, para quem Caetano Veloso fez a música), na delícia do coco Ralador (Roque Ferreira) ou na celebração da liberdade feita em Agito e Uso, o boogie de Ângela RoRo. Enfim, um grande encontro que resultou em grande disco que festeja a amizade e as sutis afinidades entre Simone e Zélia Duncan. A casa é das amigas!

Disco nacional da 'Noviça' segue trilha original

Resenha de CD
Título: A Noviça Rebelde
Artista: Charles Möeller e
Cláudio Botelho
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * * 1/2

Musical de Richard Rodgers & Oscar Hammerstein II, The Sound of Music estreou na Broadway em 1960 e, cinco anos depois, chegou aos cinemas no filme que, no Brasil, se chamou A Noviça Rebelde. Muito do êxito da peça e do filme se deveu à sedutora trilha sonora que rendeu clássicos do gênero como The Sound of Music, My Favorite Things e Edelweiss. Músicas que ganharam fluentes versões em português de Cláudio Botelho para a nova montagem brasileira de A Noviça Rebelde que entra em cartaz a partir de 22 de maio no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro (RJ). A trilha sonora do espetáculo já está sendo editada pela gravadora Sony BMG antes da estréia do espetáculo assinado por Botelho com o parceiro Charles Möeller.
O disco brasileiro de A Noviça Rebelde segue o padrão da trilha original, embaralhando temas compostos para o musical e para o filme (há ligeira divergência entre a seleção do teatro e a do cinema). Tanto as versões de Botelho como as orquestrações regidas por Miguel Briamonte não traem o espírito da matriz. A rigor, a julgar pelo CD, o único elemento destoante na montagem nacional é Herson Capri, ator escolhido para interpretar o Capitão Georg Von Trapp, protagonista masculino da história. Sem ter voz talhada para o canto, Capri não valoriza seu números e é pena que um deles, Edelweiss, seja uma das músicas mais sublimes da trilha de Rodgers & Hammerstein. Felizmente, o restante do elenco canta bem. Na pele da noviça Maria Rainer, Kiara Kasso aproveita todas as oportunidades para mostrar sua bela voz. A edição do disco indica uma trilha de sucesso para a montagem de Botelho & Möeller. Que se abram as cortinas e se faça ouvir o som da música!

Sinfonia gótica de Brightman preserva tom pop

Resenha de CD
Título: Symphony
Artista: Sarah
Brightman
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * *

Apesar do tom sombrio que caracteriza algumas músicas deste primeiro bom álbum de inéditas de Sarah Brightman em cinco anos, sobretudo as faixas Gothica e Fleurs du Mal, a cantora britânica reedita sua tradicional sinfonia pop sem grandes alterações na fórmula. Já na seqüência inicial que une Gothica e Fleurs du Mal, se percebe a grandiloqüência que dá o tom do álbum. O leve verniz erudito do som de Brightman não disfarça a moldagem pop de melodias como a de Symphony, o grande destaque do coeso repertório. O desfile de tenores - o espanhol Fernando Lima e os italianos Andrea Bocelli e Alessandro Safina soltam seus vozeirões em Pasión, Canto Della Terra e em Sarai Qui, respectivamente - reforça o caráter (pop)ular da ópera da intérprete. Não por acaso, o vocalista do grupo Kiss, Paul Stanley, dá o ar da graça em I Will Be with You (Where the Lost Ones Go) no momento rock deste disco cantado em vários idiomas e urdido com produção tão farta quanto a voz límpida de Sarah Brightman.

Moptop mixa disco e grava clipes para internet

Gravado desde janeiro, o segundo álbum do quarteto carioca Moptop está em fase final de mixagem. No CD, cujo lançamento está previsto para julho pela gravadora Universal Music, o grupo vai apresentar músicas inéditas como Desapego e o rock pesado Como se Comportar. As gravações de todas as faixas do disco ganharam registros audiovisuais para render clipes a serem veiculados - essencialmente - em telefones celulares e na internet.

1 de maio de 2008

Ney, RoRo e Caetano honram nome de Cazuza

Resenha de gravação de CD e DVD
Título: Tim Música - Homenagem a Cazuza
Artista: Ângela RoRo, Arnaldo Brandão, Caetano Veloso, Gabriel o Pensador, Gabriel Thomas, George Israel, Liah, Leoni, Ney Matogrosso (foto de Nilton Carauta), Sandra de Sá, Preta Gil, Rodrigo Santos, Paulo Ricardo e Zélia Duncan
Local: Praia de Copacabana (RJ)
Data: 1º de maio de 2008
Cotação: * * *

Foi mais um tributo a Cazuza dentre tantos outros que vem sendo realizados desde 1990, ano em que o poeta roqueiro e exagerado dos anos 80 saiu de cena, deixando como legado uma obra que é "a síntese de uma geração", como caracterizou o ator Tony Ramos, narrador do minifilme em que Cazuza e a ONG fundada por Lucinha Araújo, a Viva Cazuza, foram apresentados ao público que compareceu à Praia de Copacabana, na noite desta quinta-feira, 1º de maio, para dar novos vivas a Cazuza. Em essência, o elenco selecionado tem sintonia com a música do homenageado. Por isso, o roteiro apresentado teve mais altos do que baixos. Ney Matogrosso, Caetano Veloso e Ângela RoRo honraram em especial a obra do artista no show, gravado para dar origem a DVD e CD ao vivo que festejam os 50 anos que Cazuza teria feito em 4 de abril.
Primeiro cantor que deu voz a Cazuza, ao regravar Pro Dia Nascer Feliz em seu álbum ...Pois É (1983), Ney Matogrosso abriu a noite com três números - O Tempo Não Pára, Por que a Gente É Assim? e a citada Pro Dia Nascer Feliz - extraídos de seu atual show, Inclassificáveis. Foi um set exuberante que reafirmou o vigor e a atitude pop de Ney. Na seqüência, Leoni lembrou Vida Louca Vida - com falhas no microfone - e Mal Nenhum. Leoni cantou com a banda que, como diria Caetano mais tarde, ia segurar a onda de todo mundo. Anunciada por Leoni como a "comadre de Cazuza", Sandra de Sá também enfrentou problemas com o som logo no início de sua leitura soul de Preciso Dizer que te Amo. Contudo, o calor com que encarou o Blues da Piedade contagiou a platéia e disfarçou a irregular forma vocal da cantora.
Com mais atitude do que voz, Preta Gil apresentou O Nosso Amor a Gente Inventa, rock bem pop de Cazuza. "Eu herdei a loucura dele. Se Cazuza fosse vivo, nós seríamos irmãos inseparáveis", afirmou Preta, com sua habitualmente elevada auto-estima. Mais discreta, porém segura, a camaleônica Zélia Duncan deu conta do recado ao rebobinar o rock Vem Comigo e ao bisar O Tempo Não Pára, esta na companhia do baixo de Arnaldo Brandão, que, em seguida, apresentou Jovem, um dos rocks mais fracos de Cazuza. Na seqüência, George Israel apresentou outro número pouco empolgante, Solidão que Nada, e chamou ao palco uma "louca maravilhosa", da qual Cazuza era fã. Era a deixa para a entrada de Ângela RoRo, protagonista de dois dos melhores números do show. RoRo imprimiu tom bluesy a Todo Amor que Houver nessa Vida e, em seguida, emendou com empolgante registro de Malandragem, a música que Cazuza e Frejat ofereceram para RoRo em 1988 e que ela recusou. Cantando com alegria, RoRo esquentou o público e mostrou que conserva sua boa forma vocal.
Voz, a propósito, não é o forte de Rodrigo Santos. Mesmo esforçado, o baixista do Barão Vermelho não conseguiu realçar toda a beleza de Codinome Beija-Flor. Faltou a Rodrigo a sensibilidade que sobrou em Caetano Veloso quando ele cantou Minha Flor, meu Bebê (canção não tão bonita quanto a anterior) na companhia solitária de seu violão. Na seqüência, já com a banda, Caetano se transmutou em roqueiro e reviveu Maior Abandonado totalmente à vontade no universo de Cazuza, avalizado pelo baiano ainda em 1983, quando incluiu Todo Amor que Houver Nessa Vida no roteiro de seu show Uns. Pena que o trio desencontrado que veio a seguir - Gabriel Thomas, Liah e Rodrigo Santos - não mantiveram o pique, mesmo defendendo Bete Balanço, um dos grandes hits do Barão Vermelho na fase de Cazuza. Foi o pior momento de um roteiro que reservou generoso espaço para Paulo Ricardo, que, além de cantar sozinho Ponto Fraco e Ideologia, dividiu Exagerado com Preta Gil e Leoni, o parceiro de Cazuza nesse primeiro e mais autobiográfico hit da carreira solo do artista. A música é tão poderosa que funcionou...
Entre tantos números reverentes ao espírito roqueiro de Cazuza, o momento mais modernoso foi Brasil. Este samba-rock ganhou insípida base eletrônica, o rap de Gabriel O Pensador e o sax de George Israel, que dividiu os vocais com o Pensador. Brasil não chegou a empolgar como o número coletivo que encerrou o tributo, com todos os artistas no palco cantando Pro Dia Nascer Feliz. Entre altos e baixos, ficou a certeza de que a obra de Cazuza resiste muito bem ao tempo e, sim, é uma das sínteses da vida louca vida da geração 80 do pop rock nacional. O poeta está vivo!

Mariah dá outra cartada certa no jogo dos EUA

Resenha de CD
Título: E=MC2
Artista: Mariah Carey
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * 1/2

Três anos depois de virar o jogo da indústria fonográfica e renascer das cinzas com o álbum The Emancipation of Mimi, líder do mercado fonográfico em 2005 com mais de 10 milhões de cópias vendidas, Mariah Carey volta à cena com seu 11º primeiro disco de estúdio, disposta a se manter no topo. E=MC2 é cartada certeira da cantora para continuar firme no mercado norte-americano, para o qual o CD foi concebido. Em essência, Mariah recorre mais uma vez ao r & b insosso e padronizado que deu o tom de trabalhos anteriores com a já habitual intervenção de rappers. T-Pain discursa em Migrate. Young abre o verbo em Side Effects, música em que Mariah lava a roupa suja de seu casamento com Tommy Mottola, o poderoso chefão da gravadora Sony Music que a lançou nos anos 90 e depois a descartou na seqüência da separação. E=MC2 não altera substancialmente a já batida fórmula do antecessor The Emancipation of Mimi. Há eventual flerte com a velha escola do soul, há a intervenção de Damien Marley em Cruise Control - dando à faixa ligeiro toque de reggae - e há samples de Off the Wall (faixa-título do primeiro álbum adulto de Michael Jackson) em I'm That Chick. Temperos adicionais à parte, Mariah volta fiel à si mesma. Seja cantando balada como I Stay in Love (de pegada recorrente na discografia da cantora), seja forjando sensualidade em Touch my Body, seja direcionando seu som para as pistas em O.O.C. (Out of Control). E=MC2 tem a assinatura de Mariah Carey. Por isso, o CD será amado e odiado na mesma intensa proporção...

Só a união faz a força das Mulheres de Hollanda

Resenha de CD e DVD
Título: Ao Vivo
Artista: Mulheres de
Hollanda
Gravadora: Performance Music
Cotação: * * *

Somente a união faz a força das Mulheres de Hollanda, o quinteto formado no Rio de Janeiro (RJ) em 2003 pelas cantoras Ana Cuba, Eliza Lacerda, Karla Boechat, Marcela Mangabeira e Malu Von Kruger. Como já sugere em seu nome, o grupo se concentra na obra de Chico Buarque de Hollanda, mote destes CD e DVD gravados ao vivo em show no Teatro Municipal de Niterói (RJ). Parcialmente moldada para vozes femininas, a obra de Chico já foi tão gravada que é difícil lhe dar novas nuances - como fez Mônica Salmaso, por exemplo, em seu recente álbum Noites de Gala, Samba na Rua, gravado com o grupo Pau Brasil. As Mulheres de Hollanda dão conta do recado com correção. Mas é justo ressaltar que somente a união faz a força do quinteto. Quando as cinco cantam em uníssono, como em Las Muchachas de Copacabana (1985), o resultado é sedutor. Em contrapartida, os solos feitos em músicas como Baioque (1972) e A Rita (1965) patinam na trivialidade. Mas, justiça seja feita, há uma faixa especialmente bonita. A regravação de Todo o Sentimento (1987), música em que as Mulheres de Hollanda entrelaçam suas vozes com o canto de Zé Renato e Cláudio Nucci, está entre os melhores registros desta canção, obra-prima de Chico e Cristóvão Bastos. Aliás, Bastos toca piano no registro e bisa sua intervenção em Folhetim (1977). Outro momento digno de registro é a adição das vozes do Quarteto em Cy em Com Açúcar, com Afeto (1966). O encontro das nove vozes justifica a edição de CD/DVD com mais uma abordagem da obra (sedutora) de Chico Buarque de Hollanda.

'Nova Mariah' está mais para Whitney Houston

Resenha de CD
Título: Spirit
Artista: Leona Lewis
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * *

Cantora inglesa de 22 anos, Leona Lewis foi projetada em 2006 ao vencer a terceira temporada do programa de TV X-Factor, atração concebida na linha do American Idol. Por sua voz poderosa, Leona não raro vem sendo apontada como a nova Mariah Carey. De fato, há ecos da voz e do som de Mariah neste primeiro CD da novata, Spirit, sobretudo na faixa Take a Bow. Mas a audição do disco não deixa dúvidas de que a grande fonte inspiradora do canto de Leona é Whitney Houston. O álbum está recheado de baladas bem ao estilo das gravadas por Whitney em seu início de carreira. Basta escutar baladas como Homeless, I Will Be e Here I Am para identificar em Leona traços marcantes do jeito de sua colega americana, cuja carreira perdeu o rumo por conta de problemas com drogas. Não é à toa que Clive Davis, mentor do lançamento de Whitney, está no comando da produção executiva do disco de Leona ao lado de Simon Cowell. E o fato é que a voz de Leona Lewis tem grande e rara potência, mas todo esse poder não foi capaz de dar uma identidade própria ao canto da intérprete. Sobra técnica e falta alma na estréia fonográfica da nova Mariah Carey.

30 de abril de 2008

Caetano gesta CD em temporada com banda Cê

O próximo CD de Caetano Veloso vai ser gestado a partir da temporada que o artista vai estrear em 7 de maio na casa Vivo Rio (RJ). Em todas as quartas-feiras de maio e junho de 2008, o cantor vai apresentar um roteiro flexível - que incluirá músicas inéditas como Perdeu - ao lado de convidados que mudarão a cada show. O ciclo se chamará Obra em Progresso porque, a partir das apresentações, Caetano vai formatar e moldar o repertório do CD que vai gravar com o trio Marcelo Callado (bateria), Pedro Sá (guitarra) e Ricardo Dias Gomes (baixo e teclados) que forma a Banda Cê (com Caetano na foto de Javier Scian). Serão oito shows que vão dar origem ao disco inicialmente intitulado Transamba.

Capa do Coldplay estampa pintura de Delacroix

A pintura Liberdade Guiando o Povo - criada em 1830 pelo francês Eugène Delacroix (1798 - 1863) - ilustra a capa do quarto álbum do grupo britânico Coldplay, Viva la Vida or Death and All his Friends, nas lojas em 17 de junho, em lançamento mundial coordenado pela gravadora EMI Music. Pintor ligado ao romantismo francês, Delacroix pôs tintas políticas em sua obra justamente a partir do quadro escolhido pelo Coldplay para ficar estampado na capa do disco que vai suceder seu CD X & Y (2005).

Rival premia indies com informalidade emotiva

"A independência está na atitude", conceituou Ângela Leal ao abrir a cerimônia de entrega do 6º Prêmio Rival Petrobrás de Música, na noite de terça-feira, 29 de abril de 2008. "Queremos analisar emocionalmente a independência", explicou a proprietária do Rival para o público de convidados que lotou o septuagenário teatro carioca para ver a premiação que laureou artistas como Luiz Melodia (foto) - eleito o melhor cantor por conta de seu CD Estação Melodia - e homenageou o pianista Antonio Adolfo por ter bancado de forma pioneira a gravação de seu LP Feito em Casa (1977), um dos marcos inaugurais da cena fonográfica independente brasileira - atualmente tão diversa e já imensurável.
Com exemplar senso de justiça, Adolfo lembrou o pioneirismo de artistas que foram independentes antes dele - casos de Chiquinha Gonzaga (1847 - 1935) e Tim Maia (1942 - 1998). "Este prêmio é o prêmio. Quando eu gravei meu disco Feito em Casa, não sabia que existia esse termo produção independente. Gravei o disco porque sentia necessidade de mostrar minha música", lembrou o pianista ao lado da atriz Vera Holtz - que debutou na cena teatral carioca em 1985 no musical Astrofolias, produzido com músicas de Adolfo - e de seu parceiro Tibério Gaspar. "Se não tivesse tido BR-3, Teletema e Juliana, as coisas teriam sido mais difíceis. Tibério foi de grande importância para a minha carreira", contextualizou Adolfo, divindo os louros com o parceiro, a quem foi apresentado por Beth Carvalho "lá pelos idos de 1965" - como lembrou Tibério, convidado (pelo homenageado) a subir ao palco.
Como de hábito, o Rival premiou os indies da produção fonográfica brasileira com emoção e excessiva informalidade. Apresentada pelos atores João Miguel e Leandra Leal, a entrega dos troféus foi intercalada com números musicais em que cantores e músicos como Carol Saboya, Mauro Senise, Joyce e Ângela RoRo apresentaram músicas de Adolfo. Filha do pianista, Carol abriu a noite com Teletema e se emocionou ao cantar este sucesso da novela Véu de Noiva, exibida em 1969 pela Rede Globo. RoRo surpreendeu a platéia ao esquecer por três vezes a letra de seu sucesso Simples Carinho, arranjado por Adolfo em 1982 para o álbum homônimo da cantora. Joyce recordou a bela Natureza, música composta por Adolfo para antiga peça de teatro.
No todo, a cerimônia de premiação foi longa e, em alguns momentos, prolixa. A escolha dos indicados já sinalizou o caráter predominantemente carioca do prêmio, concedido por critérios tão emocionais quanto técnicos. Eis os vencedores do 6º Prêmio Rival Petrobrás de Música, na ordem em que foram anunciados pelos (descontraídos) apresentadores Leandra Leal e João Miguel:
* Revelação - Fino Coletivo
* Grupo Musical - Quinteto Villa-Lobos
* Raízes do Brasil - CD Mário de Andrade - Missão de Pesquisas Folclóricas
* Arranjador - Paulão Sete Cordas
* Produtor musical - Ronaldo Bastos e Leonel Pereda
* Instrumental - Hamilton de Holanda & André Mehmari
* Tributo - Wagner Tiso 60 Anos - Um Som Imaginário
* Compositor - Arlindo Cruz
* CD - Inéditos de Jacob do Bandolim Volume II (Déo Rian)
* Cantor - Luiz Melodia
* Cantora - Roberta Sá
* Excelência - Baden Powell (In Memoriam)
* Atitude - Sassaricando - E o Rio Inventou a Marchinha
* Absolutamente Independente - Délcio Carvalho
* Aclamação - Mart'nália
* Aval do Rival - Meninas de Sinhá
No fim da cerimônia de entrega dos troféus, à qual se seguiu um show de Antonio Adolfo ao lado de convidados como Ângela RoRo e Carlos Lyra, Ângela Leal anunciou que a sétima edição do Prêmio Rival Petrobrás de Música vai homenagear o Beco das Garrafas e as saudosas cantoras Dolores Duran (1930 - 1959), Sylvia Telles (1934 - 1966) e Marisa Gata Mansa (1933 - 2003). Espera-se que com muita emoção, mas sem tanta informalidade...

Sempre Mutante, Arnaldo debuta na literatura

Prestes a fazer 60 anos, em 6 de julho de 2008, Arnaldo Dias Baptista está debutando na literatura com Rebelde entre os Rebeldes, livro lançado neste mês de abril pela editora Rocco. Em 168 páginas, o artista mergulha no universo delirante da ficção científica em narrativa escrita nos anos 80. A trama interplanetária criada pela cabeça inquieta de Arnaldo se passa na Califórnia (EUA) e inicia quando uma engenheira nuclear, Maggie, encontra acidentalmente uma passagem que a conduz aos laboratórios de cientista morto há mais de 100 anos e, na seqüência, a uma nave espacial. Tudo a ver com o cérebro mutante do escritor - atualmente radicado em Juiz de Fora (MG).

29 de abril de 2008

Chico vai de frevos e forrós sob a batuta de BiD

Chico César caiu no frevo (e no forró). Francisco, Forró y Frevo é o nome do sétimo álbum do artista e - como seu título explicita - está centrado nos ritmos nordestinos. Foi produzido por BiD e mixado por Mário Caldato Jr. (ambos com Chico na foto). O disco chega às lojas no fim de maio, marcando a estréia do compositor paraibano na gravadora EMI Music. Arnaldo Antunes, Seu Jorge e Dominguinhos participam deste disco dirigido ao mercado junino.

Primeiro DVD de Clara reúne 21 clipes da Globo

Chega às lojas no fim de maio o primeiro DVD de Clara Nunes (1942 - 1983). Trata-se de compilação de 21 dos 24 clipes gravados pela cantora (em foto de Wilton Montenegro) para o programa Fantástico, exibido aos domingos pela Rede Globo. A seleção inclui vídeos de músicas como Conto de Areia (1974), Canto das Três Raças (1976), Guerreira (1978), Na Linha do Mar (1979), Abrigo de Vagabundos (1979, gravado com Adoniran Barbosa), Morena de Angola (1980), Como É Grande e Bonita a Natureza (1981), Nação (1982) e Ijexá (1982, clipe feito com a participação do grupo baiano Filhos de Gandhi). O DVD vai ser lançado pela EMI Music - a gravadora que detém todo o acervo fonográfico de Clara, registrado entre 1966 e 1982 - com aval da Globo Marcas, a empresa vinculada à TV que exibe o Fantástico.
Para o segundo semestre, a companhia promete uma reedição da caixa que embalou os 16 álbuns da cantora - agrupados em oito CDs editados no formato dois em um - e mais uma coletânea de gravações raras. Espera-se que, desta vez, sem os erros da primeira edição da caixa, que alterou as capas dos álbuns Clara Nunes (1973) e Claridade (1975), entre outras falhas menores...

Panic troca pop emo por psicodelia a la Beatles

Resenha de CD
Título: Pretty Odd
Artista: Panic at
the Disco
Gravadora: Warner
Music
Cotação: * * *

Difícil identificar neste (bom) segundo álbum do Panic at the Disco a banda que debutou no mercado fonográfico em 2005 com A Fever You Can't Sweat Out, disco pautado pelo pop emo do grupo que o apadrinhou, Fall Out Boy. Parece que este novo Panic at the Disco ambiciona um lugar na banda de um tal Sargento Pepper. Faixas como We're So Starving, Nine in the Afternoon, She's a Handsome Woman e Do You Know What I'm Seeing? flertam descaradamente com os beatles e a psicodelia dos anos 60. As orquestrações remetem a essa época e ao disco de 1967 que é considerado a obra-prima dos Fab Four. Claro que nada em Pretty Odd reedita a genialidade do álbum que o inspirou. Mas, de todo modo, o CD sinaliza evolução na discografia deste grupo de Las Vegas (EUA) que também eventualmente adquire sotaque country como em músicas como Folkin' Around. Poucas vezes uma banda deu guinada tão radical do primeiro para o segundo álbum e - neste caso - foi para melhor.

DVD de Ana vai permanecer com erro nas lojas

Fãs de Ana Carolina que já compraram o quarto DVD da artista, Dois Quartos - Multishow ao Vivo, já perceberam que o vídeo tem um erro de edição no making of exibido nos extras. Em determinado momento do making of, entra o áudio das vocalistas do show, Jurema e Jussara, cantando a música BR-3. Só que não aparece a imagem correspondente. A partir daí, há falta de sincronia entre áudio e imagem. A gravadora Sony BMG já está ciente do erro, mas, como a tiragem inicial do DVD foi de expressivas 100 mil cópias, o vídeo permanecerá com o erro nas lojas. A companhia ficou apenas de publicar um anúncio nos jornais para notificar os (futuros) consumidores do problema de edição. O erro vai ser reparado somente a partir de uma segunda tiragem ainda sem previsão de fabricação, já que as 100 mil cópias iniciais ainda vão demorar algum tempo para sair das lojas. Erro à parte, a filmagem é bacana.

28 de abril de 2008

Sem Frejat, estrelas dão vivas a Cazuza no Rio

Os 50 anos que Cazuza (ao lado numa foto de Flávio Colker) teria feito em 4 de abril de 2008 serão festejados na quinta-feira, 1º de maio, com show-tributo na Praia de Copacabana (RJ) que vai ser gravado para gerar CD e DVD. O elenco inclui Ney Matogrosso (que vai reproduzir os números de seu show Inclassificáveis em que canta músicas do compositor como O Tempo Não Pára, Pro Dia Nascer Feliz e Por que a Gente É Assim?), Caetano Veloso (Minha Flor, meu Bebê), Gabriel O Pensador (Brasil), Zélia Duncan (Vem Comigo), Preta Gil (O Nosso Amor a Gente Inventa), Arnaldo Brandão (Jovem), Sandra de Sá (Preciso Dizer que te Amo e Blues da Piedade), Ângela RoRo (Todo Amor que Houver nessa Vida e Malandragem, a música que Cazuza ofereceu para o disco gravado por RoRo em 1988 e que foi devidamente recusada, indo parar, anos depois, na voz de Cássia Eller), Maurício Barros (Um Dia na Vida), Rodrigo Santos (Bete Balanço), George Israel (Solidão que Nada) e Leoni (Mal Nenhum). Estranha é a ausência de Frejat, primeiro e principal parceiro de Cazuza, entre o elenco divulgado.

Madonna pede colo aos EUA sem perder a pose

Resenha de CD
Título: Hard Candy
Artista: Madonna
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * *

Próxima dos 50 anos, a serem festejados em 16 de agosto, Madonna ainda parece ser a mesma garota materialista que chegou em Nova York (EUA), na virada dos anos 70 para os 80, disposta a tudo para conquistar seu trono na América. Hard Candy - seu 14º álbum, lançado oficialmente nesta segunda-feira, 28 de abril de 2008 - é mais uma (boa) prova da natureza calculista da artista. Madonna pede a benção aos produtores Timbaland e Pharrell Williams (a metade mais poderosa da dupla The Neptunes) em mais uma jogada de marketing. Madonna decidiu cortejar os EUA porque precisa reconquistar a fatia mais cobiçada do mercado fonográfico. Em 2003, ao alfinetar ícones da cultura norte-americana no morno álbum American Life, a diva começou a ser vítima de uma guerra fria que a baniu das rádios dos EUA. Não por acaso, seu disco seguinte, Confessions on a Dance Floor (2005), se fixou no eixo europeu -mais especificamente na cena eletrônica inglesa - sob a batuta do produtor Stuart Price. Foi um disco em que Madonna voltou a ser Madonna. Mas não resolveu a pendenga com o Tio Sam. É por isso que ao idealizar Hard Candy, a estrela - calculista por natureza - buscou refúgio nos batidões de Timbaland e Pharrell (aliás, mais inspirado do que o colega), dois Midas da padronizada cena norte-americana dos últimos dez anos.
Hard Candy é o disco de Madonna em que a produção tem maior peso. Mas, ao buscar refúgio nas grifes de Timbaland e Pharrell, Madonna não se esqueceu de que ela própria é uma grife. Embora formatado com as vibrantes camadas sonoras dos produtores, Hard Candy não anula a personalidade de Madonna e tampouco a joga na vala comum do rap e do r & b que esteriliza oito entre dez cantoras norte-americanas. Madonna pede colo aos EUA mas sem abaixar a cabeça. Hard Candy soa contemporâneo ao mesmo tempo em que flerta com o funk e com o pop dance que Madonna já fazia nos anos 80, sobretudo na ótima Heartbeat e na nem tão boa Dance 2Night. A primeira metade do álbum é especialmente eletrizante. Traz o batidão dos produtores, mas com o irresistível apelo pop de Madonna. A faixa Give It 2 me, por exemplo, é forte candidata a hit nas pistas e rádios de todo o mundo. Já o universo do hip hop talvez se deixe seduzir por Beat Goes on, o tema de inspiração black que traz o rap de Kanye West.
Timbaland e Pharell não dominam a cena sozinhos. Há muito de Madonna em Hard Candy. Basta ouvir os versos indignados de She's Not me (sobre uma mulher que tem seu namorado roubado pela amiga), o tom sombrio de Devil Wouldn't Recognize You (uma das poucas faixas em que os vocais de Justin Timberlake realmente fazem diferença), o leve sotaque oriental de Voices e até o destoante flerte com os clichês do flamenco em Spanish Lessons. Madonna até pede colo aos EUA, mas sem perder a pose.

CDs de Jobim são reeditados na 'Terra Brasilis'

Parece que 2008 vai ser o ano em que a indústria fonográfica brasileira vai, enfim, valorizar a discografia de Tom Jobim (1927 - 1994). Além dos 15 títulos que a Universal Music vai pôr nas lojas em maio (oito na caixa Brasileiro e sete em reedições avulsas), a Warner Music está lançando novas reedições de Urubu e Terra Brasilis (capa à esquerda), ambas no formato digipack. Urubu foi gravado em 1975 e lançado em 1976, ano em que a Warner inaugurou sua filial brasileira. Terra Brasilis é o álbum duplo de 1980 - arranjado por Claus Ogerman.

CD do Stellabella é reeditado sem título original

Intitulado Alguém na edição original lançada em 2007, o primeiro álbum do Stellabella - power trio formado no Rio de Janeiro (RJ) em 2000 - está chegando às lojas em reedição da gravadora Coqueiro Verde Records. O CD (capa à direita) passa a ter o nome da banda no título. Foram adicionadas a voz de Tico Santa Cruz na faixa que até então dava título ao disco, Alguém, e uma versão acústica de Às Vezes. Ainda assim, o pop rock do grupo carioca soa trivial.

27 de abril de 2008

Especial de Fábio com cantoras vira CD e DVD

Programa de Fábio Jr. exibido pela Rede Record em 30 de dezembro de 1998, como atração de fim de ano, Fábio Jr. & Elas ganha - dez anos depois - edição em CD e em DVD (capa à esquerda) via Sony BMG, gravadora que vem editando discos gerados a partir da programação da Record. No especial, o artista fez duetos com cantoras como Adriana Calcanhotto, Elba Ramalho, Elza Soares, Fafá de Belém, Paula Toller, Sandra de Sá, Vânia Bastos e Zélia Duncan, entre outras. Eis as faixas do DVD:
1. Caça e Caçador - com Sandra de Sá
2. Ai, que Saudade d'Ocê - com Elba Ramalho
3. Enrosca - com Patrícia Coelho
4. Seu Melhor Amigo - com Elza Soares
5. Na Canção - com Fernanda Abreu
6. Sorri (Smile) - com Vânia Bastos
7. Não me Condene - com Fat Family
8. Volta ao Começo - com Roberta Miranda
9. Mentiras - com Adriana Calcanhotto
10. Eu me Rendo - com Zélia Duncan
11. Quando Gira o Mundo - com Joanna
12. Nada por mim - com Paula Toller
13. Alma Gêmea - com Ângela Maria
14. Sentado à Beira do Caminho - com Leila Pinheiro
15. Compromisso - com Joyce
16. Sem Limites pra Sonhar - com Fafá de Belém
17. Pai
18. Uma História de Amor

Vercillo persegue no palco a renovação do disco

Resenha de show
Título: Todos Nós
Somos Um
Artista: Jorge
Vercillo
Local: Canecão (RJ)
Data: 26 de abril
de 2008
Cotação: * * * 1/2

Jorge Vercillo persegue em seu show Todos Nós Somos Um a arejada renovação esboçada no disco homônimo editado em novembro de 2007. A intenção de consolidar no palco essa renovação ficou nítida na estréia nacional do espetáculo, feita para um Canecão absolutamente lotado. Mesmo os hits inevitáveis, como Que Nem Maré, apresentado no bis, exibiram algum toque novo - no caso, o sopro de Jessé Sadoc. Sem frustrar seu público, Vercillo (em foto de Washington Possato) sinalizou evolução em cena, ignorando a cartilha do sucesso fácil.
A densidade brasileira do álbum se dilui em roteiro que procura evidenciar outros tons do intérprete. "O palco é o mundo do artista. Bem-vindos ao meu mundo", filosofou Vercillo antes de apresentar a valsa Luiza, de Tom Jobim, numa cadência próxima do reggae, marcada pelo baixo pulsante de André Neiva. A releitura não surtiu o efeito que obteve, por exemplo, o arranjo de textura progressiva idealizado para Fênix, uma das mais belas canções do artista, feita em parceria com Flávio Venturini. O número recebeu merecidos aplausos antes do fim e possibilitou ao iluminador Maneco Quinderé criar mais um esplendoroso jogo de luzes. A luz de Quinderé, aliás, salta aos olhos desde o começo do show, preenchendo o palco, realçando o tom das músicas (Numa Corrente de Verão, por exemplo, ganha iluminação solar) e os cenários do artista plástico Raul Mourão, mais bem-sucedido na criação da trama metálica de 250 m2 que emoldura o artista a partir do dispensável hit Homem Aranha - rebobinado com arranjo mais suingante do que o original - do que nos dois painéis digitais exibidos na parte final do show. Enfim, a produção é legal.
A plasticidade elegante do espetáculo traduz a intenção do artista de buscar a renovação necessária para que sua música e seu canto não sejam banalizados na roda-viva do mercado. E Vercillo surpreende em cena. Seja batendo uma desajeitada bola no compasso do Xote do Polytheama. Seja entoando Tenderly - um standard do jazz de 1946 , composto por Walter Lloyd Gross e Jack Lawrence - com os acordes minimalistas da guitarra de Vinícius Rosa. Seja improvisando, tal como um repentista nordestino, no toque da capoeira de Camafeu Guerreiro, uma das melhores músicas do CD Todos Nós Somos Um. Vercillo abre uma roda de capoeira e convida os músicos da banda a cantar de improviso músicas de ritmo marcado pela platéia na palma das mãos. Entram na roda sucessos como o xote Eu Só Quero um Xodó e os sambas Todo Menino É um Rei e Alguém me Avisou - além da balada Epitáfio, totalmente deslocada... Mas não tão destoante quanto a inclusão de O Tempo Não Pára (Cazuza e Arnaldo Brandão, 1988). Os versos politizados de Cazuza perderam o sentido num set em que a proposta primordial era convidar o público a dançar. Era a "hora da catarse", como caracterizou Vercillo logo depois de cantar (acompanhado pelo forte e espontâneo coro do público) Encontro das Águas, outra das canções mais belas do repertório do artista. Pena que, ao ser incluído neste bloco mais dançante, a letra humanista do pop rock Todos Nós Somos Um tenha ficado em segundo plano. E o final, feliz, foi com Final Feliz. O trocadilho é justo, pois, embora o roteiro ainda precise de uns ajustes, o show Todos Nós Somos Um confirma a evolução ensaiada no salutar disco que o inspirou.

Em show, Ramil e Suzano ratificam interação

Resenha de show
Título: Satolep Sambatown
Artista: Vitor Ramil e Marcos Suzano
Local: Mistura Fina (RJ)
Data: 26 de abril de 2008 (sessão das 19h30m)
Cotação: * * *

"Estrela!!", gritou um espectador no bis da primeira das duas sessões do show Satolep Sambatown, reapresentado no Rio de Janeiro no sábado, 26 de abril. O espectador pedia para que Vitor Ramil cantasse Estrela, Estrela - uma das criações iniciais do compositor gaúcho, gravada por Gal Costa em 1981 no álbum Fantasia e revivida por Maria Rita em 2003 no seu primeiro disco. "Você conhece, Suzano?", indagou Ramil para seu colega de cena. Como o percussionista sinalizou que conhecia a bela canção, Estrela, Estrela fechou de improviso o show, ratificando a rara interação entre Marcos Suzano e Vitor Ramil. Um momento único!
No show, o cantor e o percussionista rebobinam o repertório do CD Satolep Sambatown, editado em agosto de 2007. É belo álbum que concilia as estéticas e latitudes distintas dos dois artistas já a partir do título (Satolep é Pelotas, terra natal de Ramil, escrito de forma inversa. Sambatown é o nome do primeiro CD solo de Suzano, de 1996). Ramil entra com o violão e com suas composições líricas e intimistas, inspiradas na estética do frio que rege o Sul do Brasil e suas milongas. Suzano entra com o calor do samba, com seu delicado arsenal percussivo e com os efeitos eletrônicos que moldam a atmosfera eletroacústica do show e do disco. Ainda que essa combinação soe por vezes linear no palco ("Esse é o momento mais animado do show: o momento em que fico de pé", ironizou Ramil ao levantar para desfiar os versos verborrágicos de O Copo e a Tempestade), a alta voltagem poética e musical resultante de tal encontro vai envolvendo o espectador.
Aberto com Livro Aberto, o roteiro reproduz as 11 músicas do disco e incorpora temas como Foi no Mês que Vem, Não É Céu e Grama Verde, uma das composições mais inspiradas de Ramil. Nessa volta ao Rio, Satolep Sambatown contou com bela intervenção de Katia B. A cantora entoou Que Horas Não São? - música que gravou no CD da dupla - e Destiny Be my Friend, tema dado por Ramil para o último álbum de Katia. A entrada da cantora em cena alterou a atmosfera do show e lhe deu um toque todo especial, especialmente em Destiny Be my Friend. Luxo só!!!
Já sem Katia, Ramil e Suzano apresentaram Astronauta Lírico, lindo samba que se destaca no repertório do CD Satolep Sambatown. E o fato é que o show cativa pelo contraste rico de timbres, pelo cruzamento de estéticas e até de temperamentos. Se Ramil se apresenta falante e bem-humorado, Suzano prima pela discrição. Mas é do ritmo sempre preciso de sua percussão que brota a ambiência que realça a poesia densa das canções de Ramil.

DVD rememora o início, o fim e o meio do Faces

Em 1969, trinta anos antes de começar a regravar standards da canção americana no papel de um senhor comportado, Rod Stewart era um roqueiro endiabrado que exalava sexo e blues no posto de vocalista de um então nascente grupo britânico, The Faces. Lançado no Brasil pela gravadora carioca Coqueiro Verde, o DVD The Best of Rod Stewart & the Faces documenta o início, o fim e o meio do The Faces, quinteto que seguia a cartilha demoníaca dos Rolling Stones. Aliás, não foi à toa que o guitarrista Ron Wood foi recrutado por Mick Jagger e Keith Richards quando Mick Taylor desistiu de ser um stone. A ida de Wood para os Rolling Stones (inicialmente como músico contratado, mas logo efetivado no quarteto) e a explosão da carreira solo de Rod Stewart - que ainda tentou conciliar as atividades na banda com sua trajetória solo - abreviaram o fim do Faces, dissolvido em 1975. Entremeado com trechos de 19 números musicais, o documentário exibido no DVD rememora os seis anos de atividade deste grupo que tem seu lugar de honra na poderosa invasão britânica iniciada na década de 60.