29 de dezembro de 2007

Ivete pousa no ninho da banda de ex-timbaleiro

Ivete Sangalo (à direita em foto de João Miguel Júnior, da Rede Globo) gravou em dueto com Ninha, o ex-vocalista do grupo Timbalada. A música, Favo de Mel, puxa o disco da nova banda de Ninha, Trem de Pouso. Trata-se de composição de autoria de Fabinho O'Brien, percussionista da banda de Ivete e criador de sucessos como Flor do Reggae. O dueto de Ivete e Ninha já foi enviado às rádios de Salvador (BA).

R.E.M. recupera pegada no primeiro CD ao vivo

Resenha de CD
Título: R.E.M. Live
Artista: R.E.M.
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * 1/2

Por mais que o grupo R.E.M. já tivesse editado bom DVD com registro de um show (Perfect Square, de 2003), faltava um CD (oficial) com a gravação ao vivo de uma apresentação da banda. R.E.M. Live chegou às lojas para preencher tal lacuna no momento em que o grupo de Michael Stipe está prestes a lançar álbum de pegada roqueira para (tentar) recuperar em 2008 o terreno perdido no mercado com seu último subestimado CD, o tristonho Around the Sun, editado em 2004 com baladas e pífios resultados comerciais. Pois este R.E.M. Live reedita a pegada incendiária do grupo no palco - já testemunhada por brasileiros que viram o contagiante show da banda no Rock in Rio 3, em 2001, no Rio de Janeiro. O combo triplo - são dois CDs e um DVD com a íntegra do show captado em Dublin, na Irlanda, em fevereiro de 2005 - é digno do passado de glória da banda. Ainda que o baterista Bill Berry, da formação original, já não esteja mais presente. Ainda que boa parte do repertório venha de álbuns e de projetos lançados pelo R.E.M. nestes anos 2000. O acerto vem do fato de a gravação resultar calorosa. Dá para perceber, até mesmo pelo CD, que se tratou de um show grandioso. Músicas como Man on the Moon soam em ponto de bala. E o que dizer da emoção de ouvir Losing my Religion com o inevitável coro da platéia? Enfim, R.E.M. Live cumpre com brilho a sua função de resumir (ainda que de forma incompleta) os muitos pontos altos da trajetória de uma banda que já tem seu lugar - e de honra - na história do rock, com o qual está se reconciliando, a julgar pela barulhenta inédita I'm Gonna DJ, que estará no novo álbum do grupo, Accelerate.

Westlife continua na sua velha casa em ruínas

Resenha de CD
Título: Back Home
Artista: Westlife
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * 1/2

No encarte deste nono álbum (o oitavo de estúdio) do grupo irlandês Westlife, os vocalistas da resistente boyband chegam a falar que o CD Back Home significa nova era numa carreira fonográfica que já dura oito anos. Falta do que dizer. Nada no disco faz supor um sopro de novidade no front da banda. Até porque o quarteto jamais tentou deixar a segurança de sua velha casa em ruínas. Na prática, o grupo desfia o mesmo usual rosário de baladas enfadonhas imersas em arranjos padronizados. A ponto de canção bacana de Michael Bublé, Home, sequer destoar da banalidade açucarada do repertório do CD. As harmonizações vocais quase a capella exibidas na introdução de Have You Ever - tema colhido no terreno de Brandy - são um dos poucos instantes em que o CD adquire algum interesse. E o curioso é que os garotos já nem são mais garotos. Mas a sobrevivência do Westlife no mercado fonográfico inglês - e uma coletânea do grupo chegou a superar nas paradas, em 2006, compilações dos Beatles, U2 e Oasis - significa que há algo de muito podre no Reino Unido...

Quatro inéditas não mudam rumo do Matchbox

Resenha de CD
Título: Exile on Mainstream
Artista: Matchbox Twenty
Gravadora: Atlantic / Warner Music
Cotação: * * 1/2

Foram cinco anos sem entrar em estúdio. Nesse período, o líder Rob Thomas lançou um primeiro disco solo, Something to Be, que surpreendeu (muito) positivamente. Mas eis que o grupo Matchbox Twenty reaparece com Exile on Mainstream. O jocoso título faz trocadilho com o clássico álbum duplo lançado pelos Rolling Stones em 1972, Exile on Main Street. Mas nada há que remeta ao som de Jagger e Cia. neste misto de coletânea e (curto) álbum de inéditas. No exterior, o projeto foi corretamente lançado em edição dupla. Um CD trazia 11 hits gravados entre 1996 e 2002. Já o outro apresentava as seis gravações inéditas. How Far We've Come, I'll Believe You When, All your Reasons (a melhor das novidades), These Hard Times, If I Fall e I Can't Let You Go reafirmam os cânomes do polido pop do grupo. E isso é pouco. Que venha o próximo solo de Rob Thomas.

28 de dezembro de 2007

Shakira lança 'Oral Fixation Tour' em DVD / CD

Já está nas lojas o kit de CD e DVD que registra a Oral Fixation Tour de Shakira. No show, a diva colombiana interpreta - em inglês e em espanhol - as músicas de seus álbuns Fijación Oral e Oral Fixation. Gravado num show em Miami (EUA), o DVD registra o repertório na íntegra - com adesões de Alejandro Sanz (em La Tortura) e de Wyclef Jean (em Hips Don't Lie) - e traz os videoclipes de Las de la Intuicion, Obtener un Sí e La Pared. Já o CD-bônus vem com seis dos 16 números do roteiro.

Filme capta Tom por lente afetiva de Ana Jobim

Resenha de DVD
Título: A Casa do Tom - Mundo, Monde, Mondo
Artista: Tom Jobim
Gravadora: Jobim Biscoito Fino
Cotação: * * * 1/2

Em 1987, com a intenção de produzir vídeo sobre Tom Jobim (1927 - 1994) para ser exibido numa exposição de fotografias baseada no livro Ensaio Poético, Ana Jobim - esposa de Tom - documentou a intimidade do marido na casa em construção no Jardim Botânico, no sítio em Poço Fundo (RJ) e no apartamento do casal em Nova York (EUA). As oito horas desses gravações informais são a matéria-prima do filme A Casa do Tom - Mundo, Monde, Mondo, assinado por Ana Jobim e editado em DVD pela Jobim Biscoito Fino, que lançou em 2006 a caixa de três DVDs documentais Maestro Soberano.

Narrado pela própria Ana Jobim, o filme tem como fio condutor o poema Chapadão, iniciado por Tom juntamente com a construção do Jardim Botânico. "A casa levou quatro anos para ficar pronta e o poema, oito", revela Ana no filme. A Casa do Tom capta Jobim pelas lentas afetivas de sua mulher. Para os espectadores distantes do universo íntimo do compositor, o filme resulta curioso. A favor de seu lançamento comercial, conta a edição artesanal da Biscoito Fino, que embalou o DVD em formato digipack em caixa que traz belo livro com fotos, textos de Ana, o tal poema Chapadão e letras das 24 músicas entoadas no filme. Aliás, uma das músicas - Tema para Ana - nunca foi gravada comercialmente por Tom e aparece no filme em registro caseiro. Mimo desta produção urdida no tom sofisticado que rege a música do maestro Antonio Carlos Jobim.

Elton prolonga festa-show dos 60 anos em DVD

Embora britânico, sir Elton John festejou 60 anos, em 25 de março de 2007, em majestoso palco de Nova York (EUA). Grande show - de caráter retrospectivo - no Madison Square Garden comemorou a data. A festa está perpetuada para fãs no farto DVD duplo Elton 60 - Live at Madison Square Garden, recém-editado no Brasil pela Universal Music. Além da gravação do show, no qual o cantor enfileirou sucessos no roteiro de 33 números, o DVD reúne 24 registros raros do artista, captados entre 1970 e 2006 (a maioria é dos anos 70). São takes de shows em festivais e de apresentações de TV que farão a festa dos admiradores da música de Elton John.

Taylor volta aos 70 em registro de voz-e-violão

Resenha de CD / DVD
Título: One Man Band
Artista: James Taylor
Gravadora: Hear Music / Universal Music
Cotação: * * *

James Taylor já vai completar 40 anos de irregular carreira fonográfica em 2008. O seu primeiro mal-sucedido álbum foi editado em 1968 pela Apple, a gravadora dos Beatles. Só que a carreira de Taylor começou para valer nos anos 70 quando ele se consagrou - acompanhando-se ao violão - como um porta-voz do folk rock agridoce moldado com alguma influência do country. Em One Man Band, ciente de que nada mais lhe resta a fazer exceto evocar esse começo áureo, o cantor revisa seu cancioneiro com o violão e intervenções ocasionais dos teclados de Larry Goldings. Até o local do show - um teatro colonial em Massachusetts, terra natal do artista - remete às suas origens. Embalada no formato de CD, a edição de One Man Band junta CD e DVD. Ambos com as mesmas 19 músicas de um roteiro nostálgico que revive sucessos como Fire and Rain, Carolina in my Mind e You've Got a Friend.

27 de dezembro de 2007

DVD expõe vida e obra de Amy, estrela de 2007

Resenha de DVD
Título: I Told You I
Was a Trouble
Artista: Amy
Winehouse
Gravadora:
Universal Music
Cotação: * * * *

Mergulhada em álcool, drogas e em soul, Amy Winehouse foi a grande atração da música em 2007. O lançamento de seu belo segundo álbum, Back to Black, logo no começo do ano, revelou ao mundo uma artista de personalidade bem mais forte e sedutora do que a exibida no CD anterior Frank (2003), de ambiência mais jazzística. O excelente DVD I Told You I Was a Trouble - Amy Winehouse Live in London corrobora o talento desta visceral cantora britânica e expõe a artista. Em todos os sentidos. A figura esquelética que emenda 17 números no palco do Shepherd's Bush Empire - no show captado em meados de 2007 - contrasta com a estrela mais robusta flagrada nos takes mais antigos que ajudam a dar consistência ao documentário que conta vida e obra de Amy nos extras do DVD. O filme costura depoimentos atuais - como o do (orgulhoso) pai taxista da cantora - com trechos de clipes e de apresentações em programas de TV. O problema da artista com o álcool é até abordado com certa naturalidade. Enfim, é um retrato (até certo ponto) sem retoques desta artista original que soa como uma Ella Fitzgerald imersa no antigo repertório soul da gravadora Motown. Tomara Amy Winehouse consiga se livrar dos vícios para que os seus próximos anos sejam tão consagradores como 2007.

Jay-Z faz relato sobre drogas inspirado em filme

Resenha de CD
Título: American
Gangster
Artista: Jay-Z
Gravadora: Roc-a-Fella
Records / Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Jay-Z tem passado respeitável no violento mundo do hip hop dos EUA. Jay-Z também tem passado respeitável no mundo hard do tráfico de drogas. Daí que o rapper realmente tem o que dizer sobre o assunto... A ponto de seu novo álbum, American Gangster, funcionar como a trilha sonora do homônimo filme atual de Riddley Scott, que remonta a saga do traficante Frank Lucas. A rigor, o CD não é a trilha oficial da produção, mas foi inspirado no enredo do filme, que estreou em 2 de novembro nos EUA e ainda nem chegou aos cinemas do Brasil. Ao escrever os versos do álbum, Jay-Z embaralha ficção e realidade com resultado mais satisfatório do que o mostrado por ele em seu último álbum, Kingdom Come. Faixas como Pray (com belo uso de cordas) e Blue Magic indicam que Jay-Z ainda não é carta fora do baralho na cena norte-americana do hip hop...

'PopMart', polêmica turnê do U2, chega ao DVD

Já numerosa, a videografia digital do U2 ganha adição do registro da turnê PopMart, baseada no álbum Pop, um dos trabalhos mais controvertidos do grupo irlandês. Filmado no México em 3 de dezembro de 1997, com direção de David Mallet, o registro já tinha sido editado em VHS e chega ao DVD com o áudio restaurado no formato DTS 5.1. Detalhe: a pirotécnica turnê PopMart marcou a primeira vinda da banda ao Brasil, em janeiro de 1998, para shows no Rio de Janeiro e em São Paulo. O DVD serve de consolo para cariocas que não conseguiram chegar ao local do espetáculo devido ao nó no trânsito que reteve (boa parte dos) espectadores em quilométricos engarrafamentos.

R.E.M. retorna ao rock no 14º álbum de estúdio

Agendado inicialmente para o fim de 2007, o 14º álbum de estúdio do R.E.M. - intitulado Accelerate - vai ser lançado em abril de 2008. Produzido por Jacknife Lee, que assinou o último disco de estúdio do U2 (How to Dismantle an Atomic Bomb), o CD já está pronto. A intenção do trio foi retomar a pegada roqueira de seus primeiros trabalhos. Até porque seu anterior CD de estúdio, o baladeiro Around the Sun (2004), mofou nas lojas. Aftermath, Horse to Water, Houston e Hollow Man são faixas do novo álbum.

26 de dezembro de 2007

Baleiro disponibiliza música inédita em seu site

Zeca Baleiro está disponibilizando para download gratuito música inédita, Toca Raul, em seu site oficial. A composição é de autoria do próprio Baleiro e fala dos obstinados fãs de Raul Seixas (1945 - 1989) que costumam pedir aos cantores durante seus shows para entoar sucessos do Maluco Beleza. Aos que quiserem queimar um CD, Baleiro oferece também a possibilidade de imprimir uma capa com a letra da música e a ficha técnica da gravação. Está na rede.

Quatro inéditas puxam coletânea dupla de Eros

Cantor e compositor italiano cuja popularidade extrapola as fronteiras de seu país, Eros Ramazzotti está lançando, via Sony BMG, a coletânea dupla E2. O disco apresenta quatro inéditas entre hits e duetos do artista com vários nomes do pop mundial. Non Siamo Soli (gravada com Ricky Martin), Ci Parliamo Da Grandi, Dove Si Nascondono Gli Angeli e Il Tempo Tra Di Noi são as inéditas da coletânea, editada no mercado brasileiro neste mês de dezembro.

Álbum duplo compila 42 anos de Van Morrison

Van Morrison nunca esteve propriamente no topo, mas o cantor e compositor norte-irlandês sempre conquistou o respeito de quem esteve por lá por conta de seu som que combina rock, blues and rhythm and blues. Editada pela Universal Music, a coletânea dupla Still on Top - The Greatest Hits resume quatro (boas) décadas de carreira de Morrison através de 37 gravações que abrangem o período 1964-2005. No exterior, a compilação saiu também numa limitada edição tripla que adiciona mais 14 músicas à bela seleção. Mas, em essência, a edição dupla nacional apresenta o melhor de Morrison. Eis as 37 músicas, dispostas em ordem não cronológica:

CD 1
1. Jackie Wilson Said (I'm in Heaven When You Smile) - 1972
2. Dweller on the Threshold - 1982
3. Whenever God Shines his Light - 1989
4. Moondance - 1970
5. Bright Side of the Road - 1979
6. Brown Eyed Girl - 1967
7. Wavelenght - 1978
8. Crazy Love - 1970
9. Someone Like You - 1986
10. When Will I Ever Learn to Live in God? - 1989
11. Tore Down a la Rimbaud - 1984
12. Wild Night - 1971
13. Gloria - 1964
14. Real Real Gone - 1990
15. Into the Mystic - 1970
16. In the Garden - 1986
17. Saint Dominic's Preview - 1972
18. Stranded - 2005

CD 2
1. Precious Time - 1999
2. Domino - 1970
3. Here Comes the Night - 1965
4. Little Village - 2003
5. And It Stoned me - 1970
6. Days Like This - 1995
7. Have I Told You Lately? - 1989
8. Cleaning Windowns - 1982
9. Baby Please Don't Go - 1964
10. Back on Top - 1999
11. Vanlose Stairway - 1982
12. Celtic New Year - 2005
13. Irish Heartbeat - 1988
14. The Healing Game (versão alternativa) - 1997
15. Full Force Gale - 1979
16. Warm Love - 1973
17. Did Ye Get Healed? - 1987
18. Tupelo Honey - 1971
19. Wonderful Remark - 1973

Valéria Oliveira erra ao priorizar temas autorais

Resenha de CD
Título: Leve Só as Pedras
Artista: Valéria Oliveira
Gravadora: Independente
Cotação: * * 1/2

Valéria Oliveira é boa cantora potiguar que tem até público fiel na noite do Rio Grande do Norte e no Japão - onde, aliás, costuma editar seus CDs. Leve Só as Pedras já é o sexto álbum da discografia da artista. Contudo, soa bem menos sedutor do que o anterior Imbalança, lançado no início de 2006 no Brasil pela Deckdisc. A produção é dividida pela cantora com Kazuo Yoshida, só que não se trata daqueles discos de bossa nova que Yoshida faz em série para o mercado japonês. O problema é que Valéria - que tentara em vão se impor como compositora em duas faixas de seu álbum anterior (não por acaso, os pontos fracos de Imbalança) - resolveu investir em repertório quase que totalmente autoral em Leve Só as Pedras. Resultado: sua voz segura pouco cativa por conta da qualidade irregular de suas músicas. O melhor do álbum acaba sendo a regravação de O Último Pôr-do-Sol, boa parceria de Lenine com Lula Queiroga. Já A Tua Presença Morena, de Caetano Veloso, não consegue reeditar o brilho da releitura cool da canção Coração Vagabundo feita por Valéria Oliveira em seu CD anterior. Enfim, é outra cantora que não é a compositora que acredita ser...

25 de dezembro de 2007

Um feliz Natal ao som de boas músicas e discos

O mosaico de fotos dos músicos do Roupa Nova - quando crianças - ilustra o encarte do recém-lançado álbum do grupo Natal Todo Dia. É um símbolo da pureza infantil que cerca o Natal. É com essa bela imagem que Notas Musicais deseja um Natal feliz a todos seus leitores, ao som de excelentes músicas e discos. Salve as crianças!

Groban saúda Noel com pompa e circunstância

Resenha de CD
Título: Noël
Artista: Josh Groban
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * *

Com voz de acento operístico, o tenor Josh Groban investe no cancioneiro natalino com toda pompa e circunstância a que tem direito no CD Noël. O coro e a orquestra da primeira faixa, Silent Night, já dão a pista do tom grandiloqüente deste álbum que apresenta duetos de Groban com Brian McKnight (em Angels We Have Heard on High) e com Faith Hill (em The First Noël). Há um tom formal no disco mesmo quando o cantor tenta esboçar clima mais íntimo - como em The Christmas Song. Produzido (e arranjado) por David Foster, Noël carece de originalidade, mas cumpre com eficiência sua função de saudar o nascimento de Cristo entre batidos clássicos natalinos e temas sacros como Panis Angelicus e Ave Maria. Mais do mesmo.

Sony reedita gravação natalina dos Três Tenores

Então é Natal e, por conta dessa festa, a Sony BMG está reeditando no Brasil gravação natalina dos Três Tenores. Editados originalmente em outubro de 2000, o CD e DVD (capa à direita) The Three Tenors Christmas perpetua espetáculo feito pelo trio em Viena, na Áustria, em 23 de dezembro de 1999. Luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras se revezaram em solos, duetos e trios para apresentar roteiro que inclui Amazing Grace, White Christmas, Jingle Bells, Adeste Fideles e Happy Xmas (War Is Over), entre outros hits do gênero.

Sai de cena Oscar Peterson, um gênio do piano

Notícia triste para os amantes do jazz mais ortodoxo: o pianista Oscar Peterson, um dos gênios de seu instrumento, de técnica e toque exuberantes, saiu de cena no domingo, 23 de dezembro de 2007, aos 82 anos. A morte do músico aconteceu em Mississauga (Toronto), no seu Canadá natal. De formação erudita, o pianista nasceu em Montreal em 15 de agosto de 1925. Começou tocando no seu país. Contudo, foi somente ao estrear em 1949 nos Estados Unidos - berço do jazz - que Peterson começou a ganhar projeção mundial por conta de seu suingue ímpar e de seus solos mágicos e velozes. Nos anos 50, ele tocou com cantoras como Ella Fitzgerald enquanto formava trios com guitarristas e baixistas. Em 1993, foi vítima de um derrame e seu estilo veloz se tornou mais lento. Sem macular a maestria de sua técnica rara. Oscar Peterson sai de cena como um dos melhores pianistas de jazz puro de todos os tempos.

24 de dezembro de 2007

Mais uma coletânea de Marcos Valle é demais...

Por sua importância na música brasileira, há 45 anos, Marcos Valle deveria ter tido sua rica discografia relançada em CD numa caixa ou em coleção de edições avulsas (vários títulos já saíram em CD, mas de forma desgarrada). Contudo, em vez de álbuns originais, o mercado brasileiro recebe (mais uma) coletânea do compositor. Demais a Jet chega às lojas pela Som Livre com 14 gravações de diversas fases da obra do artista. Eis a eficiente seleção da compilação, editada em embalagem digipack:

1. Sonho de Maria
2. Ela É Carioca
3. Preciso Aprender a Ser Só
4. Samba de Verão
5. Viola Enluarada
6. Bloco do Eu Sozinho
7. Mustang Cor de Sangue
8. Selva de Pedra
9. Com Mais de 30
10. Velhos Surfistas Querendo Voar
11. Campina Grande
12. Estrelar
13. Fogo do Sol
14. Mais que Amor

Nem Timbaland reposiciona Duran na cena pop

Resenha de CD
Título: Red Carpet
Massacre
Artista: Duran Duran
Gravadora: Epic
/ Sony BMG
Cotação: * *

Desde que voltou à cena com a sua formação clássica, logo no início dos anos 2000, o Duran Duran tenta em vão reeditar o sucesso que tinha na década de 80. A (improvável) associação do grupo britânico com Timbaland e Justin Timberlake - providenciais colaboradores deste álbum de inéditas da banda - é mais uma tentativa (desesperada?) do Duran de não perder o bonde da História, que teima em remeter o grupo ao tecnopop dos 80. E é nesse nicho que o grupo vai permanecer.

Timbalanda e Timberlake colaboram especialmente nas faixas Skin Divers e Nite-Runner - dirigidas às pistas. Contudo, o resultado é pífio. O Duran Duran - agora um quarteto, pois o guitarrista Andy Taylor deixou a banda no início das gravações deste equivocado álbum Red Carpet Massacre - nem consegue soar moderno, em sintonia com a cena contemporânea, e tampouco reedita a (eficaz) pulsação do tecnopop que lhe rendeu hits como Notorious, Save a Prayer e View to a Kill. Salva-se no repertório irregular do álbum a balada Falling Down, que conta com os vocais de Timberlake. A faixa foi estrategicamente eleita o primeiro single do álbum, mas não tem cacife para reposicionar definitivamente o Duran Duran na cena musical contemporânea. O fim já parece próximo e certo.

Stones documenta turnê em caixa megalômana

Já farta, a videografia digital do quarteto The Rolling Stones ganha mais um título de caráter megalômano. The Biggest Bang (capa à esquerda) é uma caixa de quatro DVDs que captura momentos da turnê mundial que promoveu o álbum A Bigger Bang. Como fizera na boa caixa anterior Four Flicks (2003), o quarteto não se limitou a registrar um único show, mas diversos. The Biggest Bang flagra apresentações da turnê em países como Estados Unidos, Japão, China, Argentina e Brasil - local em que os Stones fizeram em 18 de fevereiro de 2006 um dos maiores shows de tal turnê, ao ar livre na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Cenas de bastidores do show de Copacabana Beach - assim o show brasileiro é nominado no DVD - são mostradas num documentário produzido para a caixa. The Biggest Bang já chegou ao Brasil...

Beyoncé lança DVD com show do álbum 'B'Day'

A Sony BMG já está editando no mercado brasileiro o (bom) DVD em que Beyoncé Knowles perpetua o show de lançamento de seu segundo previsível CD solo, B'Day (de 2006). A apresentação filmada para o DVD The Beyoncé Experience Live foi a feita em 2 de setembro de 2007, no Staples Center, em Los Angeles, Califórnia (EUA). Entre os 36 números do roteiro, que pode ser remontado pelo espectador, a artista canta músicas de seus dois discos solos (inclusive o hit Crazy in Love, posicionado logo no início do show), revive sucessos do trio Destiny's Child (Survivor, petardo infalível do grupo), recebe convidados como o rapper Jay-Z (em Upgrade U) e recorda músicas da trilha do musical Dreamgirls - entre elas, a balada Listen. A tiragem inicial é de cinco mil cópias.

23 de dezembro de 2007

Marina Elali soa como a Rosana dos anos 2000

Resenha de CD
Título: De Corpo e Alma Outra Vez
Artista: Marina Elali
Gravadora: Som Livre
Cotação: * 1/2

Presença assídua em trilhas de novelas da Rede Globo, a bela cantora Marina Elali parece já estar seguindo o caminho que projetou - mas logo aniquilou - a carreira de Rosana. Em seu chato segundo disco, Elali desperdiça sua boa voz em insosso repertório arranjado em tons pasteurizados por Lincoln Olivetti. Baladas bem açucaradas como Talvez e Só com Você - gravada em dueto com o também brega Fábio Jr. - convivem com versões ruins de músicas estrangeiras, sendo que a melhor é Eu Vou Seguir, versão de Elali e Dudu Falcão para Reach, tema de Diane Warren e Gloria Estefan. A faixa já toca há meses na trilha da novela Sete Pecados. Entre releitura trivial de um hit dance de Lulu Santos (Já É) e versão de When You Wish Upon a Star (Se uma Estrela Aparecer, com letra de Vítor Martins), o pior é a (constrangedora) versão modernosa em inglês do Xote das Meninas, parceria de Luiz Gonzaga com Zé Dantas, avô da cantora. All She Wants é prova de que Elali trilha o caminho errado. Elali soa como uma Rosana dos anos 2000. Mas, se há 20 anos Rosana liderava as paradas e emplacava músicas em novelas, hoje ela já está mergulhada no esquecimento justamente pela aposta em um repertório duvidoso. Ainda é tempo de Marina Elali - boa cantora - desviar da rota equivocada dos hits efêmeros.

Young exibe vigor áureo em 'Chrome Dreams II'

Resenha de CD
Título: Chrome Dreams II
Artista: Neil Young
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * * 1/2

Aos 62 anos, Neil Young exibe o vigor artístico da época em que tinha apenas 30 e poucos. Chrome Dreams II, não por acaso, remete já no título aos anos 70. Trata-se da seqüência de álbum gravado e abortado pelo artista canadense - em 1977. Mesmo sem jamais ter sido lançado (consta que sua fita master foi destruída pelo próprio Young...), o Chrome Dreams original rendeu excelentes músicas que foram aproveitadas pelo compositor em álbuns posteriores. Mesmo que seja aleatória, a alusão ao disco arquivado faz sentido, pois Young rebobina em Chrome Dreams II com grande e rara inspiração a azeitada fusão de country, rock e folk que caracteriza sua música. Obra que perdera vigor a partir da década de 80, mas que já dera sinais de recuperação no CD anterior Living with War (2006), potente míssil arremessado contra o presidente George W. Bush.

Com repertório formado por sete músicas novas e três antigas, só que inéditas em disco, Chrome Dreams II já começa majestoso. Beautiful Bluebird, a melodiosa canção que abre o CD, é das mais belas gravadas por Young. Que ora soa ácido (como no rock Dirty Old Man), ora lírico e poético (como na balada Shining Light), mas sempre com inspiração acima da média. E o que dizer de Ordinary People, música de 1988, enfim registrada pelo compositor? Trata-se de um r & b de pegada roqueira e textura épica, arranjado com metais em brasa. A faixa dura 18 minutos que parecem apenas três tamanha a força da gravação. É Neil Young de volta à velha forma.

Jorge oferece apenas levadas no quarto CD solo

Resenha de CD
Título: América Brasil
O Disco
Artista: Seu Jorge
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * 1/2

No magro encarte do quarto CD solo de Seu Jorge, não há as letras das onze músicas do álbum. É sintomático. Jorge produziu trabalho marcado por grooves dançantes. E pouco - ou nada - oferece além das levadas em América Brasil - O Disco. Com versos-clichês sobre a falta de dinheiro e o duro cotidiano do povo brasileiro, Jorge parece se apoiar no suingue de temas como América do Norte, Burguesinha e Trabalhador (sedutora faixa já propagada em âmbito nacional na trilha sonora da novela Duas Caras). O disco até fecha bem com um samba à moda tradicional, Voz da Massa. No todo, contudo, nem parece trabalho do artista que despontou brilhantemente na carreira solo em 2001 com o CD Samba Esporte Fino, em que investiu bem no samba-rock. Seja cantando balada soul (Cuidar de mim), sussurrando versos de um sambossa (Mariana) ou esboçando crônica sobre relacionamento virtual (Só no Chat), Jorge soa irrelevante neste disco que ele diz ter criado para servir de trilha para churrascos caseiros. E Eterna Busca - tema feito para ser jingle da cachaça Sagatiba - é um porre.

Fito aposta em canções e no piano em 'Rodolfo'

Resenha de CD
Título: Rodolfo
Artista: Fito Paez
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * * 1/2

Sim, o mundo de Fito Paez cabe numa canção... e o compositor argentino se vale delas - as tais canções - em Rodolfo, álbum de densa atmosfera emocional e alta voltagem poética. Trata-se de um dos discos mais intimistas do artista. Rodolfo é CD de voz, piano e... canções. E o fato é que algumas, em especial Si Es Amor e El Cuarto al Lado, têm beleza comovente. O álbum exala melancolia - perceptível já nos títulos de faixas como Cae la Noche en Okinawa. E o fato é que Fito ainda tem o que dizer. E ele diz em letras sempre fortes - a despeito de o disco trazer até belo tema instrumental (Nocturno en Sol). É pena que a segunda metade do álbum não seja tão envolvente quanto a primeira. Ainda assim, é um dos melhores trabalhos de Fito Paez.