22 de setembro de 2007

'Sim' afirma o crescimento de Vanessa no palco

Resenha de show
Título: Sim
Artista: Vanessa da Mata
Local: Canecão-Petrobrás (RJ)
Data: 21 de setembro de 2007
Cotação: * * * 1/2

Os rodopios de Vanessa da Mata em Baú, o número de abertura do show de lançamento do álbum Sim, já sinalizaram a desenvoltura crescente da cantora em cena. Mais expansiva, a artista já pouco lembrou a intérprete tímida de suas primeiras apresentações. Em sua ótima estréia carioca, no Canecão, Sim afirmou a evolução de Vanessa no palco - perceptível já no show anterior, Essa Boneca Tem Manual. Corajosa, a artista incluiu no roteiro as 13 músicas inéditas de seu terceiro álbum e salpicou algumas faixas autorais do disco anterior (Ainda Bem, com sua melodia à moda de Marisa Monte, e Nossa Música, além, claro, do inevitável hit Ai, Ai, Ai...).

O show é bem sedutor. Integrada pelo guitarrista Davi Moraes e o baixista André Rodrigues, entre outros virtuoses, a afiada banda garantiu a sonoridade moderna, em sintonia com o som hype do CD que gerou o show. Ótimos arranjos garantiram a vibração do show. Se algumas músicas não chegaram à cena com toda a força do álbum (sobretudo Você Vai me Destruir, cuja pegada de disco music não contagiou - como seria esperado da música eleita para fechar o show), outras cresceram bem no palco. Casos dos reggaes Vermelho e Ilegais. Já no samba Quando um Homem Tem uma Mangueira no Quintal, ficou claro que Vanessa vem aprimorando sua expressão corporal e - como tem porte esguio - a cantora tem sua bela estampa a seu favor. Sua figura em cena chama a atenção.

A vivacidade de Pirraça - com sons que evocam as guitarradas do Norte - se harmonizou bem com a pegada de Viagem, cujos versos falam em Belém(PA). Gravada por Daniela Mercury no CD Sol da Liberdade (2000), Viagem foi ótima surpresa de um roteiro em que Vanessa incursiona pelos territórios de Marina Lima (Veneno - sem a sedução da leitura de Marina) e Nelson Cavaquinho. Juízo Final, a propósito, foi o ponto baixo do show. Como a cantora não prima pela afinação absoluta em cena, não deveria se dar ao luxo de cantar o (difícil) samba de Nelson e Guilherme de Brito ao som solitário da cuíca percutida por Marcos Lobo. Suas desafinadas em Juízo Final saltaram aos ouvidos do público e tiraram o brilho do número. Nada, entretanto, que tirasse o mérito do show. Eu Sou Neguinha? (com linda alternância de luzes e sombras no palco), o manemolente samba Fugiu com a Novela, a ruralista Joãozinho e a sempre contagiante História de uma Gata, entre outros coesos números, mantiveram alto o teor de sedução do show. Sem falar em Não me Deixe Só, música infalível. No bis, de vestido branco, acompanhando-se sozinha na guitarra, Vanessa da Mata mostrou Minha Herança: uma Flor - uma de suas canções mais singelas (e belas) - sem reeditar o tom sublime da gravação do CD. No todo, ao sair de cena, a intérprete deixou no público a certeza de seu progresso em cena. Sim é, sim, o seu melhor show e merece ser gravado para provável edição em DVD. Mata cresceu e apareceu...

Arnaldo também anuncia saída dos Mutantes...

Apenas um dia depois de Zélia Duncan, foi a vez de Arnaldo Dias Baptista (à direita na foto) tornar pública sua saída do grupo Os Mutantes por meio de comunicado oficial assinado por Marcelo Dolabela e enviado aos jornalistas na tarde de sexta-feira, 21 de setembro. A nota lista alguns projetos solos de Arnaldo sem se referir explicitamente ao fato de ele estar se retirando do grupo. Fica tudo subentendido. Mas sabe-se que o irmão de Arnaldo, o guitarrista Sérgio Dias Baptista, tem planos de continuar com o grupo e de gravar o (prometido) disco de inéditas que sairia em 2008. Eis a íntegra do comunicado oficial de Arnaldo Baptista:

Arnaldo Dias Baptista - Um Mutante para Sempre

O ano de 2006 está irremediavelmente inscrito e escrito na história da “cultura rock”. Um feito aparentemente corriqueiro: a reunião de antigos parceiros para um pequeno show de um grupo que havia encerrado seu ciclo vital no longínquo ano de 1972. Seria banal se o grupo em questão não fosse Os Mutantes. Artífice máximo da “contribuição-rock” para o inovador movimento tropicalista.

A breve (re)volta seria para uma apresentação em Londres em uma mostra-evento de comemoração dos 40 anos da Tropicália. Seria, se os aplausos do público e o frenesi da crítica não exigissem novas apresentações. O grupo, agora sem Rita Lee, dignamente substituída por Zélia Duncan, e sem Liminha, montou uma estrutura que permitiu reproduzir as inventivas canções e os geniais arranjos do maestro dadá-soberano Rogério Duprat.

A participação de Arnaldo Dias Baptista foi, sem dúvida, o epicentro do reencontro. O mutante entrou em cena com sua voz valvulada de timbres estranhos e sua imagem nonsense de Don Quixote clown-pop. Europa. Estados Unidos. Brasil. As novas gerações puderam presenciar, estupefatas, a diferença entre “lenda” e “revolução”.

2007-2007. Para Arnaldo, um eterno mutante, a jornada (dos heróis) estava concluída. Agora, era retomar seus projetos solos. Um livro (vida-obra), sob a coordenação de sua colaboradora master, Fabiana Figueiredo. Um longa/documentário produzido pelo Canal Brasil -LOKI - dirigido por Paulo Henrique Fontenelle com produção executiva de André Saddy. Uma exposição de seus bric-à-brac visuais: pinturas, gravuras, desenhos, histórias em quadrinhos, camisetas e objetos. O lançamento em CD de dois álbuns de sua fase solo, ao lado do grupo paulistano Patrulha do Espaço. Uma turnê, com shows-happening. Em cada cidade, um convidado especial. O lançamento, pela Editora Rocco, de seu livro de ficção "Rebelde Entre os Rebeldes". Uma rapsódia joyceana-psicodélica.

Enfim, o sempre mutante, o eterno mutante, o permanente mutante. Parafraseando Wladimir Maiakovski, “cuja anatomia é toda revolução".

Marcelo Dolabela

Disco da Nação inclui clavinete de Money Mark

Tecladista bem requisitado pelos Beastie Boys, o norte-americano Money Mark toca clavinete (instrumento de teclas) em Assustado, faixa do oitavo álbum da Nação Zumbi (foto), Fome de Tudo. A cantora Céu participa da música Inferno. Bossa Nostra, Originais do Sonho, Toda Surdez Será Castigada, A Culpa e No Olimpo são outras músicas do repertório autoral e inédito. Jorge Du Peixe é o autor de várias letras do CD, nas lojas já em outubro, via Deckdisc.

EMI põe pegada de Leozinho na loja em outubro

O funkeiro MC Leozinho assinou com a EMI Music um contrato de licenciamento para a distribuição de seu segundo álbum, Sente a Pegada, gravado de forma independente. A major vai pôr o disco nas lojas no fim de outubro. Entre inéditas autorais como Quem Tá na Pista?, Menina e Quando a Gente Era Assim, o repertório inclui regravações de Quero te Encontrar (sucesso da dupla Claudinho & Buchecha rebobinado por Leozinho em dueto com Buchecha) e de Negro Gato, o tema de Getúlio Cortes que fez muito sucesso na voz de Roberto Carlos em 1966. Aliás, sua releitura funkeada de Negro Gato já está confirmada na trilha sonora nacional da novela Duas Caras, que vai estrear em 1º de outubro, na Rede Globo. Na foto, Leozinho (à direita) posa - durante a assinatura do contrato - com Marcello Castelo Branco, o presidente da filial brasileira da EMI.

21 de setembro de 2007

Blunt evoca Elton e Bee Gees no segundo álbum

Resenha de CD
Título: All the Lost Souls
Artista: James Blunt
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * *

Não ouça o segundo álbum de James Blunt na esperança de escutar uma canção parecida com You're Beautiful, a balada que projetou o autor e cantor britânico em escala mundial e fez o seu primeiro álbum, Back to Bedlam, ultrapassar a marca de onze milhões de cópias vendidas - aliás, um dos recordes da década. Não, não há uma nova You're Beautiful em All the Lost Souls. Tampouco trata-se de um disco de jóias garimpadas no baú do soul - como uma leitura apressada do título do CD pode sugerir. Lost Soul, no caso de Blunt, está mais para almas perdidas. Sim, o artista desfia dores de amores nas dez inéditas autorais que formam o repertório do álbum. Nisso, o seu segundo disco repete os lamentos do primeiro. Verdade seja dita, contudo: Blunt jamais parece ter procurado clonar o seu megahit. Produzido por Tom Rothrock, ele volta à cena com um pop retrô à moda dos anos 70, como já sinalizara 1973, faixa eleita o primeiro single. Difícil não lembrar de Bee Gees ao ouvir a bela One of the Brightest Stars. Difícil também não identificar ecos de Elton John (o dos 70) em Give me Some Love. A melancolia molda o clima do álbum. Se canções como Shine on (gravada em tom sussurrante), a ótima Same Mistake e Carry You Home vão emplacar nas FMs, somente o tempo vai dizer. Mas Blunt, que não tem culpa de You're Beautiful ter tocado tanto a ponto de enjoar meio mundo, passa na prova do segundo disco. Ouça sem preconceito. Até porque Blunt abaixou o tom de seu falsete neste segundo bom CD.

Ivan registra parceria inédita com Gonzaguinha

Ivan Lins revela parceria inédita com Gonzaguinha (1945 - 1991), Debruçado. A música acaba de ganhar um registro de Ivan - com a participação de Daniel Gonzaga, filho do saudoso compositor - em CD e DVD gravados no estúdio Mega, no Rio de Janeiro (RJ), como se fosse ao vivo. No repertório, vários hits recentes de Ivan. Entre eles, Dandara, A Gente Merece Ser Feliz, Acaso e Passarela no Ar.

Parceiros bissextos no samba Desenredo (G.R.E.S. Unidos do Pau Brasil), Ivan e Gonzaguinha tiveram suas trajetórias entrelaçadas desde a fundação do M.A.U. (Movimento Artístico Universitário), em 1970. Ambos integraram a instituição, de vida breve, mas útil.

Pitty faz pose, caras e bocas em '(Des)concerto'

Resenha de CD / DVD
Título: (Des)Concerto - Ao Vivo - 06-07-07
Artista: Pitty
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * 1/2

Pitty posa de roqueira rebelde. Falsa ou verdadeira, sua imagem tem sido muito bem assimilada pelo público que segue a cartilha da MTV. Gente jovem que lotou a platéia do Citibank Hall (SP), em 6 de julho de 2007, para assistir ao show gravado para gerar DVD e CD ao vivo. Ainda que precoce, pois a roqueira tem apenas dois álbuns de estúdio no currículo, o registro parece feito sem máscaras ou retoques - como garante a própria Pitty em texto publicado na contracapa do DVD. Filmado com requinte por Joana Mazzuchelli, (Des)Concerto perpetua - em tom quase dark - a interação entre a artista e seu público. Pitty abusa das caras e bocas já na sua entrada em cena. Seus fãs sequer percebem. E fazem coro com sua musa desde o primeiro número, Anacrônico. No fim do show, após Seu Mestre Mandou, a roqueira segue o mandamento-clichê do hardcore e se joga na platéia. Em segundos, os seguranças a devolvem ao palco. Sã e salva. Pitty não quer correr discos. Por isso, entre duas inéditas, a leve Pulsos foi a faixa escolhida para promover (Des)Concerto em detrimento da pesada Malditos Cromossomos. E haverá quem goste de ambas...

Simas faz seu 'Cafuné' com letras em português

Radicado nos Estados Unidos já desde 1989, o carioca Luiz Paulo Simas lança seu quinto disco, Cafuné. O diferencial deste álbum do cantor e pianista reside no fato de todas as 13 letras terem sido escritas em português (em seus discos anteriores, a americana Ellen Schwartz fez versos em inglês). Entre os temas de Cafuné, todos de Simas, há Meu Rio, A Chama, Normal, Panelas, Sambinha do Chinês, Cabelos Brancos, Apareci por Aqui, A Revolta dos Mares, Sorvete Colorê e Se o Papa Dissesse.

20 de setembro de 2007

Zélia comunica em nota sua saída dos Mutantes

Zélia Duncan não é mais a vocalista dos Mutantes... A notícia foi dada pela própria cantora em comunicado enviado à imprensa. O motivo alegado foi a necessidade de priorizar as atividades de sua carreira solo. Há também o projeto de gravar ao vivo o show feito com Simone para edição em CD e DVD, só que Zélia não se refere a esse trabalho em seu comunicado. Eis a íntegra de sua nota oficial:

"Pois é, estou me retirando dos Mutantes, pelos motivos mais legítimos do mundo. Minha carreira, meus movimentos como artista solo , que sempre fui. A experiência foi incrível. O improvável aconteceu ali. Apesar de um monte de previsões duvidosas, eles acreditaram em mim e vice-versa e juntos vivemos emoções e realizações inesquecíveis. Algumas registradas, outras guardadas nas compilações internas, aquelas que vão pra onde eu for junto comigo. Acredito que a hora de me retirar seja tão importante quanto foi aquele encontro mágico com Sérgio (Dias Baptista, guitarrista e articulador da volta do grupo) na porta daquele estúdio.
Fez um bem enorme para minha carreira, para minha vida e para as minhas futuras coragens. Eu, que sempre quis me sentir banda, fui parar no olho do furacão! E adorei! Obrigada Sérgio, Arnaldo e Dinho, por me deixarem ser ali, junto com vocês, enquanto durou…pra sempre! Ainda nem sinto meus pés no chão…
Obrigada ao público dos Mutantes que me recebeu e compreendeu minha posição ali. Obrigada ao meu público por ter comparecido e se divertido comigo. Tô bem aqui do lado, sempre procurando na música um sentido pra mim.
Valeu, valeu muito mais do que eu poderia imaginar!"

Zélia Duncan

Mundo cão de Jay ainda se sustenta nas letras

Resenha de CD
Título: Formidável
Mundo Cão
Artista: Jay Vaquer
Gravadora: Emi Music
Cotação: * * 1/2

O mundo não é bão, Sebastião. Jay Vaquer sabe disso e realça a banda podre da humanidade em seu quarto CD, intitulado Formidável Mundo Cão. Assuntos indigestos como o suícidio (abordado no rock Longe Daqui, o maior destaque da safra de 12 inéditas autorais) e a corrupção do Homem e da sociedade (mote da faixa-título, que narra a saga do jovem que matou a família, foi absolvido e acabou virando político e dono de igreja) são focados com acidez em versos diretos. Jay fala de seres mergulhados em solidão e infelicidade - como sinalizam as letras das baladas Num Labirinto e Fomos (faixa com excelente uso das cordas clássicas do Quarteto Bessler). Musicalmente, o universo de Jay ainda se sustenta nas letras. Só que as músicas nem sempre estão à altura do que é dito. A afiada produção de Dunga valoriza o repertório e procura pôr o artista em sintonia com o moderno pop rock. Meg Stock, do grupo Luxúria, encorpa os vocais de Estrela de um Céu Nublado, cuja letra aborda a fracassada via-crúcis de jovem ator em busca do sucesso, oferecido ao rapaz por um diretor de TV em troca de sexo... Enfim, Jay Vaquer é um artista (em ascensão) que tem o que dizer. O que lhe falta é, talvez, o encontro com parceiros que o ajudem a reduzir o (persistente) desequilíbrio entre letras e músicas ainda perceptível em sua discografia. O mundo não é bão.

Coletânea 'Photograph' foca obra solo de Ringo

Com quase um mês de atraso em relação ao lançamento no exterior, a EMI põe nas lojas do Brasil a completa coletânea Photograph - The Very Best of Ringo. O CD aborda a obra solo de Ringo Starr - que passa à história pelo posto de baterista dos Beatles - através de 20 gravações feitas entre 1970 e 2005. No encarte, há comentários do artista para cada faixa. A compilação sai também em edição especial dupla que traz DVD com clipes de sete músicas. Eis as 20 músicas do CD e os sete vídeos incluídos no DVD-bônus:

CD
1. Photograph - do álbum Ringo (1973)
2. It Don't Come Easy - single de 1971
3. You're Sixteen (You're Beautiful and You're Mine) - do álbum Ringo (1973)
4. Back Off Boogaloo - single de 1972
5. I'm the Greatest- do álbum Ringo (1973)
6. Oh, my my - do álbum Ringo (1973)
7. Only You (And You Alone) - do álbum Goodnight Vienna (1974)
8. Beacoups of Blues - do álbum Beacoups of Blues (1970)
9. Early 1970 - Lado B de single de 1971
10. Snookeroo - do álbum Goodnight Vienna (1974)
11. No-No Song - do álbum Goodnight Vienna (1974)
12. (It's All Down to) Goodnight Vienna - do álbum Goodnight Vienna (1974)
13. Hey Baby - do álbum Ringo's Rotogravure (1976)
14. A Dose of Rock'n'Roll - do álbum Ringo's Rotogravure (1976)
15. Weight of the World - do álbum Time Takes Time (2003)
16. King of Broken Hearts - do álbum Vertical Man (1998)
17. Never Without You - do álbum Ringo Rama (2003)
18. Act Naturally (dueto com Buck Owens) - do álbum Act Naturally (1989)
19. Wrack my Brain - do álbum Stop and Smell the Roses (1981)
20. Fading in and Fading out - do álbum Choose Love (2005)

DVD
1. Sentimental Journey - vídeo promocional de 1970
2. It Don't Come Easy - vídeo promocional de 1971
3. Back Off Boogaloo - vídeo promocional de 1972
4. You're Sixteen (You're Beautiful and You're Mine) - vídeo promocional de 1973
5. Only You (And You Alone) - vídeo promocional de 1974
6. Act Naturally - clipe de 1989
7. Goodbye Vienna - vídeo promocional de 1974

Apoena Frota estréia no disco com 'Desacorde'

Filho do ator Marcos Frota, o cantor e compositor Apoena Frota vai estrear no mercado fonográfico ainda em 2007. Já intitulado Desacorde, o disco reunirá 11 músicas compostas e produzidas pelo artista. Entre elas, Contramão, No Final e Nada e Alguém.

19 de setembro de 2007

Ao vivo, a elegante arquitetura da obra de Hime

Resenha de CD e DVD
Título: Francis ao Vivo
Artista: Francis Hime
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Em 2005, ao gravar o álbum Arquitetura da Flor, Francis Hime despiu sua música da habitual roupagem orquestral. Sem o adorno de cordas sinfônicas, Hime se escorou em banda de formação enxuta. É com este grupo mais despojado, porém igualmente formal no rigor com que lapida o cancioneiro do artista, que o compositor subiu ao palco do Sesc Pompéia para gravar Francis ao Vivo. Editada simultaneamente nos formatos de CD e DVD, a gravação ratifica a elegância sutil da arquitetura da obra musical de Francis Hime, hábil na composição de sambas de originais linhas melódicas, de canções de inspiração classicista. Hábil também ao piano, com o qual Hime se basta para apresentar - com um nítido orgulho - obras-primas como Atrás da Porta (1972) e Trocando em Miúdos (1978), primas-irmãs sobre as trapaças da paixão que sempre deleitam o artista e seu público.

Se a filmagem do DVD é convencional, as melodias se pautam pela exceção de sua beleza. Hime sempre foi melodista raro e versátil. Embarcação (de 1982) é exemplo perfeito de sua viagem musical. Neste registro de show, o autor, soberano, transita à vontade por sambas (E Se, Amor Barato), samba-canção (Palavras Cruzadas, com letra de Toquinho) e salsa (Pau Brasil, a faixa-título de álbum de 1982). A grandiosa parceria com Chico Buarque é revivida em temas como Pivete, samba que radiografa a geografia social do Rio de Janeiro. Francis ao Vivo não chega a ser completo best of do artista (as ausências de Minha, Passaredo e Vai Passar são sempre sentidas em qualquer show do compositor), mas cumpre a função de evidenciar a sofisticação da música deste arquiteto da canção.

Edição festeja 40 anos do primeiro Pink Floyd

Primeiro álbum do Pink Floyd, e o único feito sob a influência psicodélica do guitarrista Syd Barrett (1946 - 2006), The Piper at the Gates of Dawn ganhou edição comemorativa de seus 40 anos (o LP original foi lançado em 5 de agosto de 1967). Trata-se de um pacote triplo, incluindo versões em mono e em estéreo das onze músicas do disco, além de um terceiro CD com faixas-bônus. Entre elas, raro take alternativo de Interstellar Overdrive e fonogramas de singles editados pelo grupo no ano do LP. Já a edição que será lançada no Brasil em 1º de outubro, via EMI Music, é dupla e traz encarte com 16 páginas coloridas e as letras das músicas. Foi feita nova remasterização do álbum, sob supervisão de James Guthrie.

Álbum de Akon ganha edição especial no Brasil

Konvicted, álbum do rapper Akon, chega às lojas em 10 de outubro em uma edição especial produzida pela gravadora Universal Music somente para o mercado nacional. Intitulado Konvicted - Brazilian Edition, o CD vai trazer quatro faixas-bônus. A saber: a inédita Rush, Lonely (o hit do disco anterior, Trouble), Sorry, Blame It on me (escrita por Akon em resposta a uma acusação de assédio contra menores após um show em Trinidad) e o calypso remix do sucesso Don't Matter. Em ascensão na cena hip hop, Akon nasceu nos Estados Unidos, só que ele foi criado entre o Senegal e os EUA.

Milton lança em 2008 CD de jazz feito em Paris

Sem gravar um CD de inéditas desde o coeso Pietá, de 2002, Milton Nascimento vai voltar ao mercado fonográfico com álbum internacional. Ele lança no início de 2008 disco de jazz - gravado pelo artista em 11 e 12 de setembro de 2007, em Paris (França), na seqüência de show feito na programação do festival Jazz a la Villete. O cantor foi convidado pelos irmãos Lionel (sax e flauta) e Stéphane (trompete) Belmondo a rebobinar seus sucessos em tom jazzístico com uma banda e a Orchestre National d'Ile-de-France, regida pelo maestro Christophe Mangou. A apresentação aconteceu no Grande Halle Charlie Parker. Na fina seleção, Morro Velho, Ponta de Areia, Nada Será como Antes etc.

18 de setembro de 2007

Música do novo CD do CPM 22 chega às rádios

Faixa eleita o primeiro single do quinto álbum do grupo CPM 22, Cidade Cinza, Nossa Música chega às rádios (de pop rock) nesta terça-feira, 18 de setembro. O tema é da lavra de Wally, guitarrista da banda. Rick Bonadio, Rodrigo Castanho e Paulo Anhaia assinam a produção do álbum, que vai ser lançado pelo selo Arsenal Music.

D2 idealiza um disco 'internacional' para 2008

Em seu quinto álbum solo, já intitulado Assim Tocam os meus Tambores, Marcelo D2 vai procurar imprimir tom internacional à sua batida. A produção será feita em Los Angeles (EUA). "Quero gravar ao lado dos gringos e fazer um disco internacional, investir na Europa e na Ásia", adiantou D2 em entrevista à edição de setembro da revista Rolling Stone. A (boa) idéia de D2 é que a ficha técnica do álbum agregue nomes como will.i.am (do Black Eyed Peas) e os rappers (e DJs) Cut Chemist e Madlib. O último disco de D2, Meu Samba É Assim, é de 2006.

Coletânea remexe no caldeirão do rap brasileiro

A Som Livre lança compilação do programa Caldeirão do Huck - apresentado pela Rede Globo na tarde de sábado, sob o comando de Luciano Huck - com o foco no rap brasileiro. Com imagem estilizada de uma favela na capa colorida (foto à direita), o CD Caldeirão do Huck - Hip Hop Nacional reúne fonogramas de Thaíde (Pra Cima), De Leve (Sem Neurose), grupo SP Funk (Tá pra Noiz), J.3. (Na Areia da Ilha) e PRC (O Que Você Quer, com a adesão de Vinimax), entre outros nomes que agitam a cena hip hop brazuca.

Batuque na Cozinha faz sorrir fã do bom samba

Resenha de CD
Título: Sorria para o
Samba
Artista: Batuque na
Cozinha
Gravadora: Independente
Cotação: * * * *

Sim, há outras vozes do samba além das muitas boas cantoras que vem elegendo o gênero como pilar estético de seus trabalhos. Formado em 1998 e batizado pelo padrinho Martinho da Vila com o nome de samba clássico de João da Baiana, aliás revivido no CD com a adesão de Dudu Nobre, o Batuque na Cozinha impressiona neste primeiro disco por conta do repertório de excelente nível e quase todo inédito, com as justas exceções do samba de Baiana e de Anjo Moreno, a pérola de Candeia que o grupo faz brilhar com arranjo cool, calcado no piano de Anderson Rocha. Tem futuro...

Ampliando a geografia do samba, normalmente associado à Lapa (o bairro boêmio do Centro do Rio) e aos subúrbios cariocas, o Batuque saúda poeticamente o Rio Zona Sul no mesmo disco em que reverencia a tradicional verde-e-rosa em Mangueira, o lindo samba que fecha CD nada óbvio. Entre partido alto (Dor de Amor, aliás, homônimo do samba de Zeca Pagodinho gravado por Beth Carvalho em 1986) e a sublime faixa-título que flerta com a batida baiana do afoxé (Sorria para o Samba), o grupo lembra a gestação atribulada do samba em Tempo do Vovô, tema inspirado que traz a voz de Beth Carvalho. O azeitado pot-pourri com Moqueca / Vai e Vem - dois sambas de Pedro de Holanda e Orlando Magrinho - é tempero ideal para qualquer roda de samba. Enfim, o Batuque na Cozinha faz grande estréia no mundo do disco e deixa sorridente o fã do bom samba produzido nos múltiplos quintais cariocas. Dez!

17 de setembro de 2007

Bethânia bem de perto em dois documentários

A Biscoito Fino lança em 1º de outubro DVD que agrega dois documentários sobre Maria Bethânia. Dirigido (em preto e branco) por Júlio Bressane, em 1966, Bethânia Bem de Perto flagra a cantora recém-chegada ao Rio, passeando pela cidade e em cenas na sua casa, em papos com amigos como Jards Macalé. Já Pedrinha de Aruanda, em exibição nos cinemas, foi dirigido por Andrucha Waddington em 2006, quando a artista completou 60 anos. Eis as 30 músicas ouvidas nos filmes:

Bethânia Bem de Perto
1. Quem me Dera (Caetano Veloso)
2. Coração Vulgar (Paulinho da Viola)
3. Não Tem Tradução (Noel Rosa e Francisco Alves)
4. Olha pro Céu (Luiz Gonzaga e José Fernandes)
5. Deixa (Baden Powell e Vinicius de Moraes)
6. Uma Canção (Vinicius de Moraes e Jards Macalé)
7. Ave Maria (Caetano Veloso sobre letra de domínio público)
8. Este seu Olhar (Tom Jobim)
9. Viramundo (Gilberto Gil e Capinam)
10. Furacão (Jards Macalé e Capinam)
11. Pierrot Apaixonado (Heitor dos Prazeres e Noel Rosa)
12. Minha Machadinha (domínio público)
13. Pra Dizer Adeus (Edu Lobo e Torquato Neto)
14. Apelo (Baden Powell e Vinicius de Moraes)

Pedrinha de Aruanda
1. Pedrinha Miudinha (domínio público)
2. Gita (Raul Seixas e Paulo Coelho)
3. Parabéns pra Você (domínio público)
4. Pai Nosso (domínio público)
5. Maria Matter Gratiae (domínio público)
6. Ofertório (Caetano Veloso)
7. Motriz (Caetano Veloso)
8. Meu Romance (Jota Cascata)
9. Chuá Chuá (Ary Pavão e Pedro de Sá Pereira)
10. Oração de Mãe Menininha (Dorival Caymmi)
11. Felicidade (Lupicínio Rodrigues)
12. Foguete (Roque Ferreira e Jota Velloso)
13. Exemplo (Lupicínio Rodrigues)
14. Tristeza do Jeca (Angelino de Oliveira)
15. Lua Bonita (Zé Martins e Zé do Norte)
16. Gente Humilde (Garoto, Vinicius de Moraes e Chico Buarque)

Textos
1. Noturno IV (Mario Quintana)
2. O Tejo É Mais Belo (Alberto Caeeiro)
3. As Ruazinhas (Mario Quintana)
4. Ultimatum (Álvaro de Campos)

'Matizes' não altera os tons da obra de Djavan

Resenha de CD
Título: Matizes
Artista: Djavan
Gravadora: Luanda
Records
Cotação: * * *

A chegada da música Pedra às rádios, em 16 de agosto, tinha dado o sinal de que Matizes, 18º título da coesa discografia de Djavan, era mais do mesmo na obra do compositor. Um mesmo bem refinado, diga-se, que ostenta a assinatura original do autor. A audição do álbum não desfaz a impressão. Djavan repete tons e cores de sua música em disco trivial que alterna altos e baixos no repertório exclusivamente autoral (não há sequer um parceiro...).

Joaninha - a canção que abre o disco, urdida com leves distorções da guitarra de Max Viana - é o maior destaque da safra irregular de 12 inéditas. É linda música que reitera cânones da obra do artista. Menos pop do que Bicho Solto - o XXIII (1998) e menos forte e nordestino do que Milagreiro (2001), Matizes apresenta alguns sambas. Uns mais tradicionais, como Delírio dos Mortais, criado para exaltar o Rio de Janeiro - a cidade em que reside o migrante alagoano desde os anos 70. Outros de estrutura mais inventiva - caso do samba que dá nome ao disco e no qual a guitarra de Max desempenha bem o papel harmônico normalmente assumido pelo cavaquinho. Nesta faixa, e em músicas como Mea Culpa e Azedo e Amargo, (re)aparecem os metais na obra de Djavan. É tonalidade peculiar de Matizes, disco feito e editado de forma independente.

Para quem gosta de Djavan, músicas como Fera e Por uma Vida em Paz (a sua típica balada de eventual contorno jazzístico) vão descer bem. O que não caiu nada bem - mesmo para fãs - é a letra panfletária do samba Imposto, em que o compositor chega quase a constranger com versos que protestam de forma pueril contra a alta carga tributária imposta aos brasileiros. Djavan soa bem mais inspirado quando faz letras urdidas com palavras escolhidas mais pela musicalidade do que por seu sentido literal. É o que pede sua obra urdida com afiado e raro senso rítmico e, nesse sentido, com exceção de Imposto, Matizes não desbota as cores da música do autor de Azul e Lilás. Mas também não altera sua usual tonalidade.

Edições especiais marcam 30 anos de 'Embalos'

Em 1977, o mundo ocidental seguiu os passos de dança de Tony Manero, jovem balconista do Brooklyn que dava a volta por cima na discoteca, na pele de John Travolta, o protagonista do filme-ícone Os Embalos de Sábado à Noite - o marco áureo da era da disco music. Para marcar os 30 anos da estréia do filme, a Warner Music vai relançar o álbum com a trilha sonora - assinada pelo trio Bee Gees com megahits como Night Fever e Staying Alive - e a Paramount vai pôr no mercado o DVD (capa à direita) com a Edição Especial de Aniversário do filme, definidor de uma estética disco music que foi copiada no Brasil pela novela Dancin' Days. Entre os extras, há comentários do diretor John Badham, a discopédia dos anos 70 (a rigor, um guia para entender a música e o comportamento da década) e aulas de dança à moda de Travolta com John Cassese. Tudo no embalo destes 30 anos...

Três obras de Moura inauguram a série 'Galeria'

Até então fora de catálogo ou inéditos em CD, três discos do instrumentista Paulo Moura - Hepteto (1968), Quarteto (1969) e Fibra (1971, capa à esquerda) - inauguram a série Galeria, que totalizará nove (raros) títulos reeditados pela gravadora Atração (SP). Pelo conceito gráfico da coleção, a capa do LP original é emoldurada como uma obra de arte. Os seis títulos restantes serão álbuns do pianista Eumir Deodato. A cada mês, a distribuidora Brazilmúsica! vai pôr três discos no mercado.

16 de setembro de 2007

Joanna canta até Rita e Zeca em Pintura Íntima

Após lançar registro de show captado em Portugal, Joanna está de volta à cena com outra gravação ao vivo. Joanna em Pintura Íntima ganha edição em CD (capa à direita) e DVD. No bom repertório, a cantora incluiu até músicas de Rita Lee (Desculpe o Auê) e de Zeca Pagodinho (Deixa a Vida me Levar), entre hits como Chama. O CD já vai chegar às lojas nos próximos dias. O DVD vai sair na seqüência. Eis as 14 faixas do CD:

1. Mensagem pra Você
2. Uma Canção de Amor
3. Chama
4. Diz Quem me Diz / Pinta de Bacana
5. Espelho
6. Pra Começo de Conversa
7. Recado (Meu Namorado)
8. Mulher Marcada
9. Pintura Íntima
10. Cicatrizes
11. Descaminhos
12. Desculpe o Auê
13. Meu Mundo e Nada Mais
14. Deixa a Vida me Levar

Coletânea revive obscuro dueto de Gil e Marisa

Quase desconhecida gravação feita em 1997 por Gilberto Gil com Marisa Monte, disponível no CD com a trilha sonora do filme Navalha na Carne, a música Life Gods abre e puxa a coletânea Duetos, idealizada pela Warner Music com a bela reunião de 14 fonogramas que junta Gil a nomes como Cássia Eller, Cazuza, Toquinho e Rita Lee. Eis as 14 faixas da compilação - nas lojas nos próximos dias:

1. Life Gods - com Marisa Monte
2. Baticum - com Chico Buarque
3. A Paz - com João Donato
4. Cada Macaco no seu Galho - com Caetano Veloso
5. Um Trem para as Estrelas - com Cazuza
6. Sebastian - com Milton Nascimento
7. Tarde em Itapoã - com Toquinho
8. Alguém me Avisou - com Maria Bethânia e Caetano Veloso
9. Extra - com Cidade Negra
10. Céu da Boca - com Ivete Sangalo
11. Macô - com Chico Science e Marcelo D2
12. Alagados - com Paralamas do Sucesso
13. Fiz o que Pude - com Cássia Elller
14. Refestança - com Rita Lee

Acústico de Chitãozinho & Xororó sai com Lulu

O mundo dá voltas. Gravados em 29 de agosto, num sítio em Jaguariúna (SP), o CD e o DVD acústicos da dupla Chitãozinho & Xororó vão chegar às lojas até o fim do ano com a curiosa intervenção de Lulu Santos na música A História de um Prego (outros dois convidados são Almir Sater - na bela Rio de Lágrimas - e Zé Ramalho, na regravação de Sinônimos). Lulu - vale lembrar - foi alvo de intensa polêmica nacional na década de 90 quando alfinetou a postura política dos sertanejos no programa global Domingão do Faustão. Na época, as duplas mais populares do gênero se deixavam usar pelo então presidente Fernando Collor. A crítica de Lulu irritou os caipiras.

Elba aparece zen na capa de seu 25º disco solo

É vestida de branco - com um crucifixo e com a postura zen que tem moldado seu comportamento nos últimos tempos - que Elba Ramalho aparece na capa de seu 25º disco solo, Qual o Assunto que Mais lhe Interessa?, nas lojas em breve, com distribuição da Brazilmúsica! e edição do próprio selo da cantora, Ramax. Em seu site oficial, Elba já mostra algumas faixas do (aguardado) CD.