7 de julho de 2007

Olivia revê trajetória no aconchego do palco-lar

Resenha de Show
Título: Cada Um Cada Um
Artista: Olivia Byington
Local: Casa de Cultura Laura Alvim (RJ) Espaço Rogério Cardoso
Data: 5 de julho de 2007
Cotação: * * * *
Em cartaz de quinta-feira a domingo. Até dia 29 de julho

Paralelamente ao lançamento do álbum batizado com seu nome, Olivia Byington estreou temporada no Rio de Janeiro de um novo show, Cada Um Cada Um, em que extrapola o universo autoral do repertório do CD Olivia Byington. Não é um espetáculo de caráter retrospectivo, mas, no roteiro, a cantora revê instantes de sua trajetória no clima aconchegante de um palco que mais parece um cômodo de sua casa - com direito a um computador em cena. É neste tom íntimo e pessoal que Olivia, se acompanhando bem ao violão, vai tecendo uma teia que envolve o espectador no recital.

Com seu canto mais dosado e encorpado, a intérprete abre o show com Mãe da Manhã, linda música de Gilberto Gil que permanecia esquecida no CD O Sorriso do Gato de Alice, gravado por Gal Costa em 1993. De projeto em torno da música de Caetano Veloso que acabou não concretizado, Olivia apresenta Alguém Cantando e Muito Romântico (com inflexões teatrais). De Tom Jobim, a boa cantora recorda Fotografia e Modinha (com Vinicius de Moraes).

E o fato é que a intérprete vai seduzindo sua platéia número após número, com muito bate-papo que contextualiza cada música na sua vida e obra. Se muitos espectadores já sabiam que Lady Jane fora o sucesso de seu primeiro LP, Corra o Risco (1978), todos desconheciam o apreço de um dos quatro filhos da artista, João, pela música sertaneja. Daí a inclusão afetiva de Pense em mim (hit que consolidou a carreira do duo Leandro & Leonardo) em roteiro que lembra em De que Callada Manera o flerte da intérprete com a música cubana no álbum Identidad, gravado por ela em 1982.

A voz de Olivia conserva o brilho - como comprova sua releitura de Clarão (a parceria da cantora com o poeta Cacaso, lançada no álbum Melodia Sentimental, de 1987. À letra original, a artista incorporou versos inéditos de Cacaso, cujo manuscrito é inclusive mostrado à platéia em outro momento cúmplice de um show que começa com o público passando pelo camarim de Olivia antes de poder avistar o palco armado no espaço graciosamente decorado.

Após um número de maior voltagem emocional (Feuilles Mortes, mixado com poema de Fernando Pessoa), a cantora lembra com graça música do disco A Dama do Encantado (1997), no qual abordou - com personalidade - o repertório de Aracy de Almeida (1914 - 1988). É Menina Fricote, que exibe a mesma verve de Uva de Caminhão, tema maliciososo de Assis Valente. Enfim, um show aconchegante que faz muito bem à alma e reafirma a sensibilidade de Olivia Byington (na foto de Felipe Panfili, numa cena do show).

'Mar de Sophia' e 'Pirata' aportam em Portugal

Os dois belos CDs de Maria Bethânia sobre as águas - Mar de Sophia e Pirata - estão aportando de forma oficial no mercado de Portugal. Os dois já eram vendidos na Terrinha na seção de importados de algumas lojas. A intérprete (à esquerda em foto de Leonardo Aversa) está aliás no país para fazer show e promover os discos, editados no Brasil em 1º de novembro de 2006 pela Biscoito Fino. Mar de Sophia tem forte elo com Portugal pelos textos da poeta lusitana Sophia de Mello Breyner Andresen (1919 - 2004).

Segundo DVD da festa Ploc revive 'trash' dos 80

Os Abelhudos, Adriana, Byafra, Alex Gil, Graffitte, Gretchen, Kátia, Cid Guerreiro, Kaoma, Paquitas e Sérgio Mallandro são alguns nomes do eclético time do DVD Festa Ploc 80's 2 (capa à direita) - nas lojas no fim de julho pela gravadora Performance Music. Gravado em show no Circo Voador (RJ), em 22 de julho de 2006, o DVD tenta prolongar o culto aos anos 80 com o som mais trash daquela década. E, se os artistas supra-citados revivem seus próprios sucessos, Fernando Deluqui (guitarrista do RPM) se permitiu fazer cover de Nós Vamos Invadir sua Praia, hit do grupo Ultraje a Rigor. Eis as 19 músicas (e intérpretes) do DVD, cujo disco reproduz na arte do rótulo a estética da época do vinil:
1. Conga Conga Conga - Gretchen
2. Freak le Boom Boom - Gretchen
3. Carta aos Missionários - Guilherme Isnard
4. Nós Vamos Invadir sua Praia - Fernando Deluqui
5. Mama Maria - Graffitte
6. O Dono da Terra - Os Abelhudos
7. Dá Mais Um - Sangue da Cidade
8. Chorando se Foi - Kaoma
9. I Love You Baby - Adriana
10. Reluz - Marcos Sabino
11. Qualquer Jeito - Kátia
12. Leão Ferido - Byafra
13. Agora Eu Sei - Guilherme Isnard
14. Meu Amor Vem Fazer Glu Glu - Sérgio Mallandro
15. Dá pra mim - Alex Gil (Polegar)
16. Tindolelê - Cid Guerreiro
17. Ilariê - Cid Guerreiro
18. Lua de Cristal - Paquitas
19. Thundercats - Luciano Nassyn

Gil monta seu arraial vivaz de São João em DVD

Já está nas lojas o DVD São João Vivo - com o registro integral do show feito por Gilberto Gil em 2000 com ênfase na obra de Luiz Gonzaga. Até então inédita em DVD, a gravação já fora editada em CD ao vivo em 2001. Entre os 24 bons números, há músicas como Baião da Penha, Óia Eu Aqui de Novo, Qui Nem Jiló, Olha pro Céu e Eu Só Quero um Xodó. Nos extras, o DVD exibe (longa) entrevista de Gil de dezembro de 2000.

6 de julho de 2007

Jay mostra 'Formidável Mundo Cão' em agosto

Em ascensão na cena pop, Jay Vaquer vai lançar seu quarto disco, Formidável Mundo Cão (capa acima), no início de agosto, via EMI. Longe Aqui é a música de trabalho que será enviada para as rádios nos próximos dias e que já está disponível no site MySpace (www.myspace.com/jayvaquer). O clipe será filmado na próxima semana, com direção de Bruno Murtinho. O CD reúne 12 músicas inéditas - de autoria do próprio Jay Vaquer. Eis as 12, pela ordem:
1. Longe Aqui
2. Preciso Poder
3. Formidável Mundo Cão
4. Num Labirinto
5. Fomos
6. Estrela de um Céu Nublado (em dueto com Meg Stock)
7. Noutro Caminho
8. Breve Conto do Velho Babão
9. Alguém em seu Lugar
10. A propósito
11. Por um Pouco de Paz (Crime do Desassossego)
12. Nera

Iggor e Max Cavalera voltam a gravar CD juntos

Reconciliados, os irmãos Iggor (à direita na foto) e Max Cavalera voltam a gravar disco juntos. Os fundadores do grupo Sepultura já compuseram todo o repertório de um CD que vai ser gravado entre Estados Unidos (provavelmente, em Los Angeles) e Brasil. Ambos pretendem que o projeto seja batizado com outro nome para que seja desvinculado do Sepultura - a banda de metal fundada pelos irmãos em Minas Gerais, em meados dos anos 80. Iggor e Max não gravam juntos desde 1996, quando fizeram Roots, um dos títulos (emblemáticos) da discografia do Sepultura. Quem viver, ouvirá...

'Barões' preparam solos, livro, DVD e reedição

Com o recesso do grupo carioca Barão Vermelho, seus integrantes já começam a investir em discos solos. Frejat pretende lançar seu terceiro CD individual em 2008. Já o baterista Guto Goffi planeja estrear na carreira solo com álbum duplo (!). Sem falar no baixista Rodrigo Santos, que acabou de lançar o disco Um Pouco Mais de Calma. Enquanto isso, Ezequiel Neves escreve a biografia da banda que lançou Cazuza. A idéia é que o livro chegue ao mercado com a versão turbinada e remixada do álbum de estréia do Barão, lançado em 1982. A reedição iria incluir faixas inéditas de bônus. Paralelamente à biografia, o DVD com o show do grupo no festival Rock in Rio já está no forno - com o selo da gravadora MZA Music.

Pitty inclui duas inéditas no repertório de DVD

Malditos Cromossomos e Pulsos são as duas composições inéditas feitas por Pitty (foto) para o CD e DVD que a artista grava ao vivo nesta sexta-feira, 6 de julho, em São Paulo (SP). A gravação vai ser feita em único show na casa Citibank Hall. A produção é de Rafael Ramos. O lançamento acontece no segundo semestre via Deckdisc.

5 de julho de 2007

Diogo cai no samba com Xande e lembra Baden

A EMI anunciara apenas as participações de Marcelo D2 e Marcel Powell - bom violonista, filho de Baden Powell (1937 - 2000) - na gravação do DVD e CD ao vivo de Diogo Nogueira (foto), além da intervenção de ritmistas da Portela no samba-enredo defendido pela escola neste ano, do qual Diogo é um dos autores. Só que, no primeiro dia de gravação, na noite de quarta-feira, 4 de julho, no Teatro João Caetano, houve dueto de Diogo com Xande de Pilares - integrante do grupo Revelação - na inédita Cai no Samba. Com o violão de Marcel, Diogo prestou uma homenagem a Baden Powell, cantando Violão Vadio e Vou Deitar e Rolar. Em Espelho, o rapaz fez dueto virtual com o pai, João Nogueira (1941 - 2000), de quem também regravou músicas como Minha Missão. Já a adesão de D2 estava prevista para acontecer na noite de quinta-feira, 5 de julho.

Maria Rita finaliza CD de samba para setembro

Maria Rita já está na fase final da gravação de seu CD de sambas, produzido por Leandro Sapucahy. O lançamento está confirmado para setembro - mês em que a cantora também lançou os álbuns Maria Rita (2003) e Segundo (2005). O repertório está sendo mantido em total segredo, por ordem da gravadora Warner Music.

Primeiro álbum do Motörhead volta com bônus

A EMI Music reedita este mês no mercado nacional o álbum de estréia do resistente grupo inglês Motörhead. On Parole foi gravado em 1976, mas foi lançado somente em 1979. A atual reedição apresenta como bônus versões alternativas das faixas City Kids, Leaving Here, Motörhead e On Parole. Vale ressaltar que trata-se, a rigor, da mesmíssima criteriosa reedição lançada no exterior, em 1997.

PJ Harvey apresenta 'White Chalk' em setembro

Sem lançar um álbum desde 2004, o ano em que voltou à cena com Uh Huh Her, PJ Harvey já tem um novo CD no forno. White Chalk tem lançamento previsto para 24 de setembro. O repertório é de inéditas e foi composto basicamente no piano - e não na guitarra. Colaboradores fiéis de Harvey, Flood and John Parish integram o time de produtores do disco, que vai chegar às lojas pela gravadora Island. Harvey é cultuada na cena pop.

4 de julho de 2007

Ode a Domino junta Elton, Paul, Plant e Norah

Prestes a completar 80 anos, em 26 de fevereiro de 2008, o cantor e pianista Fats Domino - um dos pioneiros do r&b e do rock'n'roll da década de 50 - será homenageado em álbum que vai reunir, entre outros, Elton John, Norah Jones, Paul McCartney, Robert Plant, Corinne Bailey Rae e Ben Harper. O álbum duplo Goin' Home - A Tribute to Fats Domino tem lançamento programado para 25 de setembro. Eis, sem ordem, a lista já confirmada de intérpretes e músicas do CD, que inclui uma antiga gravação de Ain't That a Shame na versão de John Lennon:
1. Elton John - Blueberry Hill
2. Paul McCartney - I Want to Walk You Home
3. John Lennon - Ain't That a Shame
4. Dr. John - Don't Leave me This Way
5. Robert Plant - It Keeps Rainin'
6. Lenny Kravitz - Trombone Shorty
7. Willie Nelson - I Hear You Knockin'
8. Corinne Bailey Rae - One Night (of Sin)
9. Herbie Hancock - I'm Gonna Be a Wheel
10. Bruce Hornsby - Don't Blame It on me
11. Lucinda Williams - I Live my Life
12. Art Neville - Please Don't Leave me
13. BB King - Goin' Home
14. Tom Petty and the Heartbreakers - I'm Walkin'

Interpol lança terceiro CD de estúdio na Capitol

Our Love to Admire (capa à direita), terceiro álbum de estúdio do Interpol, marca a entrada do grupo na Capitol Records. Editado esta semana no Brasil, o CD vai ser lançado de maneira oficial nos Estados Unidos na próxima terça-feira, 10 de julho. É o sucessor de Turn on the Bright Ligths (2002) e Antics (2004) e tem sua produção assinada pela banda em parceria com Rich Costey. Entre as 11 músicas, The Scale, Pionner to the Falls, All Fired up, No I in Threesome, Rest my Chemistry e The Heinrich Maneuver.

Multishow premia as bizarrices dos fãs-clubes

Pode Ivete Sangalo ter levado o injusto prêmio de Melhor Show, derrotando Caetano Veloso? Pode Rogério Flausino, vocalista do Jota Quest, ter sido eleito o Melhor Cantor? Pode a Melhor Música ter sido Senhor do Tempo, do grupo Charlie Brown? E pode o CPM 22 ter levado o troféu de Melhor DVD? Sim, a rigor, tudo pode se a competição em questão for como o Prêmio Multishow de Música Brasileira. Realizada na noite de terça-feira, 3 de julho, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a cerimônia de entrega dos troféus da 14º edição do prêmio do canal de TV da Globosat confirmou o que todo o meio musical já sabe: o Multishow premia as escolhas bizarras dos fãs-clubes - sem um compromisso com o bom senso...

Tanto que a bela homenagem a Chico Science (1966 - 1997) - que encerrou a cerimônia com um set em que músicos como Herbert Vianna e Marcelo D2 se juntaram para apresentar músicas como A Cidade e A Praieira - nem fez muito sentido diante de uma exótica premiação pautada pelo voto popular. E, se a voz do povo é a voz de Deus, vale pregar o ateísmo e discordar da eleição do grupo NX Zero como Revelação, derrotando nomes como a cantora Céu e a banda carioca Moptop, ambos com fãs-clubes bem insignificantes frente à legião que gritava o nome de Ivete Sangalo dentro e fora do Theatro Municipal (a foto é de Murilo Tinoco, da Agência MT).

Menos bizarra foi a escolha do vídeo da música Dor de Verdade - gravada por Marcelo D2 - como Melhor Clipe. Mas o que dizer da gafe de Dinho Ouro Preto, que anunciou a vitória de Ana Carolina como a Melhor Cantora sem sequer apresentar as outras quatro indicadas (Cláudia Leitte, Ivete Sangalo, Meg Stock e Negra Li)??? Dinho atribuiu o lapso à emoção (!) com a conquista do prêmio de Melhor Grupo pelo Capital Inicial... Sua justificativa não fez muito sentido, só que, a rigor, nada fez muito sentido na entrega do 14º Prêmio Multishow de Música Brasileira. Foi uma cerimônia chata, com insossos e previsíveis números musicais de Gilberto Gil, Ana Carolina, Capital Inicial, Ivete Sangalo (em dueto constrangedor com Samuel Rosa) e de Charlie Brown Jr. Tudo, aliás, sob medida para agradar artistas e fãs-clubes. Diante das bizarrices do Prêmio Multishow, o Prêmio Tim parece adquirir uma importância que, a rigor, ainda não tem. Eis os vencedores do
14º Prêmio Multishow:

* Melhor Cantora - Ana Carolina
* Melhor Cantor - Rogério Flausino (Jota Quest)
* Melhor Instrumentista - Champignon (Revolucionários)
* Melhor Música - Senhor do Tempo (Charlie Brown Jr)
* Melhor Grupo - Capital Inicial
* Revelação - NX Zero
* Melhor CD - Multishow ao Vivo Ivete no Maracanã
* Melhor DVD - CPM 22 MTV ao Vivo
* Melhor Show - Ivete Sangalo
* Melhor Clipe - Dor de Verdade (Marcelo D2)

Sem polêmicas, Ana canta 'Eu Comi a Madona'

O sorriso de Dinho Ouro Preto na foto de Leo Dresh - da Agência MT - contrasta com a saia justa vivida minutos antes pelo cantor do Capital Inicial, que, ao apresentar o prêmio de Melhor Cantora na 14º Edição do Prêmio Multishow, foi logo anunciando a vitória de Ana Carolina sem ter dito os nomes das outras indicadas. E por falar na artista, Ana apresentou a música Eu Comi a Madona sem chocar (e sem empolgar) a platéia que lotou o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Houve algumas projeções em seu número, mas sem o teor supostamente erótico que teria constrangido o público na estréia nacional do show Dois Quartos, em BH (Minas Gerais).

3 de julho de 2007

Reali no lírico trem mineiro de Nivaldo Ornelas

Mais conhecido como flautista do que como compositor, o mineiro Nivaldo Ornelas tem sua obra autoral reunida pela intérprete Margareth Reali no CD Um Trem para o Sonho - As Canções de Nivaldo Ornelas. A faixa-título é tema instrumental. As demais nove músicas trazem letras escritas por Murilo Antunes, Tavinho Moura, Ana de Hollanda e Jairo Lara. Duas canções - João Rosa e Sua Incelença, Manuelzão - remetem ao rico universo do escritor Guimarães Rosa e integram a trilha do filme João Rosa, dirigido por Helvécio Ratton nos anos 70. Com a sua voz aguda, Reali viaja no trem lírico de Ornelas a reboque de temas como Alegria de Ser, Reis de Janeiro, Amor de Papel e Minha Criança. Já está à venda!!

Cecília romanceia céu e inferno do universo pop

Letrista da singela canção Por Você, um dos últimos sucessos do grupo carioca Barão Vermelho, Mauro Sta. Cecília faz sua estréia como romancista com Cão de Cabelo, livro publicado na coleção Ponta-de-Lança, da editora Língua Geral. O parceiro de Frejat e Rodrigo Santos - entre outros músicos - narra a história de Lelo Costa, compositor que conhece o céu e o inferno do universo pop a partir do sucesso avassalador da canção A Chave do seu Coração. Criador dos versos de Amor pra Recomeçar, hit de Frejat, Cecília já publicou dois livros de poesia.

Tom, Vinicius e Bosco na série 'Jazz Café Brasil'

O empresário Steve Altit criou gravadora - Top Cat, o braço fonográfico da sua homônima produtora - e optou por entrar no mercaco com a série de CDs instrumentais intitulada Jazz Café Brasil. Os cinco títulos iniciais - dedicados às músicas de Tom Jobim, João Bosco e Vinicius de Moraes e também aos gêneros Bossa Nova e Pop Rock - estão chegando às lojas com distribuição da Brazilmúsica!. Para gravar os temas, Altit arregimentou músicos como Armando Marçal (percussão), Jurim Moreira (bateria), Kiko Continentino (piano), Jorge Helder (baixo) e Nelson Faria (arranjos e guitarra).

Vega conceitua NY em disco de clima eletrônico

Resenha de CD
Título: Beauty & Crime
Artista: Suzanne Vega
Gravadora: Blue Note
/ EMI Music
Cotação: * *

Há 20 anos, Suzanne Vega dominava as paradas com Luka. A sensível canção sobre uma criança que sofria abusos projetou o seu nome e seu álbum de estréia, Solitude Standing (1987). De lá para cá, Vega nunca mais bisou aquele êxito inicial. E vai ser difícil mudar esse panorama com Beauty & Crime, disco irregular que marca sua estréia no selo Blue Note após seis anos de afastamento do mercado fonográfico. O CD já está saindo no Brasil, embora o lançamento, nos EUA, esteja agendado para 17 de julho.

Vega retorna com álbum conceitual sobre Nova York, produzido por Jimmy Hogarth. Se a artista ainda parece ter o que dizer, sua inspiração melódica já se mostra mais rarefeita. Não se detecta uma linda canção no disco, ainda que Zephyr & I e New York Is a Woman (tema que lembra a atmosfera dos primeiros trabalhos de Vega) se destaquem no irregular repertório. O que pouco soma são as (triviais) programações eletrônicas embutidas em músicas como Ludlow Street e Pornographer's Dream, pois parecem pôr em segundo plano o discurso sensível de uma artista que, no caso, sempre se sustentou mais pelas letras do que pelas músicas em si.

2 de julho de 2007

Grupo carioca Som da Rua suspende atividades

O quinteto carioca Som da Rua comunicou no início da noite desta segunda-feira, 2 de julho, a suspensão de todas as suas atividades profissionais após nove anos de militância na cena indie. O grupo chegou a lançar um CD pela Deckdisc, Músicas para Violão e Guitarra. Contudo, teve sua trajetória seriamente abalada com a morte, num acidente de carro, do vocalista Liô Mariz, o principal compositor da banda. Eis o comunicado distribuído pelo quinteto:

"Som da Rua comunica oficialmente que está suspendendo todas suas atividades por tempo indeterminado. Foi uma decisão consensual tomada por todos os integrantes em conjunto. Apesar de todas as situações difíceis (como a perda do querido Liô, a saída da Deckdisc e a mudança de escritório) que a banda passou no último ano e meio, seguimos adiante com o trabalho em que sempre acreditamos. Infelizmente, as divergências musicais e ideológicas não estavam permitindo que a banda mantivesse o mesmo rendimento - tanto em termos de produção quanto artístico - e vinham atrapalhando bastante o convívio entre os membros. Optamos por dar uma parada no trabalho e preservar a amizade, afinidade, carinho e respeito que sempre fez do Som da Rua muito mais do que uma banda de música e, sim, uma família. Desde já, fica registrada aqui nossa eterna gratidão a todos os fãs, amigos, profissionais, que de alguma forma contribuíram para que o Som da Rua construísse uma carreira digna - e sempre respeitando a música e a arte ao longo de nove anos. Continuamos, de alguma forma, envolvidos com música e certamente vocês ainda verão muitas conquistas importantes de cada um de nós, juntos ou separados. Muito obrigado! E nos vemos por aí". Som da Rua

Roberta Sá adia lançamento de CD para agosto

Os admiradores de Roberta Sá (com Pedro Luís na foto de Luiz Garrido) terão que conter a ansiedade, pois o lançamento do segundo belo CD da cantora - previsto para julho - passou para agosto. Houve ligeiro atraso na finalização do trabalho, produzido por Rodrigo Campello, com músicas de Moreno Veloso, Pedro Luís, Edu Krieger, Sidney Miller, Ivone Lara e Rodrigo Maranhão - entre outros. Paciência...

Prince oferece CD inédito de graça na Inglaterra

Prince radicalizou e reduziu a zero o preço de seu novo CD. Ao menos na Inglaterra, onde decidiu encartar o álbum Planet Earth em edição do jornal Daily Mail sem que os leitores precisem pagar nada a mais do que o preço do periódico para receber o disco. E o artista foi bem além: quem comprar um ingresso para qualquer show do cantor em Londres também vai receber seu novo álbum de graça.

Olivia se arrisca como compositora no 10º disco

Resenha de CD
Título: Olivia Byington
Artista: Olivia Byington
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * 1/2

Cantora de estilo operístico e voz extensa, Olivia Byington se arrisca como compositora em seu 10º disco, urdido com repertório autoral - e inédito em sua quase totalidade. O ponto de partida foi seu encontro no Rio de Janeiro, em 2005, com o poeta português Tiago Torres da Silva, parceiro da artista em nove das 12 músicas do CD, editado em Portugal em 2006 e ora relançado no Brasil pela Biscoito Fino.

Não se trata de um álbum com sotaque lusitano. Ao contrário, os versos de Tiago embutem diversas referências ao Brasil - algumas expostas já nos títulos de faixas como Areias do Leblon e o samba Eu Nunca Fui à Bahia. Sim, Olivia surpreende ao incursionar pelos sambas. Na Ponta dos Pés conta com a participação de Seu Jorge, que improvisa um rap no fim. Mãe Quelé - tributo a Clementina de Jesus (1901 - 1989) - conta com o auxílio luxuoso da voz de Maria Bethânia, citada na letra em que - entre outras imagens - Quelé é descrita como uma "Negra Bethânia". Sopros adornam este samba.

Os ótimos arranjadores Leandro Braga e Pedro Jóia embalam com sofisticação e suavidade o repertório autoral de Olivia. A questão é que nenhuma composição da safra com o poeta português roça a beleza melódica de Clarão, feita pela artista com o saudoso poeta Cacaso (1944 - 1987) - nos tempos em que Olivia era compositora bissexta - e regravada no CD com elegante arranjo de Pedro Jóia. Contudo, vale destacar Sapatilhas de Ponta, música de atmosfera teatral, gravada com coro. É a faixa que encerra o arriscado disco autoral da artista. E, na Arte, às vezes vale a pena correr riscos do que ficar pisando com segurança em terrenos já bem explorados...

1 de julho de 2007

Marisa reluz aos 40 anos de vida e 20 de música

Marisa Monte faz 40 anos neste domingo, 1º de julho. Suas quatro décadas de vida coincidem com os 20 anos de carreira exemplar - tomando-se como ponto de partida o seminal show no Jazzmania, em 1987, que detonou toda a explosão da mídia em torno de seu nome (a rigor, ela fizera em 1985 gravação juvenil para a trilha do filme Trop Clip). Alvo de adoração por parte do público e dessa mesma mídia, mas também da raiva destilada na mesma intensa proporção pela outra banda que desdenha seu sucesso e a maneira firme como conduz sua carreira, Marisa Monte sempre foi padrão e referência para todas as cantoras surgidas a partir dos anos 90. Não somente pela voz, depurada com rigor estilístico já no show de 1987, mas pela forma como se manteve em cena nessas duas décadas, nunca se portando como celebridade, mas como artista.

E poucos artistas no Brasil sabem usar a mídia a seu favor, como Marisa Monte, sem abrir mão de sua privacidade. Ela fala somente o que quer. E quando quer. E, às vezes, não quis - como na ocasião do lançamento do álbum Tribalistas (2002), obra-prima, cujo valor salta aos ouvidos a cada ano, embora já fosse perceptível na primeira audição para quem não tenta resistir à beleza impressa na assinatura de Marisa Monte como compositora (em geral, em parceria com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown). É assinatura bem pessoal que ela começou a esboçar em seu segundo álbum, Mais (1991), desfazendo a aura de cantora eclética que teimava em pairar sobre o seu trabalho por conta de um disco de estréia estupendo, MM (1989), em que se dava ao luxo de harmonizar um samba de Candeia, um rock dos Titãs e um xote de Luiz Gonzaga, entre outras pérolas recolhidas com o bom gosto que iria nortear sua carreira nos palcos, nos discos e na produção de CDs alheios.

Universo Particular - show que está de volta ao Rio de Janeiro para temporada na casa Vivo Rio - é exemplo da capacidade desta artista de se reinventar em cena sem afrouxar seu eixo estético. É show mais íntimo e refinado em que a cantora se integra à banda como um músico - com direito a uma luz cinematográfica que já serve de referência para outros artistas. E a platéia entra no jogo de Marisa, consumindo, embevecida, um show que talvez achasse até hermético se outra cantora, menos segura, estivesse em cena.

Em outras palavras, Marisa Monte não segue tendências. Ela é que determina tendências que serão seguidas - de forma assumida ou velada - por outras cantoras. Vale lembrar que bastou escapar a notícia, em outubro de 2005, de que a artista iria apresentar dois discos simultâneos para que outras intérpretes - inclusive Maria Bethânia - anunciassem idéia similar. Enfim, aos 40 anos de vida e 20 de música, Marisa Monte reluz... Há quem detecte marketing (ou até antimakerting...) em seu sucesso. Particularmente, ainda inebriado pela sedução infinita do show Universo Particular, atualmente mais solto e mais pop (no final), sem prejuízo de sua estética cool, aponto sua música - situada em algum ponto entre a simplicidade e a sofisticação, a tradição e a modernidade - como o fator primordial para o brilho permanente da diva nesses 20 anos.

'Discoteca MTV' reitera futurismo dos Mutantes

Resenha de programa de TV
Título: Discoteca MTV - Os Mutantes (Os Mutantes, 1968)
Exibição: MTV
Data: 29 de junho de 2007
Cotação: * * *

Rita Lee não quis falar, mas, mesmo assim, marcou presença com depoimentos extraídos do programa Álbum MTV - exibido em 2001. Em contrapartida, os irmãos Arnaldo e Sérgio Dias Baptista não esconderam o justificado orgulho ao falar do álbum de estréia dos Mutantes, Os Mutantes, enfocado no 11º programa da série Discoteca MTV, idealizada para esmiuçar a gênese de 12 títulos essenciais da discografia pop brasileira. "Foi a gente encontrando o que estava sonhando há muito tempo", poetizou Arnaldo. "Foi a própria deflagração da Tropicália", resumiu Carlos Calado, autor da melhor biografia do trio, A Divina Comédia dos Mutantes.

Mentores do Tropicalismo, Caetano Veloso e Gilberto Gil tiveram sua importância na obra e na história dos Mutantes devidamente reconhecida por Rita Lee e Sérgio Dias. "MPB não era a nossa trip, mas, quando Gil nos mostrou Domingo no Parque...", lembrou o guitarrista, ressaltando seu impacto com a harmonia da música de Gil. "Era rock psicodélico de primeira categoria, uma revolução de timbres", elogiou o baixista do Skank, Lelo Zaneti, um dos músicos da nova geração que reiteraram o pioneirismo dos Mutantes. "Eles servem de espelho e continuam relevantes", depôs Pitty, sucinta.

Moderna ainda hoje, a estética futurista apresentada em 1968 pelo trio no seu álbum de estréia teve a colaboração do genial maestro Rogério Duprat (1932 - 2006), devidamente reverenciado no bom programa. "Mutantes não eram somente os três", sentenciou, com razão, o produtor Manoel Barenbein, que lembrou também que a faixa Panis et Circensis foi orquestrada como radionovela. Enfim, um disco de fato clássico que - como ressaltou Rita na entrevista de 2001 - já nasceu à frente de seu tempo. Assim como o grupo...

Grunge de Cornell perde peso no CD 'Carry on'

Resenha de CD
Título: Carry On
Artista: Chris Cornell
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * *

Segundo CD solo do vocalista da extinta banda americana Soundgarden, Carry on bem poderia indicar um novo rumo para Chris Cornell, já que seu último grupo, Audioslave, também se dissolveu no início do ano. Mas tudo o que Cornell parece não ter é um rumo dentro do universo pop, a julgar por Carry on. O seu grunge perde peso entre rocks já influenciados pelo BritPop, baladas (Safe and Sound e Rods We Choose) e um tema de batida mais funkeada (She'll Never Be your Man). Paira acima de tudo a releitura demolidora de Billie Jean. Um dos petardos do histórico álbum Thriller (1982), de Michael Jackson, Billie Jean renasceu com outra cara e outro ritmo (sem a batida dançante do autor) em reconstrução realmente impressionante. Só que a faixa não basta para recomendar o solo de Cornell, que já esteve mais inspirado como compositor - ainda que, como cantor, permaneça excelente.

Moura toca samba 'da lata', à moda nordestina

Resenha de CD
Título: Samba de Latada
Artista: Josildo Sá
& Paulo Moura
Gravadora: Rob Digital
Cotação: * * *

O samba é da lata, como diria Fernanda Abreu, mas não vem unido ao funk à moda carioca. A receita de samba seguida no CD de Paulo Moura e Josildo Sá tem sabor nordestino. Samba de Latada recupera o samba tocado e cantado com espírito de forró - com direito à sanfona, triângulo e zabumba. O álbum reafirma a versatilidade do toque do clarinete de Moura - frenético no tema instrumental Pro Paulo e vivaz nas músicas cantadas por Josildo (forrozeiro do sertão de Pernambuco) no tom misto de samba e forró. Nega Buliçosa é um dos destaques. Além de trazer o Forró de Mané Vito (de Luiz Gonzaga e Zé Dantas) para o bom clima do álbum, a dupla apresenta parcerias de Josildo Sá com Anchieta Dali, compositor de sambas adequados ao conceito do trabalho. Entre eles, Quixabinha. Nem todos são inspirados, mas nem por isso o CD deixa de ser da lata e de reiterar a verve do clarinetista.