20 de janeiro de 2007

Documentário sobre Clara chega à tela até 2008

Em tese já em fase final de produção, o bem-vindo documentário sobre Clara Nunes deverá chegar aos cinemas até abril de 2008, quando fará 25 anos da morte da cantora (em foto de Wilton Montenegro). Os diretores Rodrigo Alzuguir - também roteirista do filme - e Suzanna Lira vieram colhendo nos últimos anos depoimentos de nomes como Bibi Ferreira, Chico Buarque, Marisa Monte e Nana Caymmi. O filme tem o fundamental aval de Paulo César Pinheiro (viúvo da artista).

Discos do auge do Creedence voltam ao catálogo

(Ótimo) quarteto liderado pelo guitarrista John Fogerty, o Creedence Clearwater Revival tem quatro discos de sua fase áurea reeditados no mercado brasileiro pela Universal Music. Os álbuns integram coleção produzida com base nos arquivos da gravadora americana Concord Music, que detém o catálogo do selo Fantasy, por onde saíram originalmente Creedence Clearwater Revival (capa à direita, disco de estréia do grupo, gravado em 1968), Bayou Country (1969), Cosmo's Factory (1970) e a (funcional) coletânea Chronicle: The 20 Greatest Hits (1976).

João traz pop de Sade para o universo brasileiro

Resenha de CD
Título: João Canta

Sings Sade
Artista:
João Pinheiro
Gravadora: Sala de Som
Cotação:
* *

A cuíca percutida por Fabiano Salek na boa introdução de No Ordinary Love soa como uma carta de intenções deste disco do cantor João Pinheiro, dono de certo nome na noite carioca. A (boa) idéia foi trazer 10 músicas da obra sensual da compositora nigeriana Sade para o universo musical brasileiro. Se o hit Smooth Operator ganha bela textura de new bossa, Love Is Stronger than Pride vira ciranda de tom afro enquanto Kiss of Love ganha uma insuspeita levada de xote. O problema de João Canta Sings Sade é que, às vezes, os arranjos do produtor André Agra se limitam a patinar no terreno do exotismo. Se Paradise até desce razoavelmente bem como eletrosamba, By your Side vira forçado afoxé e Somebody Already Broke my Heart tenta sem sucesso reproduzir a pulsação de um tango. Quando a boa idéia funciona (como em Your Love Is King, transformada em canção de ninar sem alteração da suavidade típica de Sade), o CD fica interessante.

Nei Lisboa grava à gaúcha tema do grupo Oasis

O cantor e compositor gaúcho Nei Lisboa (visto acima em foto de Cristine Rochol) apresenta releitura de música do grupo britânico Oasis - The Importance of Being Idle, do álbum Don't Believe the Truth (2005) - em seu disco Translucidação, editado em dezembro. Apesar da releitura deste sucesso do BritPop que faz referência no título a uma peça de Oscar Wilde, o repertório é basicamente formado por inéditas de autoria de Nei. Entre elas, Confissão e Tropeço. O compositor é cultuado no cenário gaúcho.

19 de janeiro de 2007

25 anos sem Elis - Aumenta a saudade do Brasil

Faz hoje - 19 de janeiro de 2007 - 25 anos que Elis Regina partiu num rabo de foguete rumo à eternidade concedida somente às vozes imortais. Falar em morte, no caso, nem é apropriado. Pois, por mais clichê que seja, Elis vive! Talvez mais adorada do que em vida - fato que a cantora, perspicaz, de certa forma até previu no texto que encerra o terceiro vídeo da caixa de DVDs Elis, editada pela EMI. Ao afirmar sua crença numa sobrevivência espiritual, a Pimentinha lamentou o fato de as pessoas, em geral, serem mais queridas após a morte. O que aconteceu com ela. Talvez porque, quando estava viva, Elis Regina (em foto de divulgação da EMI) tenha exercido um temperamento sincero e explosivo que, em um momento ou outro, tirou o foco de sua grandeza artística e vocal - reafirmada nos CDs e DVDs que estão sendo despejados nas lojas pelas gravadoras para lucrar com a saudade imensa que o Brasil sempre sentiu da doce pimenta. Definitivamente, Elis Regina vive.

25 Anos sem Elis - Jóias de alto quilate na caixa

Dentre (todos) os lançamentos idealizados para lembrar os 25 anos de morte de Elis Regina, a caixa Elis - da EMI - é o mais importante por trazer para o formato digital um material vasto e rico que apodrecia no arquivo da Band. Os três DVDs reúnem 51 números musicais de especiais e de programas exibidos pela TV Bandeirantes entre 1973 e 1981. Ainda que a imagem apresente qualidade às vezes oscilante, por conta do estado das fitas originais, o áudio (em 2.0 e também em 5.1) é ótimo e valoriza a caixa produzida por Roberto de Oliveira, o diretor dos 12 episódios da série de TV Chico Buarque, editados em DVD em quatro caixas.

O DVD 1, Na Batucada da Vida, inclui tributo da Pimentinha a Sapoti. "Ângela Maria foi o meu modelo", sentencia Elis, antes de entoar Vida de Bailarina, sucesso da colega que moldou seu canto no início da carreira. Em takes de 1973, Elis recita com densidade poema de Augusto Frederico Schmidt, Retrato do Desconhecido, e reafirma seu suingue em números como Ladeira da Preguiça e É com Esse que Eu Vou. Em clima bem mais íntimo, canta com César Camargo Mariano - o seu marido e maestro na época - músicas do quilate de Tatuagem, Atrás da Porta e Águas de Março. O carinho transmitido a Mariano pela cantora através de olhares, enquanto canta Tatuagem, transparece de outra forma na maneira afetuosa com que Tom Jobim ensina à cantora Na Batucada da Vida, a bela música de Ary Barroso e Luiz Peixoto que abriu o álbum Elis, de 1974. Em seguida, a edição corta para a mesma música de Ary, em posterior gravação de 1978. Elis aprendia rápido e virava mestra.

O segundo DVD - Doce de Pimenta - começa com sete números feitos por Elis em 1974, na inauguração do Teatro Bandeirantes, em São Paulo (SP). Na presença de uma calorosa platéia, a cantora interpreta clássicos como Triste, Saudades dos Aviões da Panair (Conversando no Bar) e O Mestre-Sala dos Mares antes de receber um tímido e opaco Chico Buarque para um dueto em Pois É. O DVD perpetua também encontros memoráveis de Elis como João Bosco (em Plataforma), Adoniran Barbosa (com quem a Pimenta revive Iracema em botequim e com quem passeia pelas ruas de Sampa ao som de Saudosa Maloca) e Rita Lee, autora da música que batiza o especial. Doce de Pimenta foi feita em 1978 e gravada por Elis com Rita numa discoteca. Há também O Trem Azul, em número exibido em 30 de dezembro de 1981. Foi a última vez que Elis cantou na TV. Nos extras, há o áudio de entrevista concedida pela intérprete ao programa O Poder da Mensagem, da Rádio Bandeirantes. Dez!!!

O terceiro DVD, Falso Brilhante, é especialmente sedutor por trazer números do homônimo e performático show - o de maior sucesso na carreira de Elis Regina, que incorpora até uma Carmen Miranda (com direito a bananas no turbante e na cintura) quando canta Diz que Tem, Canta Brasil e Aquarela do Brasil. Há instantes intensos como os momentos em que Elis interpreta Cais e recebe uma iniciante Fátima Guedes, em 1978, para dueto em Meninas da Cidade. Os clipes de San Vicente (1978), Aos Nossos Filhos (1978) e Beguine Dodói (1976) são igualmente interessantes e não fariam feio na era da MTV. E há mais encontros com Milton Nascimento (Caxangá, 1976) e Tom Jobim (Céu e Mar, 1974). São jóias de alto quilate reunidas nesta caixa que faz jus à memória de Elis Regina!!!

25 Anos sem Elis - 'Falso Brilhante' reluz em 5.1

Nos mesmos moldes da edição em DVD-áudio do álbum Elis & Tom, lançada em 2004, a gravadora Trama apresenta Falso Brilhante - belo LP gravado por Elis Regina em 1976, com base no roteiro do show homônimo que estreou em fins de 1975 - com áudio 5.1. A edição é dupla como a de Elis & Tom, trazendo DVD com o áudio das 10 músicas do disco e CD remasterizado. O maior diferencial é que o ouvinte pode escutar falas de Elis e dos músicos no estúdio. Exemplo: a faixa Tatuagem começa, é interrompida e reinicia logo em seguida. Sons à parte, Falso Brilhante traz dois clássicos do repertório de Elis Regina: Fascinação e Como Nossos Pais. Outro destaque é Gracias a la Vida (o tema de Violeta Parra).

25 Anos sem Elis - Voltam os primeiros discos

Já está à venda, desde o fim de dezembro, um mimo essencial para colecionadores e para fãs de Elis Regina: a graciosa caixa Os Primeiros Anos, lançada pela Som Livre com reedições dos dois primeiros álbuns da cantora - então adolescente. Viva a Brotolândia (1961) e Poema (1962) retornam ao catálogo com embalagem digipack e as capas originais. São LPs da breve fase juvenil de Elis, que foi induzida pela extinta gravadora Continental a seguir o modelo de Celly Campello, a rainha do rock na época. Mas o fato é que, mesmo gravando versões adolescentes de rocks e canções americanas, Elis já se insinuava como a grande cantora que o Brasil descobriria em 1965. Já tinha técnica e graça.

18 de janeiro de 2007

Terceiro álbum de Joss Stone traz Lauryn Hill

Com lançamento já programado para 6 de março, o terceiro álbum de estúdio de Joss Stone (foto), Introducing Joss Stone, tem participação de Lauryn Hill na faixa Music. Outras músicas são Tell me 'Bout It (eleita o primeiro single pela gravadora EMI), Put your Hands on me, Arms or my Baby, Headturner, Tell me What We're Gonna Do Now e Girls, They won't Believe It. A produção é de Raphael Saadiq. O repertório é autoral (e inédito).

Embora afirme não renegar os seus estupendos álbuns anteriores (The Soul Sessions e Mind, Body & Soul, editados em 2003 e 2004), a cantora inglesa de soul tem dito que Introducing Joss Stone é o primeiro que traz realmente suas experiências, visão e gosto. Daí o título típico de álbum de estréia. Resta esperar março.

DVD de Gal sem o anunciado recado de Caetano

É, parece que a Trama não editou o DVD Gal Costa ao Vivo (foto) com todo o cuidado habitualmente perceptível nos lançamentos da gravadora paulista. Na contracapa do DVD, cuja tiragem inicial é de 10 mil cópias, há o anúncio de um depoimento de Caetano Veloso sobre a cantora. Mas o artista baiano não está entre os 22 nomes que mandam recados para Gal nos extras do vídeo. É chato...

Yuka paralisa atividades de seu grupo F.UR.T.O.

Pode ser que a Frente Urbana de Trabalhos Organizados já não tenha muito tempo pela frente... A notícia de que Marcelo Yuka decidiu interromper - por ora, provisoriamente - as atividades de seu grupo F.UR.T.O. (em foto de divulgação da gravadora Sony BMG) não chega a causar surpresa. Lançado em 2004 com toda pompa, por se tratar do disco de estréia da 'nova banda do Yuka', o álbum SangueAudiência não disse a que veio musicalmente. As letras foram petardos fortes contra a violência, o imperialismo norte-americano, a desunião da América Latina (Todos Debaixo do Mesmo Sombrero tinha até a intervenção de Manu Chao) e o preconceito. Mas, se havia ótimas idéias, faltava boas melodias à altura de um grupo que extrapolava o universo musical com seus projetos de inclusão social. Como já era bem previsível, o álbum não aconteceu. E de nada adiantou a parceria com Marisa Monte em Desterro. O grande público ignorou o disco.

O curioso é que Yuka decidiu paralisar o F.UR.T.O. - ainda que em caráter temporário - no momento em que há especulações sobre a dissolução do grupo O Rappa e o - conseqüente - lançamento do vocalista Falcão em carreira solo. Falcão já desmentiu a crise do Rappa. Mas o fato é que O Rappa era mais interessante com Yuka. E Yuka era mais interessante com o Rappa. O grupo tem se saído melhor do que Yuka após a traumática separação. Mas a luxuosa produção do disco O Silêncio Q Precede o Esporro (2003) e as anêmicas inéditas do Acústico MTV (2005) não conseguiram disfarçar que Yuka tem feito falta ao Rappa... assim como o Rappa também tem feito falta a Yuka. Mas a reconciliação é improvável...

Estrelas do 'cover' resistem e gravam em 2007

Apesar da curva bem descendente de vendas de seus discos, as duas maiores estrelas brasileiras dos projetos de covers continuarão lançando CDs e DVDs em 2007. Emmerson Nogueira (em foto de divulgação da gravadora Sony BMG) grava seu primeiro DVD em show restrito a convidados e fãs - agendado para a próxima quarta-feira, 24 de janeiro, em São Paulo. Na companhia de sua banda Versão Acústica, Nogueira vai reviver os principais covers feitos em seus seis CDs (o último saiu em 2005 e foi dedicado à obra dos compositores do Clube da Esquina). O lançamento está previsto para março. Sairá em DVD e em CD (o segundo ao vivo do artista).

Já Danni Carlos - agora morena e com visual repaginado - planeja nada menos do que dois CDs para 2007!!! Além de novo disco de covers (com regravações de sucessos de Bob Marley, Iron Maiden e Pink Floyd), a cantora vai fazer seu sonhado álbum de repertório autoral - com músicas como Arcanjo, Cinema e Olhos de Serpente.

17 de janeiro de 2007

Olivia Hime valoriza as palavras de Ruy Guerra

Resenha de CD
Título:
Palavras de Guerra
Artista:
Olivia Hime
Gravadora:
Biscoito Fino
Cotação:
* * *

Diretor de filmes importantes como Os Cafajestes (1962) e Os Deuses e os Mortos (de 1970), o cineasta Ruy Guerra iniciou sua militância na música brasileira nos anos 60, quando se enturmou no CPC (o engajado Centro Popular de Cultura da UNE) com compositores então iniciantes como Carlos Lyra e Edu Lobo. Algumas parcerias de Guerra com estes autores são revividas por Olivia Hime no disco Palavras de Guerra, terceiro trabalho da cantora na Biscoito Fino, a gravadora na qual exerce a função de Diretora Artística. O álbum de 17 faixas é inteiramente dedicado à obra musical de Guerra como letrista. É uma ótima idéia de Olivia!

Da lavra do cineasta com Lyra, a cantora entoa a marcha-rancho Entrudo. Da produção com Lobo, vem músicas como Em Tempo de Adeus, faixa de tom camerístico que apresenta a voz profunda e cavernosa de Guerra no poema Tigrana. Aos 75 anos, o artista tributado também dá o ar da graça ao recitar Fortaleza, tema da trilha da peça Calabar, composta por Guerra com Chico Buarque em 1973. São dessa bela trilha - a parcela mais conhecida da obra musical do cineasta - canções louvadas e entoadas até hoje como Tatuagem (que ganha regravação corriqueira que se ressente da comparação com o registro de intérpretes mais passionais como Maria Bethânia ou técnicas como Elis Regina) e Bárbara, cuja boa releitura consegue soar até interessante pela sacada de Olivia de convidar sua colega e xará Olivia Byington para dueto nessa linda música que retrata - poeticamente - a paixão entre duas mulheres.

Em ótima forma vocal, Olivia Hime confere unidade a músicas de tempos e parceiros distintos. A uniformidade vem dos arranjos de Francis Hime e da percussão muito personalíssima da baiana Edith do Prato, que abre o disco - em Jogo de Roda, uma outra parceria de Guerra com Edu Lobo - e o fecha, deslocando para o Recôncavo Baiano Esse Mundo É meu. Este tema feito com Sérgio Ricardo é o marco inicial da militância musical do cineasta (de Moçambique).

O prato de Edith caiu bem, mas é detalhe charmoso de CD pautado pelas tradições da MPB em faixas como Último Retrato (entoada por Olivia em dueto com Francis Hime, co-autor do tema) e Ode Marítima (outra parceria com Francis, adornada pela harpa de Cristina Braga). Da vasta parceria de Guerra com Francis, aliás, vem a única inédita: o samba Corpo Marinheiro, gravado com o (luxuoso) auxílio vocal de Nilze Carvalho. O samba se impõe no repertório pela beleza e pela harmonia do dueto. Já vale o álbum!!

Música mais conhecida da parceria de Francis com o cineasta, Minha ganha o toque virtuoso dos violões do Quarteto Maogani, autor do arranjo. Já Meu Homem quase vira tango no compasso do acordeom de Marcos Nimrichter. Pena que a intérprete não abordou a obra composta por Guerra com Milton Nascimento para oferecer painel mais abrangente da produção musical do cineasta. Até porque faixas como Último Canto e Corpo e Alma soam dispensáveis no repertório. Mas, em essência, Olivia Hime valoriza as palavras de Ruy Guerra num trabalho refinado e denso.

DJ Mau Mau arrisca vocais no segundo álbum

Em seu segundo álbum solo - Art, Plugs and Soul, nas lojas em fevereiro pela Trama - o DJ Mau Mau (em foto de divulgação de Bruno Miranda) arrisca soltar a voz nas faixas Globalization, See me e Destruição. A idéia do DJ foi usar samples de maneira pouco convencional, criando batidas e atmosferas mais intimistas, sem a preocupação de fazer música para as pistas. Para estas, há quatro inéditos remixes do repertório, dispostos em mp3 ao fim do disco.

Produzido pelo próprio Mau Mau, com a colaboração de Franco Junior, com quem o DJ já integrou o grupo eletrônico M4J, o CD Art, Plugs and Soul reúne as participações de Anna Gelinskas (vocais em Perfect Blur e 9997), Eliana Dias (co-autoria e vocais em How to Find) e Carlos Dias (co-autoria e vocais em That's It).

Três DVDs e um CD festejam os 60 de Rita Lee

Além de disco de inéditas, Rita Lee (em foto de divulgação de Beti Niemeyer) vai festejar seus 60 anos - a serem completados em 31 de dezembro de 2007 - com caixa com três DVDs que trarão três documentários sobre sua vida e obra. O lançamento está previsto para maio e será feito pela gravadora Biscoito Fino. O diretor dos filmes, Roberto de Oliveira, vai captar imagens do show gratuito que a roqueira fará na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, no sábado, 20 de janeiro, substituindo o cantor britânico Elton John.

Por conta do sucesso comercial da coleção documental de Chico Buarque, editada pela gravadora EMI em quatro caixas com três DVDs, virou moda no mercado fonográfico a produção de filmes sobre astros da música. A mesma EMI lança esta semana a caixa Elis para faturar com a saudade do Brasil no 25º aniversário de morte da imortal cantora, ocorrrida em 19 de janeiro de 1982. Na seqüência, a Biscoito Fino põe nas lojas a luxuosa caixa Maestro Soberano para saudar os 80 anos que Tom Jobim faria em 25 de janeiro. As produções têm a grife do diretor Roberto de Oliveira.

Mautner refaz sua geléia geral em tom moderno

Resenha de CD
Título:
Revirão
Artista:
Jorge Mautner
Gravadora:
Geléia Geral

/ Warner Music
Cotação:
* * *

Em seu novo CD de inéditas Revirão, editado por selo de Gilberto Gil, Jorge Mautner refaz sua geléia geral com o moderno auxílio da turma carioca liderada por Berna Ceppas e Kassin, produtores do disco. Revirão é o sucessor de Eu Não Peço Desculpa - o álbum de 2002 dividido pelo artista com Caetano Veloso - e apresenta um repertório palatável (porém fiel aos cânones da obra de Mautner).

Sempre na tênue fronteira que separa o brega do chique, o autor de Maracatu Atômico - parceria com Nelson Jacobina, lançada por Gilberto Gil num compacto de 1973 – desfia seus conceitos filosóficos com fiapo de voz que impossibilita sua caracterização como um cantor. Mas, na geléia tropicalista, insuficiência vocal pode ser compensada com atitude. E esta, Mautner tem de sobra. Seja revivendo uma antiga canção de amor com Caetano Veloso, Estilhaços da Paixão, composta em 1958. Seja caindo no samba Ao Som da Orquestra Imperial, tema em tributo à big-band que anima bailes carnavalescos no Rio. Ou mesmo evocando em tom lúdico o tecnobrega paraense em Olha Só Quem Passa, música na fronteira rítmica entre o merengue e o carimbó. Faixa desce bem!!

Entre rock romântico (Ressurreições, inédita parceria com o fiel escudeiro Nelson Jacobina) e arretado frevo (Juntei a Fome com a Vontade de Comer!, que traz a voz miúda de Preta Gil), Mautner apresenta duas inéditas parcerias com Gilberto Gil. A melhor delas é Os Pais, boa balada de sotaque pop em que os autores filosofam sobre contradições dos pais na condução da educação dos filhos. De menor inspiração melódica, o samba Outros Viram rebobina uma visão ufanista do Brasil com direito a citações de profecias de nomes como o poeta Walt Withman (1819 - 1892). Sim, pois CDs de Mautner até pecam pelo excesso de informação - nunca pela falta.

16 de janeiro de 2007

Fagner ganha coletânea em série de hits de TV

A gravadora Som Livre decidiu criar uma variante da série Novelas - já intituladaTeletema - para abranger também sucessos de minisséries e de outros programas da Rede Globo. A boa compilação dedicada a Fagner é a primeira da nova coleção. O CD (foto) reúne 14 hits do cantor propagados em tramas globais. A seleção vai de Noturno (Coração Alado, 1980) a Custe o que Custar (Sinhá Moça, 2006), passando por Pensamento (Final Feliz, 1982), Amor Escondido (Tieta, de 1989), Pedras que Cantam (Pedra sobre Pedra, 1992) e Dezembros (Da Cor do Pecado, de 2004).

'Maestro Soberano' é o título da caixa de Jobim

Maestro Soberano é o título da caixa (foto) que traz três DVDs idealizados pela gravadora Biscoito Fino para comemorar os 80 anos de nascimento de Tom Jobim, em 25 de janeiro. São três documentários (Chega de Saudade, Águas de Março e Ele É Carioca) dirigidos por Roberto de Oliveira com narrações de Nelson Motta, Chico Buarque e Edu Lobo. Ao todo, os três filmes entrelaçam suas narrativas com 47 números musicais.

Especial 'Xuxa 20 Anos' vira DVD via Som Livre

Transmitido pela Rede Globo em 2006, o programa Xuxa 20 Anos - no qual a apresentadora passou em revista suas duas décadas na emissora de TV carioca - já está chegando às lojas em DVD pela gravadora Som Livre. Um dos números é o reencontro com 21 paquitas. Elas cantam Ilariê - o maior hit da carreira fonográfica de Xuxa - e ainda recordam momentos do programa Xou da Xuxa. Ivete Sangalo - que chegou a comandar o programa Planeta Xuxa quando a apresentadora estava de licença-maternidade - revive seu sucesso Festa no especial. Já Sasha - a filha de Xuxa - entoa Lua de Cristal com sua mãe coruja.

Solo opaco empalidece toque do sax de Samuel

Resenha de CD
Título: Samuel de Oliveira
Artista: Samuel de Oliveira
Gravadora: Independente
Cotação: * *

Saxofonista (exímio) do grupo Tira Poeira, Samuel de Oliveira arrisca a carreira solo com CD - independente - em que assina músicas, arranjos e produção. O resultado vai decepcionar os que conhecem o virtuosismo do músico no grupo de choro. Em disco opaco, a técnica exemplar do saxofonista disputa e perde atenção com músicas que não chegam a conquistar. O ritmo que domina o repertório é o samba, presente em faixas como Olha Quem Sorriu e Mulato da Lapa (com vocais que remetem ao grupo MPB-4), só que o álbum tangencia o pop, o blues e - até - o cancioneiro brega.

Além de não ter tanto recurso vocal para se lançar como cantor, Samuel de Oliveira se impõe mais como letrista (os versos de A Verdade Gira parecem até poesia...) e arranjador do que como melodista. Falta uma grande música no disco. Entre partido alto (Rosa Branca na Maré), balada (Eterno Retorno) e até um tema próximo do universo do rock (RioQanaNazaré), paira a sensação de que o álbum cresceria se Samuel de Oliveira tivesse buscado parceiros para suas composições - como arregimentou ótimos músicos (entre eles, o flautista Dirceu Leite) para a execução de seus (bons) arranjos. Por ora, parece cedo para a caminhada solo.

15 de janeiro de 2007

Robbie lança seu 'Confessions on a Dance Floor'

Resenha de CD
Título: Rudebox
Artista:
Robbie Williams
Gravadora:
EMI Music
Cotação:
* * *

Em seu sétimo CD, Intensive Care (2005), Robbie Williams começou a dar grande sinal de cansaço como compositor. Se houve lampejo de inspiração na balada Advertising Space, que evocava o estilo de Elton John, o britânico Williams chegou a soar constrangedor ao imitar o estilo dos Rolling Stones no rock A Place to Crash. O astro quis arriscar álbum bem mais íntimo e pessoal com inspiração em Louise, um sucesso de 1984 do grupo Human League. Pois a mesma Louise ganha segundo cover consecutivo do artista inglês em seu oitavo disco solo, Rudebox, cujo lançamento no Brasil, previsto pela major EMI Music para 25 de novembro, acabou acontecendo oficialmente (e tardiamente...) neste início de 2007.

Coube a William Orbit - o produtor que sedimentou a incursão de Madonna pela música eletrônica - pilotar a releitura de Louise em Rudebox. Sem falar em Summertime, uma das primeiras músicas compostas por Williams em carreira solo. A escolha de Orbit não foi aleatória. Neste álbum, o cantor segue os passos de Madonna rumo ao som das pistas. Se Lovelight (cover do repertório soul de Lewis Taylor) remete aos tempos da disco music, The Actor flerta com o eletro em sintonia com o clima dance imperante no álbum. Às vezes, há adição da batida do rap, como em Good Doctor, mas Rudebox é, em essência, o Confessions on a Dance Floor de Robbie Williams. Até a dupla Pet Shop Boys marca boa presença, duplamente, nas faixas She's Madonna e We're the Pet Shop Boys.

Eclético, Williams leva até músicas de Manu Chao (Bongo Bong e Je ne T'aime Plus) para o universo das pistas. Sintomaticamente, não há uma balada no estilo Angels - regravada numa versão em português pelo trio KLB em 2005 - neste renovador CD Rudebox.

Sai em fevereiro DVD com show do RBD no Rio

Exibida no Brasil pelo SBT, a novelinha juvenil Rebelde já vem dando sinal de desgaste no Ibope. Só que a EMI Music ainda investe no lançamento de CDs e DVDs do grupo RBD. Mal pôs nas lojas as edições em português e espanhol do disco Celestial, a gravadora anuncia - para fevereiro - a chegada às lojas do DVD Live in Rio (foto), que perpetua o show feito pelo RBD no estádio do Maracanã, em 8 de outubro de 2006, encerrando a turnê que levou o grupo para 12 capitais brasileiras.

DVD mapeia a carreira solo de Robbie Williams

Pegando uma carona no lançamento do nono CD de Robbie Williams, Rudebox, a EMI põe nas lojas do Brasil belo DVD duplo que exibe retrospecto da carreira solo do ex-integrante do grupo Take That. And Through It All - Robbie Williams Live - 1997 / 2006 (foto) refaz a trajetória individual do cantor inglês através de mais de 50 registros ao vivo, reunindo aparições em programas de TV (como o Late Show comandado por David Letterman nos EUA), números de shows (inclusive do primeiro, feito em Paris em 1997) e uma sessão de gravação mais intimista no estúdio Abbey Road, em Londres. O DVD foi lançado em novembro no exterior, simultaneamente com o CD Rudebox.

Cristina corteja Brasil folclórico com sua harpa

Cristina Braga (em foto de divulgação de Paulo Rodrigues) insere a harpa - instrumento sempre associado ao universo erudito - na seara da música popular brasileira em seu recém-lançado álbum Cortejo. Na faixa-título, parceria de Cristina com seu produtor Ricardo Medeiros, a harpista transita por ritmos folclóricos como jongo e maculelê, com ótimas intervenções vocais e percussivas dos grupos Jongo de Arrozal, Jongo de Pinheiral e Maculelê de Vassouras, oriundos da região de Vale do Café, no sul do Estado do Rio de Janeiro. É a estréia em disco destes grupos fluminenses.

Ao som de cordas e tambores, Braga toca modinha do século 19 (Nhapopé), canção dos negros do Recôncavo Baiano (Cantilena, recolhida por Villa-Lobos) e temas autorais, além de músicas de Tom Jobim (O Que Tinha de Ser, parceria com Vinicius de Moraes) e Baden Powell (Apelo - outra feita em parceria com o Poetinha).

14 de janeiro de 2007

Duas coletâneas de axé disputam fãs do gênero

Estação (mais) propícia para o consumo do pop afro-baiano, o verão é sempre o período escolhido pelas gravadoras para lançar coletâneas de axé music. Duas compilações já chegam às lojas neste janeiro para disputar a atenção dos fãs do gênero. Axé Bahia 2007 (foto), da gravadora Universal Music, corteja com Berimbau Metalizado, gravação de Ivete Sangalo inédita em disco (a faixa foi lançada em novembro apenas na internet). Entre as 20 músicas, há fonogramas de Luiz Caldas (Vaza, em registro ao vivo dividido com Durval Lelys), Vixe Mainha (Beija-Flor) e Babado Novo (Bola de Sabão). A faixa Ó Paí, Ó junta Caetano Veloso e Jauperi. É tema do filme (homônimo) que Monique Gardenberg lançará em março.

Já a EMI - a gravadora que mais vinha investindo em axé music na gestão do (demitido) presidente Marcos Maynad - contrapõe com É Mais Axé 2007, que destaca gravações de Margareth Menezes (Caminhão de Alegria), Olodum (Acima do Sol), Carla Visi (Nunca É Tarde) e Timbalada (Consumo Responsável) - entre outros hits.

Renata Arruda planeja dois discos para 2007...

Renata Arruda - à direita numa foto de divulgação de Joaquim Nabuco - pretende gravar dois discos em 2007. Um CD seria mais voltado para os gêneros nordestinos. O outro teria tom bem mais pop - com canções autorais e (algumas) releituras. Os dois projetos de Arruda se inserem numa onda de álbuns gêmeos de cantoras - deflagrada por Marisa Monte e já seguida por Maria Bethânia e Ana Carolina.

Riba canta a perplexidade do Nordeste urbano

Resenha de CD
Título:
Reprocesso
Artista:
Zé de Riba
Gravadora:
Urban Jungle

Records / Tratore
Cotação:
* * * 1/2

Em 2001, quando lançou seu Seda Pura, um disco de tom mais pop, Simone fez a crítica prestar atenção na poesia crua e sem meias palavras de Zé de Riba, o compositor nordestino que assinava duas das melhores faixas do álbum, www.sem e Fuga nº 1. As duas músicas estão no primeiro disco de Riba, Reprocesso, que confirma a qualidade de sua produção autoral, já evidenciada no CD de Simone. Fuga nº 1 - em especial - ainda causa incômodo.

"Sabe Alencar tá uma falta de ar / Não se sabe ao certo ou errado / Onde isto vai parar?", questiona Zé de Riba em Sabe Alencar - em clima melancólico. O compositor retrata bem a perplexidade que norteia a humanidade no caos social dos tempos atuais. Riba canta a desorientação popular sob a ótica de um Nordeste mais urbano. Os sons que saem de Reprocesso são contemporâneos. A grande vivacidade rítmica nordestina está presente na faixa-título e em temas como Oito Pilha Hum Real, espécie de embolada turbinada pelos vocais dos rappers Funk Buia e Gaspar, do grupo Z'África Brasil. A propósito, a matriz africana molda a (ótima) faixa Banto.

"Mais vale um covarde vivo do que um herói morto", prega Riba no hilário Samba da Dalgiza. Entre sambas e um dub (Juvenal), Riba radiografa as loucuras da vida urbana com inspiração. Ele já está para o (seu) Nordeste assim como Pedro Luís está para o Rio.

Turnê 'Wildflower', de Sheryl Crow, sai em DVD

Embora ainda seja muito associada ao hit Run Baby Run, de 1993, Sheryl Crow tem seguido uma carreira regular nos Estados Unidos. Recém-lançado no Brasil, o DVD Wildflower Tour - Live from New York (foto) capta a turnê do último disco da cantora e compositora americana - o tristonho Wildflower (2005). Run Baby Run abre um roteiro de 15 números. Em clima folk, meio agridoce, Crow apresenta músicas como I Know Why, Chances Are (a obra-prima do repertório do álbum anterior) e Everyday Is a Winding Road (hit de seu segundo CD, de pegada roqueira). Traz duas faixas-bônus, Perfect Lie e Mississipi, só que nenhum extra.